ENTREVISTA

Neurocientista será o palestrante da edição noturna do #InspiraUnB, na quarta-feira (11). Evento é aberto ao público

Sidarta Ribeiro considera perigoso o movimento de distanciamento dos fatos e do pensar científico, presente nos dias atuais. Arte: Igor Outeiral/Secom UnB

 

O primeiro semestre letivo de 2020 da Universidade de Brasília começa na próxima segunda-feira (9). Como parte da programação de recepção à comunidade acadêmica, nos dias 10 e 11 de março acontece o #InspiraUnB. Neste ano, os palestrantes do evento de abertura são o líder indígena Ailton Krenak e o neurocientista Sidarta Ribeiro. Eles falam ao público diurno e noturno, respectivamente.

 

Na quarta-feira (11), às 18h30, no anfiteatro 9 do ICC, campus Darcy Ribeiro, Sidarta pretende compartilhar uma mensagem de valorização da ciência e da educação nacionais. “A ciência brasileira é responsável por grande parte do sucesso econômico do país, como por exemplo, todo o êxito da agricultura, que dependeu de melhoramento genético e de aprendizado sobre fixação de nitrogênio por bactérias", cita, referindo-se ainda à importância da interface entre universidades e empresas para a exploração de petróleo no Brasil.

 

Formado em Biologia pela Universidade de Brasília, o pesquisador esteve recentemente na instituição para falar sobre seu último livro, O oráculo da noite: a história e a ciência do sono. Mesmo com a Universidade em período de férias, o bate-papo na Livraria do Chico reuniu mais de 200 pessoas interessadas em discutir o papel determinante dos sonhos nas civilizações antigas. Por isso, a expectativa de público para a próxima quarta também é grande.

 

A Secretaria de Comunicação da UnB conversou com o convidado e traz para você algumas ideias de Sidarta Ribeiro sobre sonhos, ciência e o futuro do país.

 

Secom: Sidarta, você falará a jovens calouros durante o #InspiraUnB. Qual é a importância do sonho para quem acaba de entrar na Universidade, ainda mais em um contexto não tão favorável à instituição como o atual?

 

Sidarta Ribeiro: O sonho é fundamental para que a gente encontre alternativas, saídas, possibilidades que extrapolem os limites do que a gente consegue visualizar neste momento. Então, numa situação de crise como essa da universidade brasileira, é muito importante a capacidade de abstração, de devaneio, que são formas em vigília de estar sonhando. E, claro, do sonho dormindo, do sonho da noite, que permite descobrir soluções para problemas aparentemente insolúveis. Com certeza o nosso problema é solúvel, nós vamos resolver. Vamos nos desenvolver e vamos libertar a universidade brasileira para que ela possa alcançar toda sua potencialidade! Se as coisas ainda não deram certo é porque elas não terminaram.

 

Ainda falando em adversidades da ciência, como você percebe o impacto do crescimento de movimentos como terraplanismo e criacionismo no futuro do Brasil?

 

Estamos vivendo um momento muito crítico da ciência brasileira. Ela já trouxe o Brasil para um outro patamar de desenvolvimento e vem sendo solapada e destruída. Isso vai causar um prejuízo estratégico para o país. É preciso reverter este quadro. O terraplanismo, o anticientificismo, o anti-intelectualismo, a capacidade de negar fatos, é um sintoma desta época, dessa Torre de Babel da internet em que as pessoas estão se descolando dos fatos. Isso é muito perigoso para a humanidade, precisamos reverter esse quadro. Não é o fato de muitas pessoas acreditarem numa besteira que torna essa besteira menos besteira.

 

E que mensagem de encorajamento você pretende passar ao público que virá ao encontro da próxima quarta? 

 

A de que nós somos um país extremamente promissor, que tem uma construção de ciência, de tecnologia, de inovação e de cultura que vem de muitas décadas. Que nós temos, sim, muito a perder, mas também que precisamos lutar pelo Brasil. A inspiração que posso levar é de que as pessoas podem e devem sonhar com o desenvolvimento de suas carreiras no âmbito da academia em um país justo, igualitário. Para isso, nosso foco deve estar em reverter o atual curso das coisas, que vem nos afastando do caminho do desenvolvimento, da cultura, da educação.

 

Ficou interessado? Então programe-se para estar lá, no dia e na hora marcados. Quem não puder comparecer a esta e à outra aula inaugural, ministrada por Ailton Krenak, terá a chance de acompanhar as transmissões ao vivo pelo Facebook da UnBTV.

 

Saiba mais sobre os preparativos para o início do semestre na UnB:

>> Programação diversa marca abertura do semestre letivo

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.