FUTURO

Palestrante convidado, Márcio Pochmann analisou as transformações recentes, em comparação a outros momentos de transição vividos pelo Brasil

 

Economista e professor Márcio Pochmann abriu atividades da XVII SemUni com palestra sobre a crise no Brasil. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

Tradicional no calendário acadêmico da UnB, a Semana Universitária (SemUni) iniciou sua 17ª edição na manhã desta segunda-feira (23). UnB 55 anos: ciência, ousadia e o futuro foi tema da palestra de abertura, ministrada pelo economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Márcio Pochmann. A atividade ocorreu no anfiteatro 9 do ICC Sul, no campus Darcy Ribeiro, e foi transmitida ao vivo pela UnBTV.

 

Pochmann se dedicou a analisar o atual contexto econômico e social do Brasil. Segundo o professor, o país tem passado por mudanças econômicas estruturais, que dizem respeito à transição da sociedade industrial para a voltada ao setor de serviços.

 

Tais condições, no entanto, têm se vinculado a um cenário de retrocessos nas perspectivas econômica e social. “A recessão destruiu parte significativa da indústria brasileira. Estamos vivendo uma perspectiva de transferência dos ativos brasileiros para o capital estrangeiro”, destacou. “Hoje, o Brasil tem 13 milhões de desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e um a cada quatro brasileiros estão em condições de subemprego”, completou.

 

Ele comparou o momento a outros contextos similares de transformação no Brasil, como os vividos nas décadas de 1880 e 1930. O primeiro, marcado pela abertura ao capitalismo e a abolição da escravidão. O segundo, pelo abandono do projeto de um país agrário para a consolidação da modernização, sob uma perspectiva industrial e urbana.

Presidente da SBPC, Ildeu Moreira, decana de Extensão, Olgamir Amancia, reitora Márcia Abrahão e vice-reitor Enrique Huelva durante abertura da XVII SemUni. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

Em ambos, os progressos experimentados vieram acompanhados de pautas regressivas pelos segmentos conservadores, as quais resultaram, sobretudo, no processo de exclusão social de uma parcela da população.

 

Pochmann considera importante compreender o panorama recente do país para a construção de um novo Brasil. “Se olharmos essas perspectivas de mudanças como um momento especial que diferentes gerações estão vivendo, temos a oportunidade de escrever nossa história com as próprias mãos”, avaliou. Para o economista, não basta que a população esteja insatisfeita: "é fundamental o congraçamento em torno de um projeto que traga unificação”. 

 

INTERLOCUÇÃO – A programação teve início com a apresentação do cantor e compositor Marquinhos Monteiro. Durante a cerimônia, a decana de Extensão, Olgamir Amancia, destacou a construção coletiva e a integração como principais motes desta edição.

 

“O que viveremos durante esta semana surgiu de uma articulação feita pela Universidade a partir da definição de que nós deveríamos trabalhar para garantir a integração da UnB com a sociedade”, disse.

 

Para a reitora Márcia Abrahão, a aproximação entre academia e comunidade pode contribuir para apontar caminhos para os atuais desafios vividos pelo país.

Marcos Vinícios aprovou a programação de abertura da SemUni. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

“A universidade não pode estar distante da sociedade, principalmente neste momento de dificuldades gravíssimas, tanto para a ciência quanto para as instituições públicas de ensino superior”, salientou. “É fundamental termos uma semana para discutir o que temos feito e apresentar isso à comunidade”, acrescentou. 

 

O estudante de filosofia Marcos Vinícios Ramos acompanhou a abertura e achou interessante a iniciativa da Universidade de extrapolar os limites de seus muros. “É importante, principalmente para globalizar a UnB, porque todo mundo pode vir”, comentou.

 

A programação da SemUni se estende até sexta-feira (27), com centenas de atividades gratuitas e abertas à comunidade, nos quatro campi da UnB. Participe!

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