INTERNACIONAL

Acordo de cooperação entre instituições dos dois países foi assinado nesta quinta-feira (10). Espaço na Finatec abriga três instituições francesas

 

Andrea Santos, da Finatec, vice-reitor Enrique Huelva, reitora Márcia Abrahão e embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, durante lançamento da Casa Franco-Brasileira da Ciência. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

“O coroamento de um trabalho de décadas de parceria.” Assim a reitora Márcia Abrahão definiu a inauguração da Casa Franco-Brasileira da Ciência, realizada nesta quinta-feira (10), no prédio da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), no campus Darcy Ribeiro. A solenidade marcou a formalização de acordo acadêmico, cultural e científico entre a Universidade de Brasília e a Embaixada da França.

 

Em funcionamento na Finatec desde janeiro de 2018, a Casa abriga três importantes órgãos franceses: o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Agronômico (Cirad), o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IRD) e a Campus France, agência governamental de mobilidade e cooperação acadêmica. A expectativa é que, com o acordo e o espaço físico dentro do principal campus da UnB, ações de intercâmbio acadêmico e técnico-científico sejam facilitadas.

 

De acordo com o embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, o espaço vem para integrar a atuação das instituições envolvidas, renovando a cooperação sólida e de confiança que existe entre a UnB e o país europeu. “Trata-se de um diálogo científico e universitário de altíssimo nível, por meio de uma parceria bilateral incomparável”, elogiou. A reitora detalhou que a Casa é resultado de meses de diálogo com a Embaixada da França. Nesse período, o vice-reitor Enrique Huelva realizou visitas técnicas a diversas universidades e instituições de pesquisa francesas.

Representantes de instituições francesas conheceram instalações da Casa Franco-Brasileira da Ciência, na Finatec. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

PARCERIA  O acordo assinado nesta quinta tem vigência de cinco anos, podendo ser prorrogado, e tem como base quatro ações norteadoras: cooperação científica; desenvolvimento sustentável, agenda clima e governança global; mobilidade acadêmica, científica e cultural; políticas linguísticas. Além de reforçar parcerias já existentes, a expectativa é ampliar e institucionalizar programas de cooperação, como o Brafitec da Capes, que promove o intercâmbio de acadêmicos de todas as áreas da engenharia.

 

Diretora da Assessoria de Assuntos Internacionais (INT) da UnB, Sabine Gorovitz destaca como ganho o alinhamento a padrões de internacionalização adotados pela França, que incluem, entre outros pontos, a utilização de laboratórios internacionais mistos de pesquisa que associam várias universidades e diferentes temáticas e áreas de estudo. “É um modelo muito eficiente e moderno de internacionalização, tornando o desafio da transversalidade mais viável de ser implantado”, considera.

 

O entendimento também prevê a oferta de mais disciplinas em francês, a partir de um mapeamento minucioso das áreas de interesse, com objetivo de atrair mais intercambistas à UnB. Outra meta é a organização de eventos em conjunto. O primeiro deles já tem data definida. Nos dias 3 e 4 de setembro, será realizado o seminário Jornadas Jovens Pesquisadores em Ciências Humanas e Sociais: olhares cruzados França-Brasil.

 

RELAÇÃO ANTIGA  A proximidade com a França existe desde a criação da UnB e vem se intensificando. Hoje, o país é o principal parceiro da Instituição, com maior número de acordos de cooperação internacional válidos: são 50 no total. “O modelo acadêmico da Universidade foi inspirado nas instituições francesas e historicamente há parcerias entre os professores no desenvolvimento de pesquisas e estudos técnico-científicos”, reforça Sabine.

Diretora da INT, Sabine Gorovitz destacou a importância do acordo assinado nesta quinta (10) para a internacionalização da Universidade. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Segundo relatório da INT, a mobilidade acadêmica já beneficiou mais de 300 estudantes brasileiros e franceses desde 2008. Mais de 30 disciplinas e cursos foram ministrados em francês na UnB. Atualmente, são 17 acordos de cotutela e três de dupla titulação.

 

Desde o início do ano, a UnB também faz parte da Associação das Universidades Francófonas (AUF), que reúne todas as instituições de países de língua francesa ou que tenham forte vínculo com o idioma. Em âmbito nacional, o Brasil é o primeiro parceiro de cooperação científica da França na América Latina, assim como a França foi pioneira na colaboração acadêmica brasileira na Europa.

 

CONFERÊNCIA  Com auditório lotado, a solenidade de inauguração da Casa Franco-Brasileira também apresentou conferência da antropóloga e biógrafa de Claude Lévi-Strauss, Emmanuelle Loyer. Professora do Instituto de Estudos Políticos de Paris (IEP), Emmanuelle abordou parte de sua pesquisa sobre a vida de Lévi-Strauss, explorando a relação do intelectual com o Brasil.

 

Ela contou que teve acesso a material pessoal de trabalho do etnógrafo, como correspondências, preparações para seus cursos, manuscritos e fotografias. A pesquisadora também revelou fatos curiosos e pouco mencionados sobre a vida do professor, como a contribuição ativa de sua primeira esposa, Dina Dreyfus, que o acompanhou durante as expedições pelo Brasil. 

Emmanuelle Loyer autografou biografia de Claude Lévi-Strauss após conferência. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Mais de 200 pessoas participaram do evento, entre representantes das três instituições que integram a Casa, pesquisadores que desenvolvem algum programa de cooperação internacional com a França e autoridades da UnB, como decanos e diretores de institutos.

 

A cerimônia também teve a presença de Alain Bourdon, conselheiro de Cooperação e Ação Cultural e diretor do Instituto Francês do Brasil, da Embaixada da França; de Denise Damasco, presidente da Associação dos Professores Franceses; de Philippe Orliange, diretor da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD au Brésil); e do embaixador da Malásia, Lin Juay Jin.

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