DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Cirurgia foi realizada em paciente de 71 anos. Referência nesse tipo de procedimento, Hospital Universitário realizou mais de 50 cirurgias neste ano

Assessoria de Comunicação, HUB / Secretaria de Comunicação, UnB

 

“É o meu sonho de consumo um dia voltar a enxergar. Tenho muita fé em Deus, eu vou conseguir”. Foi com esse pensamento que dona Lídia Maria da Conceição, de 71 anos, chegou ao Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) para realizar o transplante de uma das córneas.

 

Emocionada, ela conta como recebeu a notícia de que o procedimento estava marcado. “Quando me falaram, não sabia se pulava ou se gritava”, afirma ela. Complicações decorrentes de uma cirurgia de catarata, realizada há dez anos, causaram lesões na córnea de dona Lídia, que há três anos passou a enxergar apenas vultos com o olho esquerdo.

 

No dia 22 de setembro de 2015, ela fez o transplante. A cirurgia foi um sucesso. Ela vai passar por acompanhamento e o resultado definitivo será confirmado daqui a um ano. Mesmo assim, dona Lídia planeja voltar a costurar e recuperar a independência. “Meu sonho é enxergar os ônibus para não precisar perguntar para os outros para onde tenho que ir”, desabafa.

 

Esse foi o 500° transplante de córnea feito no HUB, hospital público do Distrito Federal que mais realiza o procedimento. No ano passado, foram feitos 63 transplantes. Este ano, o número chega a 53.

 

“Ficamos muito felizes e temos que comemorar, porque isso retrata o atendimento de qualidade prestado de maneira contínua no serviço público de saúde”, afirma o oftalmologista e chefe da Unidade de Planejamento, Leonardo Capita, que realizou o primeiro transplante de córnea do hospital e, agora, o de número 500.

 

Para o superintendente do hospital, Hervaldo Sampaio Carvalho, o HUB segue firme no propósito de ser tornar uma instituição de excelência no ensino, pesquisa e assistência. E a marca atingida representa essa capacidade.

 

“O potencial de realizar atendimentos de alta complexidade, nos diversos campos de conhecimento da área de saúde, pode muito bem ser exemplificado pelos transplantes. Os quinhentos transplantes de córnea mostram a capacidade técnica e de trabalho dos profissionais, vencendo as barreiras, valorizando o ser humano”, explica Hervaldo.

 

RIM – O HUB também é referência no transplante de rim. No primeiro semestre de 2015, foi o que mais realizou o procedimento na rede pública do DF. Desde 2006, quando começou a fazer a cirurgia, já são 226 transplantes de rim. No ano passado, foram 36 e este ano, até agora, 18.

 

Daílson Guedes descobriu a insuficiência renal em abril de 2012. Depois de nove meses na hemodiálise, conseguiu o transplante. Durante a espera, ele ficou bastante debilitado e conta que o que mais sentia falta era de brincar com o filho, com quatro anos na época.

 

Hoje, ele comemora. “Eu renasci. Todo sofrimento é uma oportunidade para repensar a vida. Vejo tudo com outros olhos, dou valor a pequenas coisas e aproveito cada momento”, garante Daílson.

 

“O transplante renal dá uma liberdade grande para o paciente. Quem faz hemodiálise é limitado para o trabalho e para o deslocamento. É um resgate de qualidade de vida, de autoestima, de relações”, explica o chefe da Unidade de Transplante, Rômulo Maroccolo.

 

INDICAÇÕES – O transplante de córnea é recomendado para pacientes com alterações na córnea que prejudicam a visão. Com o procedimento, 70% das pessoas voltam a enxergar. Para realizar esse tipo de transplante, não é preciso que haja compatibilidade entre doador e receptor. O critério de distribuição é o tempo de espera.

 

Já o transplante de rim é necessário quando o paciente apresenta insuficiência renal crônica. Nesse caso, não existe uma ordem para a cirurgia. Os pacientes são chamados de acordo com a compatibilidade com o doador.

 

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS – No dia 27 de setembro, é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. No ano passado, foram realizados 23.226 transplantes de órgãos e tecidos em todo o país. No primeiro semestre deste ano, dados preliminares do Ministério da Saúde apontam que foram mais de 11 mil.

 

No Brasil, a doação depende da autorização da família. O chefe da Divisão Médica do HUB, Giuseppe Cesare Gatto, explica que é importante treinar as equipes dos hospitais para o momento da abordagem desses familiares. E afirma que é necessário conversar sobre o assunto.

 

“Falar sobre a doação, principalmente em casa, é muito importante. Seus familiares vão responder por você. Quando você expressa a sua vontade em ser doador, dificilmente a sua família irá contra a sua vontade”, afirma Giuseppe.

 

“Se naquele momento de dor a família acreditar no sistema de saúde e tiver consciência da importância desse ato, ela vai doar e vai beneficiar essas pessoas que estão esperando pela oferta de um órgão”, completa o chefe da Unidade de Transplante do HUB, Rômulo Maroccolo.

 

EVENTO – No dia 30 de setembro, o HUB vai realizar evento em comemoração ao Dia Nacional da Doação de Órgãos e à realização do 500º transplante de córnea no hospital. O encontro vai contar com a participação de toda a equipe da Unidade de Transplante, de transplantados e de autoridades da Universidade de Brasília (UnB), da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). O evento será das 8h30 às 11h, no Auditório 1 do HUB.

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