OPINIÃO

Bárbara Medeiros é doutora e mestra em Administração pela UnB com foco em diversidade, gênero e sexualidade. É administradora, pedagoga, professora, pesquisadora, palestrante e mentora acadêmica e empresarial (T&D, D&I, GP e ESG).

 

Bárbara Novaes Medeiros

 

O dia 28 de junho é celebrado como o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, uma data para se pautar sobre o respeito às diferenças relacionadas às diversidades sexuais e de gênero no mundo.


Temos muito a avançar como sociedade frente às violências que produzimos e propagamos cotidianamente a partir das desigualdades, como  desrespeitos, estigmas, racismo e discriminação étnico-cultural, machismo, sexismo ou discriminação de gênero, LGBTfobia, abuso de poder, práticas de silenciamento, ostracismo e microagressões, situações de humor e ofensa, violência psicológica, física e sexual, assédio e exploração sexual, tentativa de assassinato e o próprio assassinato em si, intolerância religiosa, entre outras violações de direitos humanos. É indignante saber que o Brasil é o país que mais mata a população LGBTQIA+. O suicídio também é constante.


Falhamos como sociedade quando banalizamos as injustiças que nós mesmos propagamos quando ignoramos o respeito ao outro. Nomeamos o outro a partir da diferença construída sob um viés de negatividade. Nos esquecemos que o outro é aquele que faz parte de nós, de mim e de você. E que em rede, temos o poder de potencializar o bem viver coletivo frente às normas sociais, que minam as diversas existências diante de expectativas, padrões, matrizes, enquadramentos e modelos de vida homogeneizantes.


Buscamos padronizar e estilizar o modo de ser e agir adequado para viver uma vida bem vivível no mundo. Criamos e sustentamos padrões de gênero e sexualidade que são excludentes em todos os processos organizacionais, na família, escola, igreja, entre outras instituições sociais. Isso ocorre por meio de discursos de toda ordem, permeados por relações de poder, que ditam o que é certo e errado, aceitável ou não para existir, assim como o que é digno ou não de reconhecimento.


É frente a esse espiral de produções discursivas e de práticas sociais excludentes que devemos produzir novas gramáticas que contemplem o respeito às diversidades e diferenças em todos os espaços sociais para combatermos em conjunto as desigualdades sociais. É ruptura! A necessidade é urgente por ações coletivas que promovam um Brasil mais diverso, inclusivo e respeitoso com as diversidades sexuais e de gênero!

O nosso maior desafio é o de viver e existir como um ser em si mesmo, dono de si e sujeito, a partir de brechas civilizatórias que expandem o viver individual em coletividade. Deixando assim, florescer tudo que há em si mesmo sem medo de represálias sociais. Sem precisar esconder qualquer aspecto da vida para sobreviver. Esse ato ganha mais força com novos olhares advindos da coletividade. É conhecer para reconhecer!

E nessa aprendizagem coletiva, não podemos nos esquecer, que mesmo sem sermos LGBTQIA+, podemos e devemos lutar em conjunto por pautas e pessoas LGBTQIA+. Não é sobre instrumentalização, é sobre interesse genuíno. Somos rede de afeto! Juntos(as) somamos em aliança e essa é a nossa grande oportunidade para construirmos uma sociedade justa! Sem afeto não avançamos em reciprocidade e respeito coletivo!

O meu desejo é que mais pessoas se interessem por contemplar e valorizar as diferenças de todas as pessoas sem distinção e sem preconceitos. Somos seres diversos nos nossos desejos, prazeres, afetos, expressões, atos, gestos, vivências e experiências de vida! A diversidade habita a própria diversidade, a partir das diferenças que nos perpassam enquanto seres plurais.


Eu sou uma aliada e torço por mais pessoas aliadas em todos os espaços sociais. Eu acredito no poder da formação de alianças coletivas para expansão das redes sócio-políticas solidárias quando o assunto é o respeito às diversidades sexuais e de gênero. E vocês?


Lembrem-se sempre: a maior igualdade está na diversidade ao contemplar e respeitar as diferenças.




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