CIÊNCIA

Além da compra de softwares, cursos de capacitação e orientação aos alunos são algumas atividades previstas  

Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

Para reduzir o número de casos de plágio, a UnB planeja ações, como compra de softwares antiplágio, palestras e cursos.

 

“A Biblioteca Central prevê curso de competência informacional e uma série de ações de orientação sobre o que é plágio e como evitá-lo”, conta a bibliotecária Marília Augusta de Freitas.

 

Para ensinar os alunos a usar fontes de informação e a fazer citações de modo correto, por exemplo, está prevista a construção de site e capacitação dos bibliotecários.

 

“Com a divulgação de trabalhos na internet, houve aumento do número de denúncias. Porém, muitos casos são acidentais e acontecem por falta de conhecimento sobre normas e regras de conduta, não por má-fé do cientista”, justifica Freitas.

A servidora Marília Augusta de Freitas fala sobre ações antiplágio: "A BCE faz a prevenção". Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

O diretor de Pesquisa da UnB, Bergmann Ribeiro, cita outros dois motivos para o aumento do número de casos.

 

“Nem todo mundo tem talento e tempo para a pesquisa”, acredita. “Muitos veem no título de mestre e de doutor apenas uma possibilidade de aumentar o salário, e perdem de vista a originalidade e a relevância científica do trabalho”, observa.

 

Outro problema é a pressão por produtividade. “Para atender o prazo de entrega de um artigo, o rigor pode ficar comprometido”.

 

“Isso tudo pode afetar a imagem da pesquisa brasileira”, alerta.

 

PUNIÇÃO – Para garantir a integridade científica, a Universidade segue código de ética, e denúncias de plágio costumam ser investigadas e julgadas por comissão específica, formada por três professores.

 

“A punição, que pode chegar à perda do título, vai depender do parecer da comissão, mas a decisão final é do reitor, tudo após ampla defesa”, explica Bergmann.

 

O diretor de Inovação da UnB, Demétrio Silva Filho, revela que a Universidade avalia a compra de softwares “farejadores de plágio”. Isso porque identificar a fraude, segundo ele, nem sempre é fácil, por causa da quantidade de trabalhos produzidos. Somente na pós-graduação, cerca de mil trabalhos são concluídos por ano.

 

“O software utiliza uma base de dados para avaliar o nível de originalidade da pesquisa”, explica o professor. “Se o programa acusa mais de 40% de indícios de plágio, é bom ficar atento”.

 

PREVENÇÃO – Algumas regras simples podem livrar autores do constrangimento de ter um trabalho acusado de plágio.

“Primeiro, bom senso”, diz Bergmann. “Tudo o que não é seu deve ser utilizado apenas com autorização do autor”, avisa.

 

O diretor da BCE, Emir Suaiden, reforça o papel da ciência no mundo: "O trabalho de pesquisa exige reflexão". Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

Para os estudantes, outra dica é conversar com o orientador responsável. “É dever dele, orientar o aluno de maneira adequada”, ressalta. “Ele é a pessoa mais capacitada para isso”, acrescenta.

 

O diretor da BCE, Emir Suaiden, aponta que o plágio costuma ser detectado antes da defesa em banca.

 

Ele reforça: “O plágio fere a reputação do autor, do orientador e da instituição”.

 

Por isso, lembra ele, ao iniciar um trabalho de pesquisa - seja monografia, dissertação ou tese -, o pesquisador deve ter em mente que, mais do que por em xeque a credibilidade do cientista, o plágio pode atrasar o avanço da ciência, dificultando futuras descobertas.