OPINIÃO

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Francilene Machado de Almeida é professora surda do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas do Instituto de Letras da UnB.

 

 

Roberta Cantarela é professora do Instituto de Letras da UnB e Coordenadora da Mulher da Secretaria de Direitos Humanos (SDH).

 

Francilene Machado de Almeida e Roberta Cantarela

 

A História dos Surdos tem registros dos muitos acontecimentos para marcar a narração sobre língua surda, comunidade surda, cultura surda, identidades surdas, movimentos surdos e muitos mais. Os Surdos sofrem dificuldades de conviver com pessoas comuns na sociedade. E continuam lutando até para conseguirem viver sem barreiras. Os Surdos têm direito à igualdade, de educação, de cidadão e deveres, direitos e responsabilidades dos cidadãos comuns.

 

A Língua de Sinais é a primeira língua dos Surdos. No Brasil, a Língua de Sinais Brasileira é de onde vem essa que é a origem da Língua de Sinais Francesa, concebida pelo professor francês Surdo E. Huet. Ele era aluno do professor e pai da educação dos Surdos no mundo, Charles Michel de l’Epée. Esse professor criou a primeira escola, na cidade de Paris, na França, para ensinar a Língua de Sinais com os primeiros alunos surdos. O professor Huet foi criado junto com a primeira escola para Surdos, no Brasil, chamada INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). O Instituto foi sediado na então capital do Rio de Janeiro, no ano 1857, sob o governo de Dom Pedro II. Atualmente, existem mais de 200 (duzentas) línguas de sinais diferentes no mundo. O reconhecimento de Língua de Sinais é a comunicação dos surdos, entre eles e com as pessoas não surdas também. Assim, sem barreira para promover a comunicação entre pessoas não surdas e Surdas.

 

A educação bilíngue para Surdos é importante para a comunicação em LSB (Língua de Sinais Brasileira) e de escrita em LP (Língua Portuguesa) para os professores darem aulas de todas as disciplinas com alunos Surdos e alunos não surdos, também como pessoas comuns nas escolas infantis, de educação básica e até nas universidades. Esses professores trabalham duas línguas, atuando de forma bilíngue na realização de aulas, materiais didáticos, correção dos exercícios e das avaliações, aulas de reforço, eventos, dinâmicas, projetos, orientações, monitorias e outros. Assim, a formação desses professores enriquece a educação, porque são professores com o domínio de duas línguas para garantir que os alunos se desenvolvam bem. Os professores bilíngues são importantes profissionais e é significativo comemorar isso no Dia dos Professores. 

 

Dentro de um contexto da Educação Bilíngue (LSB e português) para Surdos, é necessário compreender a importância de conhecer a Língua de Sinais e usá-la como língua de acesso para o ensino do Português Escrito. Por isso, é fundamental contar com professores bilíngues, que dominem a Língua de Sinais Brasileira e Português Escrito, em observância à Lei Federal nº 10.436/2002. O curso de Licenciatura em Língua de Sinais Brasileira Português como Segunda Língua (LSB – PSL) é o resultado de uma Política Linguística imprescindível na Educação de Surdos.

 

Trabalhar em um Curso e em uma universidade que luta por acesso e acessibilidade é inspirador e instigante. Como professoras vivemos desafios, enfrentando dificuldades e repensando metodologias para cada turma, para cada aluno. A diversidade da nossa realidade nos faz refletir como podemos realmente alcançar cada estudante, o aluno Surdo que sabe Língua de Sinais, o aluno Surdo que não sabe de Língua de Sinais, o aluno Surdo oralizado, o aluno Surdocego, o aluno não-surdo e assim em diante.

 

Vivenciar a Educação Bilíngue (LSB e português) se realizando nas salas de aulas da UnB e nos demais espaços acadêmicos e escolares é ver os sonhos e as lutas da Comunidade Surda se realizarem, sabemos que ainda temos muitos desafios, mas sabemos que a UnB, que nossos estudantes e nossos egressos estão conosco nessa luta: por um mundo bilíngue (LSB e português).

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