Benny Schvarsberg é professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília e assessor estratégico do gabinete da reitora.

 

Benny Schvarsberg

 

Como mestrando na UFRJ conheci o Prof. Farret em 1985 quando ele, como professor de arquitetura e urbanismo da UnB e presidente da ANPUR – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, apresentou uma instigante palestra sobre Brasília. Não imaginava que nossos destinos se cruzariam novamente como colegas de trabalho em uma longa parceria e amizade. Vindo para Brasília ele me estimulou a inscrever-me no concurso para a vaga de professor de projeto de urbanismo em 1992 e pude reencontrá-lo como chefe do Departamento de Urbanismo no IAU – Instituto de Arquitetura e Urbanismo e colaborador do NEUR – Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais/CEAM. Depois tive a honra de tê-lo como membro de minha banca de doutorado. 

 

Ricardo Farret sempre foi, em sua carreira acadêmica e profissional, um pesquisador meticuloso sobre cidades, regiões, urbanismo, planejamento e políticas urbanas. Especialmente sobre Brasília, sua trajetória e transformações urbanas, um tema permanente de sua inquietação intelectual refletida em dezenas de seus artigos e publicações nacionais e internacionais. São numerosas suas contribuições, onde se destaca o livro “A Questão Urbana”, de 1986, em coautoria com Benício Schmidt, que se tornou obra de referência presente na maioria das pós-graduações na área de urbanismo e planejamento urbano. Ano passado, mesmo enfrentando problemas de saúde, conseguiu concluir e publicar o livro “Urbanismo em Brasília: fundamentos e resultados”, sua última obra a qual recomendo a leitura. 

 

Tinha como marcas pessoais o trato elegante, discreto e respeitoso, com colegas de trabalho que, invariavelmente, se tornavam admiração e amizades permanentes, como a que tive o privilégio de desfrutar. Ao longo dos anos, mesmo aposentado, precocemente a meu ver – tive a petulância de insistir na sua permanência, mas quem o conheceu sabe das suas idiossincrasias, como todos temos -, seguiu com estudos e pesquisas pessoais, além de atividades eventuais de consultoria e participação em inúmeras bancas de mestrado e doutorado na FAU, na Geografia e outras áreas da UnB e fora dela. Tive o prazer de partilhar de várias dessas bancas com ele, sempre um aprendizado de reflexão crítica rigorosa. 

 

Uma contribuição importante no campo da arquitetura foi seu projeto executado do Centro Olímpico da UnB, em parceria com Márcio Vilas Boas, professor da FAU.  Como ele mesmo escreveu na oportunidade das comemorações do cinquentenário do Centro Olímpico: “O reconhecido pioneirismo da UnB está presente, também, no seu Centro Olímpico, tanto que, por demanda do MEC e visando a difusão do projeto, publicamos Arquitetura Esportiva: uma experiência na Universidade de Brasília (Leau/UnB,1974), onde esta e outras histórias do CO estão registradas”. 

 

Outra faceta de nosso amigo que desfrutamos era o bom humor e o gosto pela companhia de amigas e amigos em prazerosos encontros de mesa de bar. Compomos um grupo de amizade que se reunia em animados happy hours às sextas-feiras, a turma do Berlim, bar da Asa Norte. Durante anos atualizávamos ali as conversas, os causos, os debates acalorados sobre política, arte, cultura, UnB, arquitetura e urbanismo, Brasília, política urbana, a vida e, sempre, o futebol onde compartilhamos dores e alegrias flamenguistas. Nunca vou esquecer a mensagem do Farret no dia da trágica derrota por 7 x 1 do Brasil para a Alemanha, que jogou com uniforme rubro-negro: “O que é isso...um time fantasiado de Flamengo humilhando o Brasil ?!!!” 

 

Faço esse registro público como sincero agradecimento pela chance que a vida me deu de ter compartilhado e desfrutado dessa amizade que fará, com certeza, muita falta. Nosso querido professor, orientador, colega, amigo e companheiro Farret: presente!

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