IV Simpósio de Estética, Hermenêutica e Semiótica


Auditório Ernesto Walter, PPG FAU 09:00 - 20:00:00 20/11/2018 - 21/11/2018

As especificidades ontológicas da arte foram constituídas substancialmente na ética e na política. A divisão entre arte e artesanato na antiguidade clássica foi marcada pela divisão entre trabalho livre e trabalho escravo, o que marca o ensino até hoje, embora não se sustentem mais os fundamentos sociais e as argumentações apresentadas já por Platão para distinguir sentidos espirtuais (audição e visão) e sentidos corporais (os demais). As relações da arte com essas outras duas dimensões influem no resultado de produtos e expressões artísticas, propiciando a abertura ou limitação do desvelar da pessoa humana, sendo e/ou propiciando crítica social, se abrindo para a genialidade ou para a constituição de meros utensílios. Nesse ínterim, faz-se necessário a compreensão tanto do papel que cabe ao artista e o alcance que se tem para além do que é de sua própria autoria. O entendimento crítico das influências dos diversos fatores que permeiam a arte é basilar para se ter a compreensão das gêneses motrizes das artes comercializadas, das artes de sentido crítico e das formações educativas em artes.

 

O compreender, o explicar, o interpretar são também um exercício de expressão. Assim, apresenta-se para além de um esforço interpretativo, que ora pode ser chamado arte hermenêutica da arte. Existe a necessidade de entendimento do jogo entre gênese, semiótica, hermenêutica e circulação social da arte.

 

O principal objetivo do evento é apreender os processos de construção crítica da arte, as formas como os sujeitos podem absorvê-la, conviver com ela e como esses processos transcorrem nas instituições de ensino, ambientes de pesquisa e práticas e na própria cidade. Sendo a semiótica a área do conhecimento que se ocupa dos signos, do seu sentido e da comunicação social, obras artísticas carregam em si sugestões, mensagens, visões de fatos, contextos de mundo que buscam um diálogo estético com seu público e que está em constante movimentação. Essa dinâmica exige elucidação teórica e tem consequências práticas.

 

Ações repetitivas no sistema de produção estão sendo feitas cada vez mais por máquinas, mas há problemas que as máquinas não podem resolver e elas próprias são um problema. Para isso, é preciso haver cada vez mais pessoas capazes de resolver de modo criativo aquilo que escapa à repetição mecânica ou que demanda uma alternativa melhor do que a opção sugerida pela máquina. A mão de obra precisa cada vez mais ser treinada criativamente para atender a essa demanda. O melhor meio para desenvolver isso é o estudo das artes.

 

Tanto as sequelas da mecanização do trabalho quanto as vantagens de máquinas cada vez mais refinadas e produtivas precisam ser avaliadas. A escola precisa ver se a mão de obra que ela ajuda a gerar vai estar adequada às necessidades do mercado. A democracia exige cidadãos capaz de pensar por si, pois o destino do Estado é confiado às suas decisões. A vivência da arte, na produção e na apreciação, ajuda a desenvolver a autonomia pessoal, necessária a uma democracia que queira funcionar cada vez melhor.

 

O artista, se for aquele que exercita a sua liberdade interior, busca ao expressar-se com efeitos estéticos produzir críticas ou despertar o potencial crítico no público. O ato artístico passa a ser, dessa forma, um ato político que leva ao desenvolvimento econômico, social e à formação da identidade. Uma representação aparece e pode ser experimentada abstratamente ou atualizada em matéria bruta, gerando produtos para contemplação, para catarse, para consumo, para lazer, para uso.

 

Os termos Arte e Educação podem ser pensados juntos: Arteducação. Politicamente, percebe-se a potencialidade de se agir sob esse viés abrindo possíveis espaços de emancipação, libertação e vanguarda. Abre-se, deste modo, a compreensão do conceito de inovação, uma vez que o cidadão partícipe desse viés educativo é sensível para a fruição da criatividade. Arteducação delineiam cidades e sociedades, transfigurando as relações a fim de propiciar ambientes criativos e inovadores, no tocante a recepção das genialidades e desenvolvimento de produtos.

 

Este evento é considerado um excelente espaço de troca de conhecimentos, leituras de mundo e práticas artísticas, nas suas mais variadas linguagens. Responde as discussões atuais acerca do papel da arte enquanto elemento para fruição das subjetividades e aponta para a abertura criativa que os cidadãos devem ter frente ao desenvolvimento tecnológico que exige cada vez mais inovação. Por esse motivo, o Núcleo de Estética, Hermenêutica e Semiótica, do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, propõe um Simpósio, o seu IV, sobre o entrelaçamento teórico de Arte, Crítica e Liberdade, com análises relativas à natureza da arte, bem como às políticas públicas, cidadania e Educação.

 

Confira a programação completa: bit.ly/2QOEi1a

IV Simpósio de Estética, Hermenêutica e Semiótica