OPINIÃO

Marlos Pinheiro Barcelos é administrador no Decanato de Ensino de Graduação. Também advogado, é mestre em Gestão Estratégica de Organizações pelo Centro Universitário Instituto de Educação Superior de Brasília.

Marlos Pinheiro Barcelos



Um enfoque na competência (desempenho) e na mudança institucional. Desta forma, inicio a minha pesquisa em Flexibilização da Jornada de Trabalho de 30 horas na UnB, oriundo de uma pesquisa de mestrado sobre o tema e com dois formulários que serão aplicados em todos os Campi da Universidade de Brasília. Um primeiro estudo foi realizado na universidade entre 2017 e 2019 com gestores servidores técnico-administrativos e gestores do Decanto de Ensino de Graduação (DEG), analisado na especialidade do pesquisador.
 
A publicação dessa nova pesquisa pretende alcançar as revistas com os melhores Qualis e vem ao encontro de suprir lacunas ainda presentes sobre a flexibilização, iniciada oficialmente em 2013 com a Resolução CAD/FUB n. 50/2013 e que teve continuidade na Resolução CAD/FUB n. 54/2023, tanto voltadas para o conhecimento da comunidade universitária, bem como obtenção de diagnósticos institucionais sobre a possibilidade de implantação de novos tipos de jornada de trabalho.

O objetivo geral desse trabalho é identificar e descrever quais as competências de gestão, na percepção de gestores e não gestores, relacionadas à flexibilização de jornada de trabalho de uma Instituição de Ensino Superior. Para a consecução desses objetivos, participaram dessa pesquisa gestores e não gestores de uma IES pública federal. Já o objetivo específico é identificar e descrever as mudanças organizacionais implementadas após o processo de flexibilização da jornada de trabalho e identificar descrever as competências de gestão na percepção dos gestores e não gestores.

Esta pesquisa apresenta relevância teórica, empírica e aplicada. No que se refere às contribuições teóricas e empíricas, este trabalho se insere nos que buscam explicar fenômenos recentes do comportamento organizacional, como por exemplo, a flexibilização da jornada de trabalho, sobretudo na descrição da percepção de gestores e não gestores de uma organização pública e o efeito sobre as competências requeridas para gestão de um trabalho flexibilizado. Além disso, esta pesquisa, por ser realizada no contexto de uma organização pública, especificamente no setor de ensino superior, possibilita novas investigações sobre essa temática. Os aportes metodológicos desta pesquisa contribuem de maneira significativa aos estudos do comportamento organizacional, em virtude da utilização de uma abordagem qualitativa que permitiu o emprego de softwares de análise de textos (Iramuteq), ainda pouco utilizado no contexto brasileiro de pesquisa. Do ponto de vista da contribuição gerencial, identificar como a flexibilização da jornada de trabalho modifica a organização e as competências são elementos importantes para o processo de gestão das organizações. Sendo essenciais para o bom desempenho no trabalho, apresentando-se como um dos primeiros passos a ser dado para o diagnóstico organizacional.


A pesquisa pretende aplicar dois questionários: um para servidores e outro para gestores e apresenta uma estratégia para implantação de um novo tipo de jornada de trabalho, bem como avalia seus impactos sobre o desempenho e a mudança institucional, além da caracterização das flexibilizações existentes.

Ao fazer o registro das novas flexibilizações na UnB, a pesquisa pretende ouvir o nível de concordância institucional e individual da comunidade acadêmica e atestaram indicação para aderência, para implantação da flexibilização de jornada de trabalho com excelência na UnB, com opinião positiva para este tipo de jornada de 30 horas, tanto por parte de gestores quanto de servidores.

Nesse sentido, a pesquisa eleva o conhecimento do comportamento institucional, e em especial, da flexibilização de jornada de trabalho dos servidores técnicos em educação com todos os impactos na vida destes trabalhadores. A flexibilização da jornada de trabalho pode ter impactos sobre a vida fora e dentro do trabalho, melhorando a qualidade de vida no trabalho. Ao mesmo tempo em que poderia produzir um impacto negativo sobre o movimento sindical, em função do declínio de postos de trabalho, ressurgiu uma antiga reivindicação dos sindicatos, referente aos investimentos em treinamento de pessoal, formação profissional e educação. Com a reestruturação dos processos produtivos intensificados no Brasil, houve uma mobilização sindical pela maior intervenção dos trabalhadores nas mudanças e reavivaram as reivindicações por investimentos em treinamento pessoal, formação profissional e educação. Para ser competente, o desempenho necessita gerar impacto nos resultados do trabalho do indivíduo e na organização, pela abrangência dos resultados individuais.

Importante lembrar que os estudos abordados nesta pesquisa abrangerão áreas relevantes na percepção e concordância institucional sobre o assunto. A percepção dos gestores e servidores ficou bastante semelhante, diferentemente do esperado pelo senso comum e pela cultura institucional até o momento.

A dificuldade cultural da UnB e de implantação e manutenção da flexibilização da jornada de trabalho na universidade, que apesar de apresentar dificuldades, a flexibilização possui muitas vantagens tanto para o servidor quanto para o serviço de excelência prestado na UnB. Servidores podem participar da pesquisa por aqui. Gestores podem contribuir por aqui.

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