OPINIÃO

Dioclécio Campos Júnior é professor emérito da Universidade de Brasília, doutor em Pediatria e membro titular da Academia Brasileira de Pediatria.

 

 

Dioclécio Campos Júnior

 

Viver num meio ambiente de qualidade é direito que deve ser assegurado a todos os seres humanos habitantes do planeta. Trata-se de condição que não pode ser privilégio de poucos, mas padrão existencial de todos e de cada um.


Com efeito, o meio ambiente saudável é o requisito para uma existência solidamente baseada no bem-estar físico, mental e social que o organismo humano requer para funcionar com harmonia e assegurar um perfil comprometido com os valores mentais diferenciados em favor da humanidade.


A personalidade de um indivíduo resulta, essencialmente, da interação com os fatores do meio ambiente que, se bem qualificados, estimulam o padrão do crescimento e desenvolvimento do organismo nas etapas de maior vulnerabilidade da espécie, quais sejam a infância e a adolescência. Trata-se de contexto ecológico que tem sido plenamente desprezado quanto ao efeito gerador da inteligência das pessoas.


Na verdade, a era da industrialização passou a promover grandes estragos ambientais que não cessam de aumentar. De fato, como decorrência das características dessa era, a maior parte da população mundial foi improvisadamente urbanizada por meio de moradias aglomeradas que entulham os espaços urbanos. Ademais, o trânsito de veículos automotores ocupa atualmente a maior parte das cidades. O número de automóveis no mundo de hoje é de cerca de 2 bilhões. Como consequência, boa parte da superfície do planeta está asfaltada, o que altera radicalmente as condições ambientais. Por seu lado, o comércio tomou conta da maioria dos bairros impondo suas propagandas aos consumidores, cujo comportamento aquisitivo é condicionado.


Esse cenário do chamado progresso tecnológico é incompatível com um meio ambiente saudável. Inviabiliza-se assim o bem-estar físico, mental e social dos habitantes das cidades, que é a síntese do conceito de saúde.


Na verdade, os espaços urbanos não foram jamais tão poluídos como atualmente. Além da poluição atmosférica causada pela fumaça que os veículos produzem, avança a poluição sonora por ruídos de alto volume que vêm das frotas de carros e motocicletas nos espaços em que circulam.


Assim, o ar da cidade vai se tornando irrespirável e os sons inaudíveis pela perda auditiva que produzem. Dessa maneira, a saúde das populações é exposta a várias modalidades de agravos cuja dimensão se torna preocupante e requer medidas que recuperem as qualidades do meio ambiente.


A avaliação do impacto da poluição atmosférica na saúde das pessoas, sobretudo pelo uso de combustíveis fósseis, tais como carvão e petróleo, revela gravidade potencial que precisa ser prevenida. Outro exemplo de poluição do ar que se respira é o tabagismo que tomou conta do mundo.


Com sólidas evidências científicas, esses poluentes atmosféricos são causas de doenças potencialmente graves, tais como câncer do pulmão; doença pulmonar obstrutiva crônica (Dpoc); asma e acidente vascular cerebral. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, atualmente 90% das pessoas no mundo estão expostas à poluição atmosférica, que tem causado cerca de 7 milhões de mortes por ano.

 

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Publicado originalmente no Correio Braziliense em 16/01/2022.

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