OPINIÃO

Christina Maria Pedrazza Sêga é professora aposentada da Universidade de Brasília e doutora em Ciências da Comunicação (Universidade Nova de Lisboa).

Christina Maria Pedrazza Sêga

 

Não foi preciso receber o prêmio cinematográfico do Oscar para que nosso estimado e notório arquiteto, Oscar Niemeyer, tornar-se famoso e premiado várias vezes, com reconhecimento internacional. Quando a primeira estatueta do Oscar foi entregue em Hollywood, em 1929, destinada ao primeiro filme falado, ou melhor, cantado e intitulado "O Cantor de Jazz", dois anos após sua exibição, o louvável arquiteto ingressava  na Escola de Belas Artes e Engenharia, no Rio de Janeiro, para estudar e se formar  em arquitetura e artes plásticas.

 

Ao transitar pelo espaço físico onde Niemeyer se notabilizou, a cidade de Brasília,  e lecionado, por mais de 20 anos, em um local projetado e  vivenciado por ele, a Universidade de Brasília, que neste ano comemora seus 60 anos de existência,  eu não poderia deixar de elogiar esse genial arquiteto que projetou Brasília como referência  de modernidade para o mundo, com sua idealizada funcionalidade. Foi um arquiteto e, não um profeta, que previu as consequências dos avanços industriais, demográficos e tecnológicos para as últimas décadas do século XX e primórdios do século XXI para a atual capital do país.

 

Deixou como legado, não apenas sua arrojada arquitetura mas também sua longa e plena existência de sonhos, solidariedade e humanismo. Como homem foi simples, despojado de vaidades e veleidades pessoais. Convicto na sua opção política, viveu na simplicidade material. Deu pouca importância ao dinheiro, projetando algumas obras sem remuneração e, outras vezes, recebendo salário irrisório como arquiteto, conforme relatos de alguns dos seus colegas.

 

Paradoxalmente, também convicto na sua opção religiosa e espiritual, o ateísmo, recebeu inspirações divinas e angelicais ao projetar igrejas e catedrais, embora não admitidas, mas visíveis aos olhos dos moradores e visitantes da cidade. Fez das curvas a sua devoção. Com sua arquitetura construiu uma nova estética da comunicação visual e interação entre as pessoas.
Oscar, você foi muito mais que um prêmio do Oscar para nós. Enquanto a estatueta dura um ano devido às premiações anuais, você durou, como prêmio para nós, quase 105 anos de vida, ao falecer em dezembro de 2012. Mas a lembrança será eterna. Quer prêmio maior que esse?  Uma vida plena de sonhos, projetos, saúde, bom humor, longevidade e concretizações.

 

A data comemorativa ao Dia do Arquiteto passou a ser em 15 de dezembro como homenagem ao dia do seu nascimento.

 

ATENÇÃO – O conteúdo dos artigos é de responsabilidade do autor, expressa sua opinião sobre assuntos atuais e não representa a visão da Universidade de Brasília. As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seu conteúdo.