Na tarde desta quinta-feira (23), o decano de Assuntos Comunitários (DAC), André Reis, reuniu-se com representantes dos centros acadêmicos (CAs), no anfiteatro 10 no ICC Sul, campus Darcy Ribeiro, para encontrar uma solução negociada para as confraternizações de estudantes que ocorrem na Universidade. Estiveram presentes representantes de 13 CAs. Também participaram da reunião o chefe de Gabinete da Reitoria, Paulo César Marques, o assessor especial da Reitoria, Luiz Antônio Pasquetti, e o prefeito do Campus, Valdeci Pereira.
O tema envolve necessidades de dois grupos: aqueles que se sentem importunados pelo barulho dos encontros, especialmente os que acontecem no ICC, e aqueles que querem realizar as confraternizações. O primeiro grupo é formado por estudantes, professores e servidores que identificam prejuízo para a realização das atividades acadêmicas, como aulas e aplicação de provas.
“Não somos contra as confraternizações e encontros dos estudantes”, preveniu Reis. “O que identificamos, contudo, é que as diretrizes da Resolução 001/2012 do Conselho Universitário (Consuni) – que trata do tema na UnB – não estão sendo cumpridas. Entendemos que é pelo desconhecimento das normas”, continuou.
Diante da situação e das constantes queixas feitas à administração superior acerca de prejuízo à realização das aulas, sujeira no ICC, furtos nos estacionamentos, danos aos jardins, presença de traficantes de drogas e de pessoas de fora do convívio universitário, o decano apresentou uma proposta a ser debatida pelos CAs. Parte das queixas recai sobre as constantes festas realizadas às quintas-feiras, no ICC.
CENTRO COMUNITÁRIO – Arquiteta da Prefeitura do Campus, Camila Xavier apresentou aos estudantes proposta de uso do Centro Comunitário. Localizado às margens da avenida L4, o espaço tem 6.300 m², sendo que 4.033m² são cobertos. A ideia é disponibilizar quatro ambientes dentro do Centro para a realização dos encontros dos estudantes: dois medindo 110m2 e dois com 840 m². O espaço conta com estrutura de banheiros e estacionamento de 15.500 m². A separação dos espaços se daria por divisórias modulares. A proposta é que, caso haja demanda, os quatro ambientes sejam usados concomitantemente.
Os representantes dos CAs ponderaram que os encontros vão além da confraternização. Servem também como forma de angariar verba para os CAs e facilitar a ida de estudantes a congressos, por exemplo. Os CAs pontuaram preocupações acerca das regras atuais para uso do Centro Comunitário: a ausência de disponibilidade de datas para realizar eventos, atual cobrança de caução de R$ 2.500, necessidade de contração de segurança e equipe de limpeza.
Sobre a proposta desta quinta-feira, houve indagações sobre como o espaço pode comportar quatro eventos distintos ao mesmo tempo, a qualidade da acústica e os problemas de logística para levar estrutura do CA para o Centro Comunitário. Houve questionamentos, também, sobre a segurança, a falta de iluminação e a responsabilização por eventuais danos ao local.
Estudantes também levantaram o problema de projeção de público nas festas. Segundo eles, não é possível prever quantas pessoas comparecem e isso afeta a contratação de seguranças. Outro CA pontuou que a proposição não é nova e se queixou de que a proposta da atual gestão da Universidade era a de legitimar os espaços de convivência da UnB. Sugeriram uso de outros espaços, como o Chico Mendes e o Teatro de Arena.
Segundo a presidente do CA de Veterinária, Thais Seixas, o problema é a distribuição dos CAs fora dos departamentos de origem. “As festas ficariam mais controladas se acontecessem dentro dos departamentos de cada um e não deslocadas”, opinou. “Nós temos uma boa relação com o nosso departamento, por isso nossas festas não atrapalham as aulas.”
O assessor especial Luiz Antônio Pasquetti reforçou que a proposta da reitoria é encontrar uma solução negociada com os estudantes. “Sabemos que não dá para proibir as festas. Mas não dá, também, para atrapalhar as aulas e as provas. A ideia é de não cobrar taxas para os CAs. Podemos adotar uma agenda online de uso do espaço. O que queremos é definir regras e formalizá-las em um documento”, ressaltou. “Há espaço na gestão atual para encontrar saídas. Não conseguiremos dar um primeiro passo se não conseguirmos resolver as quintas-feiras com vocês”, disse aos estudantes.
Chefe de gabinete da Reitoria, Paulo César Marques destacou que a intenção é discutir uma solução para o impasse. “Apresentamos hoje a proposta. Agora, queremos saber de vocês, estudantes, se ela é um caminho a ser trabalhado. Se for amplamente rejeitada, vamos perseguir outra. O problema são as festas que atrapalham as aulas, e isso queremos resolver.”
FÓRUM – Ficou decidido que será formado um fórum entre CAs e administração central para debater o tema. Para que os estudantes tenham tempo para discutir nos departamentos possibilidades e soluções, o próximo encontro será no dia 6 de abril, às 12h30, no anfiteatro 10, no ICC Sul.
Para amenizar as queixas, ficou decidido também que, nestes 15 dias, caberá aos CAs bom senso para avaliar o impacto negativo das confraternizações na comunidade.
André Reis avaliou o encontro como positivo. “É uma oportunidade para abrimos o diálogo. Há uma tentativa de encontrar uma solução pelo consenso. Sabemos que é mais trabalhoso, mas, desta forma, temos a oportunidade de mediar a questão conflituosa e encontrar uma saída positiva para todos.” Segundo o decano, a expectativa é de que a questão seja solucionada até meados deste semestre.
DIÁLOGO – Dando continuidade à proposta de manter constante diálogo, a administração superior convida representantes de CAs e de movimentos estudantis para a primeira reunião do Fórum Permanente de Diálogo com a Reitoria. O encontro será realizado na próxima terça-feira, 28, às 17h, no Salão de Atos, na Reitoria. A proposta é realizar debates sobre grandes temas de interesse da comunidade universitária, que serão definidos conjuntamente.