Começa no dia 15 de maio a primeira edição do festival Pint of Science (cerveja com ciência, em tradução livre) na capital federal. O evento, que terá três conversas por noite espalhadas em três bares do DF, busca aproximar os cientistas que produzem o conhecimento do amanhã à sociedade. A entrada é gratuita e os participantes só precisam pagar o que consumirem no local.
O professor de Zoologia da Faculdade de Planaltina (FUP) Eduardo Bessa está à frente da iniciativa no Distrito Federal. Para ele, ainda existe um "muro metafórico" entre as pessoas e a universidade, que muitas vezes impede a instituição de se comunicar com qualidade.
“O ambiente acadêmico às vezes pode ser muito intimidador para os que não convivem nele, em parte porque a linguagem é muito voltada para os pares”, completa Bessa.
As conversas dessa edição acontecem em mais de 100 cidades em 11 países simultaneamente. Em Brasília, o público terá a chance de aprender sobre temas como a alimentação infantil, por exemplo. “Vou falar sobre questões de interesse para pais e crianças em idade escolar, além de mesclar resultados de pesquisas que temos desenvolvido da UnB”, diz a professora do Departamento de Nutrição Muriel Gubert.
Ela pretende abordar, com linguagem apropriada para leigos, tópicos como a introdução de alimentos, doenças crônicas e obesidade infantil. “Também vou abordar a insegurança alimentar das crianças brasileiras e as consequências da falta de uma alimentação adequada”, promete.
O professor do departamento de Engenharia Elétrica Antônio Lanari Bó, por sua vez, apresenta o panorama da neurociência e a aplicação da tecnologia desenvolvida em laboratórios no mundo real. “Boa parte das coisas do mundo médico são rapidamente disponibilizadas, como os implantes de eletrodos que reduzem efeitos do Parkinson”, exemplifica.
COMO TUDO COMEÇOU – A ideia do festival Pint of Science surgiu da iniciativa de dois pesquisadores do Imperial College of London, que, em 2012, organizaram um encontro com pesquisadores e pessoas que sofriam de males como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla, para conhecer o trabalho que era desenvolvido sobre essas doenças. Inspirados, eles decidiram criar um evento para que os cientistas saíssem de seus laboratórios e transmitissem para a população o conhecimento que produziam.
A primeira edição do festival aconteceu em 2013. Em 2015 ela chegou ao Brasil, que foi o único país da América Latina a participar do evento naquele ano. “Abracei a ideia porque me identifico muito com ela. Acho que devemos mostrar à comunidade o que é produzido com o financiamento dela, por meio dos impostos caríssimos que são pagos”, defende o professor Eduardo Bessa. “Nem sempre damos esse retorno à sociedade. Por isso é importante ter iniciativas como essa no país.”
>> Acesse o site do festival. A programação está disponível no menu principal