OPINIÃO

Márcia Abrahão Moura é reitora da Universidade de Brasília e professora do Instituto de Geociências. Doutora em Geologia pela UnB.

Márcia Abrahão Moura


É com grande felicidade que celebramos os 61 anos da Universidade de Brasília (UnB). Fundada em 21 de abril de 1962, a UnB, criada para pensar o Brasil como problema, tem sido um importante centro de excelência acadêmica e de resistência democrática no Brasil. Mas as comemorações de aniversário vão além da UnB. Brasília, nossa amada capital, completa 63 anos de existência. Essa data reforça a relação estreita entre a nossa universidade e a cidade que a abriga.

A UnB sempre se preocupou em manter uma relação de irmãs com Brasília e com a população do Distrito Federal. Esse vínculo é fundamental para a universidade, pois ela tem a responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento da região e do país.

Nesses mais de 60 anos, a UnB tem sido um espaço de produção de conhecimento, inclusão social, formação de lideranças e engajamento com a sociedade. Desde a sua criação, a UnB formou mais de 170 mil profissionais altamente qualificados em todas as áreas do conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento do país e para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

Com uma trajetória marcada por momentos desafiadores, como no período da ditadura militar, a UnB nunca deixou de lado sua missão de contribuir para a construção de um país melhor. Além do compromisso com o avanço do conhecimento científico, a UnB tem assumido um papel fundamental na promoção dos direitos humanos e na preservação do meio ambiente. A universidade vem incentivando o debate sobre questões sociais, éticas e ambientais, tanto no ambiente acadêmico quanto na sociedade em geral.

Fomos a primeira universidade federal brasileira a adotar o sistema de cotas para estudantes negros e indígenas, em 2004. Aprovamos, em 2020, cotas para a pós-graduação. Iniciamos agora a discussão sobre ampliação de cotas nos concursos públicos de docentes. Todas essas ações têm contribuído para a democratização do acesso ao ensino superior no país e para a promoção da inclusão social. Estivemos engajados em debates e mobilizações importantes na sociedade, como o movimento estudantil de 1968, a luta pelos direitos dos povos indígenas e das populações quilombolas.

Recentemente, a UnB aprovou a Política do Envelhecer Saudável, Participativo e Cidadão em 2023 na Câmara de Direitos Humanos. O Conselho de Administração (CAD) também aprovou a Política de Prevenção e Combate ao Assédio Moral, Sexual, Discriminações e Outras Violências e a Política de Assistência Estudantil. Estamos avançando no fortalecimento dos direitos humanos.

Em tempos de desafios, a UnB é uma voz ativa na defesa da ciência, da tecnologia e da educação pública e gratuita no país. Sabemos que o conhecimento é um instrumento poderoso de transformação e que a ciência é essencial para encontrar soluções em um mundo em constante mudança.

Essa postura engajada da UnB tem origem na visão de seus fundadores, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, que tinham como objetivo criar uma universidade comprometida com o desenvolvimento social e cultural do país. Essa visão é mantida ao longo dos anos, mesmo diante das dificuldades, e é uma inspiração para todos nós que fazemos parte da comunidade acadêmica da UnB.

Para Darcy e Anísio, a Universidade de Brasília veio para ser uma instituição que valorizasse a interdisciplinaridade, a criatividade e a autonomia dos estudantes. Sempre comprometida com a transformação social e cultural do país. Nossa universidade é uma das principais instituições de ensino superior do Brasil e da América Latina e tem uma posição de destaque na produção de conhecimento em diversas áreas, como ciências sociais, ciências exatas e da terra, ciências da saúde, ciências agrárias e ciências humanas. A UnB tem compromisso para formação de cidadãos críticos e conscientes, capazes de atuar como agentes de transformação na sociedade. Estamos no topo do reconhecimento da excelência do ensino, pesquisa e da extensão que praticamos. Nossos pesquisadores e a nossa instituição têm sido premiados por diferentes organismos nacionais e internacionais. Nossa pós-graduação deu um salto de qualidade no último quadriênio, conforme avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Recebemos a nota máxima - 5 - do Índice Geral de Cursos, na avaliação recém-divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Na pandemia, nos reinventamos. Além de mantermos as atividades acadêmicas, dando condições para a participação de todos os nossos quase 50 mil estudantes, tivemos atuação na linha de frente no Hospital Universitário (HUB) e por meio dos mais de 200 projetos de pesquisa e extensão dos nossos docentes, técnicos e estudantes.

É importante destacar que, nos últimos anos, a UnB enfrentou sucessivos cortes orçamentários e ataques por parte do governo federal. Como exemplo, pela primeira vez na história, a UnB não recebeu um centavo do governo federal para investimento em 2021.

Diante desse cenário, a UnB adotou estratégias para continuar avançando em seus objetivos acadêmicos. Otimizamos recursos, com maior eficiência na gestão dos projetos e investindo em inclusão dos estudantes mais necessitados, tecnologia e inovação.

Queremos aproveitar esses novos ares que simbolizam um momento histórico do país. E fazer a vontade dos nossos fundadores, refletida em nossa campanha institucional Futuro é Agora. A Universidade nasceu praticamente junto com a capital federal e é parte de sua história e de sua identidade. Nossa missão é continuar a contribuir para o desenvolvimento da cidade e do país, sem abrir mão da excelência acadêmica e do compromisso social.

 

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Publicado originalmente no Correio Braziliense em 25/04/2023.

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