A Universidade do Envelhecer (UniSER) completa quatro anos de existência em 13 de abril. Desde sua fundação, em 2014, o projeto formou cerca de 300 estudantes no curso de Educador Político Social em Gerontologia. Outros 200 estudam atualmente em turmas de Candangolândia, Ceilândia, Estrutural e Taguatinga. Há previsão de edital em maio com abertura de novas vagas para o campus Darcy Ribeiro e para o Riacho Fundo.
Na última sexta (6), centenas de alunos e ex-alunos, professores e colaboradores do programa comemoraram a data, com direito a bolo de aniversário. Quem compareceu pôde até cuidar do visual: um salão de beleza foi instalado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
Durante o evento, realizado na Candangolândia, parceiros e apoiadores da UniSER foram certificados, entre eles José Alberto Gomes, considerado patrono do projeto. José Alberto, 78, é pai de Margô Karnikowski, professora da UnB em Ceilândia e fundadora do projeto.
Anos atrás, ele acompanhou a filha em uma viagem à Universidade da Maturidade de Palmas, que funciona na Federal do Tocantins (UFT). “No caminho de volta, pedi à Margô que fizesse o mesmo em Brasília”, narra. A partir daí, a tecnologia social começou a ser transferida para a UnB.
Para José, a velhice é uma dádiva, mas ele destaca que é preciso saber ser velho, e que o projeto veio preencher essa lacuna. “Foi o melhor presente que minha filha me deu”, diz, emocionado. A mãe de Margô, Dalva de Oliveira, 75, também esteve no evento comemorativo. Ela formou-se na UniSER em julho de 2017.
Docente por 23 anos no Rio Grande do Sul, Dalva passou a admirar os professores do projeto e valoriza a convivência que teve durante o curso. “Eu tinha pavor da velhice. Desde 2000 enfrentava problemas de saúde, mas quando entrei na UniSER esqueci todas as dificuldades. Aprendi a valorizar o idoso e o ser humano de maneira geral”, relata.
Para Margô Karnikowski, apoios vindos de diferentes maneiras são fundamentais para manter o projeto funcionando e se expandindo. A professora destaca a mudança comportamental observada nos alunos da UniSER: “A gente percebe como as pessoas passam a encarar tudo de uma maneira diferente, inclusive descobrindo novos talentos.”
DESENVOLVIMENTO – De tão surpreendente, a melhora na qualidade de vida levada pelo projeto virou objeto de estudo acadêmico. A pós-graduanda Kerolyn Garcia fez parte do início da UniSER como estudante de Saúde Coletiva na Faculdade UnB de Ceilândia (FCE). Hoje, no doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias em Saúde, pesquisa as mudanças de comportamento, o bem-estar subjetivo e a satisfação dos alunos.
“Eles entravam com uma visão limitada do envelhecer”, explica Kerolyn. “Aos poucos, já passavam a falar de mudanças no ambiente familiar, com mais respeito mútuo. Hoje sentem-se necessários. Mudaram o discurso e falam em empoderamento, em bem-estar, em cidadania”, destaca.
O projeto pedagógico estimula a convivência entre os alunos, que têm a partir de 45 anos, e as pessoas que fazem o projeto. São 32 professores voluntários, 15 pós-graduandos e 12 estagiários, bolsistas de Iniciação Científica e de Extensão.
Antes da UniSER, a Universidade de Brasília já possuía projetos voltados para a maturidade, mas nenhum com ênfase em educação para o envelhecimento. A carga horária extensa foi introduzida aos poucos, partindo de discussões sobre os direitos do idoso e passando por reflexões sobre o papel de cidadão.
Hoje, ao fim de cada curso, os formandos saem capacitados a se inserir como educadores na sociedade, aplicando conhecimentos adquiridos. E com altos índices de satisfação: dados da UniSER indicam que 99% dos alunos recomendam o curso.
CONGRESSO – A UniSER também é uma das realizadoras do Congresso Internacional de Tecnologia e Inovação em Gerontologia, que acontece nos dias 5, 6 e 7 de maio, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Para mais informações, acesse o site do evento.