Em 2018, 82 novos estudantes estrangeiros já ingressaram na UnB. Trinta e cinco deles vieram por programas de intercâmbio (33 para graduação, dois para mestrado); 27 foram selecionados pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), e 20 pelo pré-PEC-G. O número cresce se outras formas de ingresso forem consideradas, como vagas de aluno especial negociadas diretamente com departamentos, reserva de vagas para estrangeiros nas seleções de pós-graduação e o próprio vestibular ou SiSU. Há ainda o ingresso especial para refugiados e a matrícula de cortesia, destinada ao pessoal do corpo diplomático dos países com os quais o Brasil tem acordo de reciprocidade. Assim, há, no total, cerca de 230 estrangeiros estudando na UnB hoje.
Os que chegaram na Universidade neste 1º/2018 foram recebidos, nesta segunda-feira (12), em evento realizado pela Assessoria de Assuntos Internacionais (INT). As boas-vindas especiais já haviam começado na sexta (9), com visita guiada aos principais pontos turísticos da capital. Além dos alunos estrangeiros, alguns padrinhos – estudantes brasileiros da UnB que atuam como tutores – participaram do passeio. Entre eles, Eduardo Lopes, 20 anos, do curso de graduação em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo e à Sociedade da Informação (LEA-MSI/IL).
Padrinho de primeira viagem, Eduardo tem achado a experiência interessante, especialmente pela oportunidade de treinar o francês. Junto com Israel Lacerda, 19, do curso de Tradução-Inglês, ele está acompanhando o casal Natalia Medina, 25, e Santiago Perasso, 28. Ela é mexicana e ele, equatoriano. Se conheceram na França, onde cursam mestrado em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Comércio Internacional. Aqui, cursarão um semestre em LEA-MSI.
A japonesa Julia Nakamori, 20, também estudará este semestre no Instituto de Letras (IL) da UnB, mas no curso Português do Brasil como Segunda Língua, o mesmo que ela frequenta na Sophia University, em Tóquio. Apesar de poucos falarem o idioma no Japão, Julia entende que a língua de Camões tem seu lugar assegurado no mundo e é de grande relevância.
Otimista com a experiência no Brasil, a intercambista ainda está aprendendo a se deslocar pela cidade. Para quem está acostumada a um modelo funcional e bem definido, o sistema de transporte público daqui não tem ajudado. “Muito difícil e sem horário fixo”, descreve.
O choque com a mobilidade urbana une as impressões da japonesa e de colombianos recém-chegados à UnB. Lorena Becerra, 26, Dina Jaimes, 24, e Diego Iglesias, 27, cursam Direito na Universidad de Investigacion y Desarrollo, na cidade de Bucaramanga. Neste semestre, frequentarão três disciplinas da Faculdade de Direito (FD) da UnB e farão dois meses de estágio no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas não é o desafio acadêmico ou profissional que tem deixado os colegas preocupados.
“Brasília é muito bonita e organizada, mas pensada para andar de carro particular”, conclui Diego. O trio vai morar em Águas Claras e, por isso, leva cerca de 1h10 todos os dias para chegar ao campus Darcy Ribeiro. Apesar de incômoda, a distância não é a pior característica da cidade para os visitantes. Em uníssono e bom português, os colegas dizem o que mais os assusta por aqui: “O alto custo de vida!”.
Quem ainda não fala tão bem o português e está em Brasília justamente para aprender é o marfinense Konan Yves Roland, 21. Há menos de um mês no Brasil, o estudante teve uma semana de aulas no Núcleo de Ensino e Pesquisa em Português para Estrangeiros (Neppe). Ele participa do programa pré-PEC-G, por meio do qual jovens de países em desenvolvimento estudam português por um ano nas universidades brasileiras para obter proficiência no idioma. Depois, eles devem prestar um exame para comprovar fluência. A partir daí, são direcionados às graduações das universidades para as quais foram selecionados pelo PEC-G. Konan deve seguir na UnB, no curso de Relações Internacionais.
DE ONDE VÊM – A maior parte dos estudantes do pré-PEC-G são da República Democrática do Congo e do Benin. O mesmo vale para os integrantes do PEC-G: são sete beninenses e quatro congoleses. Já entre os intercambistas, a maioria é francesa, com nove estudantes, seguidos de quatro colombianos. No total, 15 são oriundos da Europa, dez da América Latina (Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai), seis da Ásia (Coreia do Sul e Japão) e quatro da América do Norte. Diferentemente dos estudantes do PEC-G, os intercambistas estudam na UnB por até dois semestres, em cursos que já frequentam em seus países de origem, onde são selecionados.
“O convívio com outras culturas, práticas, hábitos e religiões corresponde ao que se chama de internacionalização em casa”, comenta a diretora da INT, Sabine Gorovitz. Segundo ela, esta é a parte mais rica da experiência.
Lucia Ribeiro, coordenadora do Neppe, concorda. Para ela, trata-se de oportunidade de ampliar o conhecimento cultural e técnico. “Como professora para quem não fala português, sei que às vezes a chegada é difícil, mas que depois, tudo se assenta. Depende muito de quem chega, a disposição para fazer amizades, se apropriar de conhecimentos e conhecer novas culturas”, avalia.
Selecionados pelos dois programas não pagam para estudar na UnB. Há previsão de concessão de algumas vagas de moradia: na Casa do Estudante (CEU) para os integrantes do PEC-G; e na Colina para os intercambistas. Tanto estudantes pré-PEC-G quanto PEC-G fazem parte do grupo II do Restaurante Universitário (RU) e pagam R$ 1 por refeição.