CRIATIVIDADE

Transtornos causados pelo desabastecimento motivaram iniciativa. Ao todo, quatro docentes da Faculdade do Gama realizaram encontros virtuais

 

Em diversos ambientes, estudantes da Faculdade UnB Gama acompanham pela internet as aulas do professor Ricardo Fragelli. Fotos: Arquivo Pessoal

 

(Poema do choro)
Vamos, não seja tão retrô.
Chorando a gasolina, por quê?
Casa, oficina, shopping ou metrô.
Aulas online ao vivo na UnB! 

 

O que parece brincadeira, é coisa séria. Criatividade e bom-humor para os momentos sensíveis e de crise. Após o comunicado da UnB orientando a flexibilização da frequência dos estudantes em decorrência da falta de abastecimento de combustíveis e dificuldades nos sistemas de transporte, o professor Ricardo Fragelli, da Faculdade UnB Gama (FGA), teve uma ideia: oferecer aulas pela internet. Assim, os estudantes não ficariam sem os conteúdos e, ao mesmo tempo, não precisariam se deslocar ao campus.

 

“Quando a crise de abastecimento realmente atingiu a todos nós, a situação ficou insustentável. Então tivemos que buscar alternativas para minimizar o impacto”, conta o docente, reconhecido por suas soluções criativas e metodologias inovadoras.

 

A presença nos encontros virtuais não é obrigatória. Fragelli explica que, além de possibilitar a participação dos que não conseguiriam chegar ao campus, os vídeos com as aulas ficam disponíveis na internet e podem ser acessados em qualquer momento pelos estudantes. Os horários dos encontros são marcados por aplicativos de mensagens instantâneas e redes sociais.

 

“Os alunos se divertem enviando fotos de seus locais de transmissão e também nos divertimos entendendo melhor o contexto dos nossos estudantes. Alguns estão na própria Universidade, mas muitos estão em casa, no ônibus, metrô, shopping. Convidam até a família para participar”, relata o professor, entusiasmado.

 

A aluna Isabella de Morais assistiu à transmissão do seu quarto. “Para mim é ótimo, pois tenho um bebê pequeno e posso acompanhar os conteúdos e cuidar dele”. A futura engenheira considera que os encontros on-line estimulam o envolvimento dos estudantes e que a dinâmica da aula é, inclusive, mais atrativa. “Prendem mais a atenção do aluno. A utilização de meios tecnológicos na educação nos mostra que a internet não é apenas para entretenimento.”

 

“A aula foi bem intuitiva, com perguntas respondidas diretamente por aplicativo de mensagens instantâneas. Método simples, mas eficiente para o conteúdo aplicado”, revela Thiago da Silva, também aluno de Engenharia.

Da sala de aula on-line à sala de aula tradicional: estudantes acompanham, do Gama, encontro virtual com o professor Fragelli. Foto: Arquivo pessoal

 

Educação presencial e a distância estão cada vez mais próximas, na visão de Ricardo Fragelli. “Não há como conceber a educação para o terceiro milênio sem utilizar as inúmeras potencialidades das tecnologias de informação e comunicação”, completa.

 

INSPIRAÇÃO – A quantidade de encontros feitos ao vivo, pela internet, ainda não é expressiva. Mas a ideia tem mais adeptos e pelo menos outros três professores das Engenharias da FGA aderiram à alternativa.

 

“A aula segue uma dinâmica diferente. Tanto de exposição do professor como de participação dos alunos. Eles podem interagir comigo em tempo real pelo chat, sem precisar me interromper, diferente do que ocorre na sala de aula tradicional. E, por estar fora do ambiente formal da sala de aula, a exposição do docente pode ser mais livre e descontraída, o que o aproxima do aluno”, relata Vinícius Rispoli, professor da disciplina Cálculo 2.

 

Já Ronni Amorim ministra aulas de Cálculo e Física e reconhece as diferenças em relação ao ambiente tradicional, principalmente, pela ausência de contato físico com o estudante. “Entretanto, o feedback pode vir de outra forma, às vezes até mais eficiente. Em uma aula on-line, é provável que o estudante fique menos inibido para questionar e sanar dúvidas. Nesta segunda-feira, por ocasião da greve dos caminhoneiros, tive uma boa experiência com esse tipo de aula.” 

 

Para os professores que quiserem se juntar à iniciativa, Ricardo Fragelli dá dicas. “Planejar uma aula interativa, solicitar que os estudantes resolvam problemas, exercícios, buscar soluções na internet. Assim, a aula on-line fica muito mais interessante”. Uma boa ferramenta para a transmissão on-line, capaz de transmitir e promover interação entre os participantes, também é fundamental. “Particularmente, resolvi utilizar a transmissão ao vivo pelo YouTube e Hangouts em meu computador. Mantive o chat com os estudantes pelo WhatsApp, no celular. Se possível, é válido convidar algum colaborador para dar apoio durante a transmissão na mediação dos debates”, complementa.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.