ANÁLISE

Relatório técnico desenvolvido por especialistas da Faculdade de Tecnologia aponta que infiltração e ​desgaste d​o​ aço foram a causa do colapso parcial da estrutura, em 6 de fevereiro

 

Os engenheiros José Humberto Matias de Paula, Eliane Kraus de Castro, Marcos Honorato de Oliveira e Cláudio Henrique Pereira, juntamente com o diretor da FT, Antônio César Brasil, esclareceram dúvidas em coletiva de imprensa sobre as causas da queda do viaduto sobre a Galeria dos Estados. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Após ensaios e análises de amostra das estruturas, o Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade de Tecnologia (FT) da UnB concluiu que infiltração de água e desgaste do aço foram os responsáveis pela queda do viaduto sobre a Galeria dos Estados, no Eixão Sul, em 6 de fevereiro. O anúncio oficial dos resultados obtidos no estudo técnico aconteceu na tarde desta quarta-feira (7), em coletiva de imprensa realizada no auditório da Reitoria da Universidade.

Os engenheiros Cláudio Henrique Pereira, Marcos Honorato de Oliveira, José Humberto Matias de Paula, Eliane Kraus de Castro, Thyala Anarelli Cunha e Santos, e a graduanda Renata Soares Piazza Dal Pont, assinam a nota técnica, que sugere a demolição de 194 metros do viaduto.

"Os índices de degradação apresentam níveis maiores que o dobro do limite crítico para este tipo de obra", frisou o professor José Humberto. No método de análise empregado, ao atingir o índice cem a estrutura já apresenta risco elevado de queda. No viaduto, o nível apurado foi de 240. A equipe ressaltou que a análise realizada foi bastante complexa. Modelos estrutural, matemático e computacional foram produzidos para auxiliar os peritos a concluir as razões do acidente.

“O concreto encontra-se intacto. O aço, por sua vez, apresentou alto nível de corrosão devido à umidade advinda de fissuras exteriores”, afirmou o engenheiro Cláudio Pereira, diretor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, um dos responsáveis pelo estudo. As análises laboratoriais basearam-se no exame de trechos do elevado, construído em 1959.

"As fissuras não são um problema por si só, mas um sintoma de que o concreto armado não está bem. Essas estruturas apontam falhas justamente para que providências de manutenção possam ser tomadas", complementou Marcos Honorato de Oliveira.

Professor Marcos Honorato expõe conclusões do relatório técnico de engenheiros da FT: viaduto sobre a Galeria dos Estados deve ser demolido e reconstruído. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Durante a apresentação do estudo, houve a exibição de vídeo ilustrativo com a simulação das causas e a consequente queda do viaduto (assista no fim da matéria).

Além disso, a animação demonstra também que toda a estrutura adjacente à da queda foi afetada pela infiltração e encontra-se comprometida, levando a risco de novos desmoronamentos, caso haja apenas reparos em vez da reconstrução.

O documento elaborado pelos pesquisadores foi embasado na metodologia GDE (Grau de Deterioração do Elemento) desenvolvida na UnB nos últimos 20 anos pela professora Eliane Kraus. O método é capaz de avaliar a saúde de edificações. Ao optar pela sugestão de demolição, os engenheiros destacaram a necessidade de deixar a população confiante. “Não basta a estrutura ser segura, tem de parecer segura”, declarou o professor Cláudio Pereira.

A nota técnica será encaminhada à reitora Márcia Abrahão, juntamente com o relatório final da comissão. Ao Governo de Brasília, o relatório técnico já havia sido entregue dentro do prazo estipulado, no último dia 26 de fevereiro.

A UnB tem por excelência participar ativamente de transformações na sociedade e buscar respostas para questionamentos existentes. O estudo feito pela FT teve o intuito de ajudar as autoridades a tomar decisões corretas no caso em apreço, com base em pareceres técnicos e científicos isentos.

 

 

*Estagiário de Jornalismo na Secom/UnB.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.