OPINIÃO

Alice Rosa Cardoso é mestra em Arquitetura e Urbanismo.

Camila Duarte Veras é especialista em Reabilitação Ambiental Sustentável em Arquitetura e Urbanismo.

Eduardo Oliveira Soares é doutor em Arquitetura e Urbanismo.

Louise Boeger Viana dos Santos é mestra em Arquitetura e Urbanismo.

Todos os autores arquitetos e urbanistas do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer da Universidade de Brasília (Ceplan/UnB) e foram colegas de Cláudio Oliveira Arantes.

Alice Cardoso, Camila Veras, Eduardo Soares e Louise Boeger

 

Para muitas pessoas, a Universidade de Brasília é um marco de uma fase de suas vidas. Uma referência que, mesmo anos depois, é lembrada devido às intensas atividades exercidas, ao conhecimento adquirido, às pessoas com as quais cruzaram e permanecem no decorrer de sua existência. Momentos como a graduação, a pós-graduação ou o exercício profissional – mesmo que tenham durado poucos anos – constituem muitas histórias e memórias.

 

Para algumas pessoas, porém, o tempo de imersão na comunidade universitária pode ser incrivelmente extenso. É o caso do arquiteto e urbanista Cláudio Oliveira Arantes.

 

Aluno de graduação (1968-1973) e de mestrado (1980-1983) na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, Cláudio Arantes é servidor da universidade desde 1989. Foi inicialmente lotado na Prefeitura do Campus, até 1999, e desde 2003 integra a equipe do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan). Ao longo de décadas, atua principalmente na área de planejamento. Essa atividade é ampla e se ramifica em várias outras: planejamento urbano, planos de reordenamento de edificações (como os do Instituto Central de Ciências), cadastro de espaço físico, logística da alocação de disciplinas em salas de aula e auditórios. Durante sua extensa carreira também trabalhou no Ministério da Educação.

 

Na UnB, os nomes dos grandes arquitetos, autores dos projetos emblemáticos, são bastante divulgados. Aos servidores técnico-administrativos restam os prazeres e as angústias que fazem parte do dia a dia do exercício profissional na área de arquitetura e urbanismo. Nos bastidores, atrás das pranchetas digitais das baias de trabalho, esses servidores se esforçam em planejar adequadamente os espaços físicos dos campi. Talvez seja fácil falar que alguns servidores são “a memória da UnB”, porém, difícil é constatar o reconhecimento do mérito do trabalho tão valioso de servidores como o Cláudio.

 

Cláudio Arantes já foi aluno do agora professor emérito José Carlos Coutinho; presidiu Diretório Acadêmico, conversou sobre a UnB com o Lelé (João da Gama Filgueiras Lima), em 1969; inquiriu Lucio Costa a respeito do projeto do Plano Piloto da cidade de Brasília - no Auditório do SG-10 - em 1975; participou de grandes planejamentos institucionais, como os do âmbito do UnB XXI e do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni); foi um dos autores do Plano Diretor do Campus Universitário Darcy Ribeiro (1998). Mas, principalmente, em meio aos colegas de trabalho, ainda hoje, propõe melhorias, questiona rotinas, cria bordões, polemiza, verbaliza, inquieta, debate.

 

São muitos os seus escritos – em eterna revisão – sobre acompanhamento de obras, cadastro físico como ferramenta de planejamento, endereçamento, custo de edificações, estimativa de área física, salas de aula, auditórios, oferta de disciplinas, gestão de espaço físico, e tantos outros, sempre tendo a Universidade de Brasília como tema ou inspiração. Já em 1973, em depoimento sobre Brasília, afirmava que “a melhor experiência brasileira em arquitetura ainda está aqui. (...) Tudo o que faço é dentro da UnB. (...) A tendência é fazer da arquitetura um processo de conhecimento humano” (Jornal Campus, 1973).

 

Setembro de 2022 marca o momento da sua (merecida) aposentadoria. Pelos bons momentos de convivência diária e inegável legado de trabalho em prol da universidade, fica aqui o registro do reconhecimento dos colegas da equipe de planejamento do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan). Esperamos herdar um pouco do seu espírito propositivo, rebelde e incansável.

 

Referência:

Jornal Campus. “É assim que eles veem Brasília: cada um na sua”. Brasília, ano 3, n. 08, abril de 1973, p. 4. Disponível aqui.

 

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