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OPINIÃO

Marcelo Ximenes Aguiar Bizerril é professor e doutor em Ecologia pela Universidade de Brasília.

Marcelo Bizerril

 

Esse foi um ano desafiador para as instituições públicas de ensino superior no Brasil. Vivenciamos desde ataques difamatórios a cortes orçamentários que ameaçaram a conclusão do ano letivo. No entanto, as universidades públicas e institutos federais responderam à altura, contestando a situação posta e argumentando na mídia, nas ruas e nos espaços políticos. A UnB, particularmente, manteve suas prioridades nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, fazendo uma opção que logrou grande êxito, atenuando os graves impactos dos ataques sofridos.


O momento atual é de reunir forças para os desafios que nos aguardam em 2020. Uma oportunidade para isso será um encontro que começou a ser organizado em 2017, e agora chega à Universidade de Brasília: a 9ª Conferência FORGES.


O Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (FORGES) tem realizado conferências anuais desde 2011, que já passaram duas vezes por Lisboa, e ainda por Macau, Recife, Luanda, Coimbra, Campinas e Maputo. A 9ª Conferência será realizada na UnB nos dias 20, 21 e 22 de novembro como resultado de uma parceria que envolveu o Instituto Federal de Brasília (IFB) e diversos setores da UnB, como a Reitoria, o Decanato de Extensão, a Faculdade de Educação, a Faculdade UnB Planaltina, a Assessoria de Assuntos Internacionais, e ainda a Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) e a Associação dos Aposentados da FUB (APOSFUB).


A conferência terá como tema O ensino superior e a promoção do desenvolvimento humano: contextos e experiências nos países e regiões de língua portuguesa. O objetivo é destacar e compartilhar experiências de um papel fundamental desempenhado pelo ensino superior que, no entanto, tem pouco reconhecimento da sociedade, como ficou evidenciado nesse ano, merecendo atenção especial, sobretudo no atual momento de expansão global do acesso à educação superior, mas também de crise financeira no setor, em particular no que diz respeito ao financiamento público.


A programação contará com conferências, mesas-redondas, painéis, atividades culturais e apresentações de mais de cem trabalhos em sessões paralelas orais e em pôsteres de pesquisadores e gestores de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, Timor Leste, Macau, e outros países da América Latina como o Uruguai e o Paraguai.


Na programação, além da troca de experiências a respeito do tema, a problematização do conceito de desenvolvimento humano e do papel do ensino superior no mundo lusófono na sua promoção será tema das conferências de abertura e de encerramento, proferidas por ex-reitores de grandes universidades brasileiras, Roberto Leher e José Geraldo de Sousa Jr. Outros temas centrais das mesas e painéis serão a comunicação do ensino superior com a sociedade, as políticas de inclusão, a promoção da sustentabilidade, o impacto no desenvolvimento local e regional, e o papel da pedagogia do ensino superior para a promoção do desenvolvimento humano.


Apesar de o tema da conferência ser de interesse global, cabe dizer que as universidades de países de língua portuguesa, assim como as da América Latina, vêm sendo avaliadas por métricas internacionais concebidas pela ótica dos países mais ricos. Essas métricas valorizam sobretudo a competitividade na aceitação de seus egressos pelo mercado de trabalho e da sua produção científica pelas bases de dados hegemônicas. Nessa lógica, o papel fundamental das universidades na transformação e emancipação das pessoas e das sociedades dessas regiões tende a ficar relegado a segundo plano, razão pela qual é importante fazer essa discussão em um fórum de países que experimentam similaridades tanto culturais quanto nos desafios enfrentados na educação de seus cidadãos.


Fica o convite a toda a comunidade acadêmica e externa a acompanhar a programação e desfrutar da conferência e da possibilidade de integração com nossos parceiros do mundo lusófono.

 

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