O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade de Brasília aprovou, em reunião na última sexta-feira (26), uma nota em que manifesta preocupação com a situação orçamentária da instituição. No posicionamento, os conselheiros criticam a política orçamentária do governo federal, que "poderá produzir danos irreversíveis ao ensino de graduação e pós-graduação" e "à produção de novos conhecimentos por meio das pesquisas".
A nota sobre a situação orçamentária foi uma iniciativa de diretores de unidades acadêmicas participantes da Câmara de Planejamento e Administração (Cplad). Na última reunião deste colegiado, em 16 de agosto, foi estabelecido o retorno de 30% do crédito orçamentário destinado a institutos, faculdades e setores administrativos, uma vez que a Universidade ainda está com o mesmo percentual de seu orçamento bloqueado pelo governo – o que equivale a cerca de R$ 48,2 milhões.
"Nos comprometemos, à medida em que houver o desbloqueio, se houver, a retornar os valores para as áreas", disse a decana de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional, Denise Imbroisi.
A reitora Márcia Abrahão informou que o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, disse aos reitores que o desbloqueio deve ter início a partir de setembro. "O secretário esteve na última reunião da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e também falou sobre o orçamento de 2020 para as universidades. Segundo ele, serão mantidos os mesmos patamares do orçamento de 2019", detalhou.
A gestora também deu informes sobre a comunicação com o MEC sobre o Future-se. Depois da análise feita pelo Consuni, no início do mês, a administração encaminhou e-mail com considerações ao Ministério, atendendo a um pedido da própria pasta. "Também estivemos junto a um grupo de trabalho criado na Câmara dos Deputados falando sobre a análise técnica feita pela UnB", comentou.
A professora Liliane Machado, representante da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), leu carta da entidade com um alerta aos "ataques contra a educação pública brasileira". Ela também fez uma convocatória para a plenária unificada dos três segmentos sobre o Future-se, prevista para o próximo dia 4 de setembro. "É importante estimular a participação dos técnicos nas discussões, uma vez que essa proposta afeta não apenas a vida acadêmica, mas também o trabalho de todos os servidores", reforçou Suzana Xavier, diretora de Diversidade da UnB.
DOUTORADO – Durante a reunião, o Consuni também aprovou a criação do doutorado em Artes Cênicas, o primeiro do Centro-Oeste. "Este curso é resultado do trabalho de professores que produzem muito e estão conectados tanto às necessidades de nossos estudantes quanto à produção de conhecimento em artes cênicas", celebrou a diretora do Instituto de Artes, Fátima dos Santos.
Também foram aprovadas, por aclamação, as concessões de título de Professor Emérito a três docentes: Sylvia Ficher, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU); Maria Sueli Soares Felipe, do Instituto de Ciências Biológicas (IB); e Mário Diniz de Araújo Neto (in memoriam), do Instituto de Ciências Humanas (IH). Outro agraciado foi o escritor moçambicano Mia Couto, que estará na UnB em setembro, durante a Semana Universitária, e receberá o título de Doutor Honoris Causa.