CIÊNCIA

Evento internacional encerra as atividades do biênio da Matemática no Brasil, instituído pela Lei nº 13.358/2016

 

Até a próxima semana, o Rio de Janeiro recebe a edição 2018 do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM), evento que reúne as mentes mais brilhantes do mundo na área para celebrar os esforços e as conquistas que subsidiam o desenvolvimento tecnológico mundial. O encontro acontece a cada quatro anos e, pela primeira vez, é realizado em um país do Hemisfério Sul. O ICM encerra as atividades do Biênio da Matemática no Brasil, instituído pela Lei nº 13.358/2016.

Antes da abertura do congresso, nesta terça-feira (31), aconteceu o Encontro Mundial para Mulheres em Matemática (WM)², evento ligado ao principal. O lançamento da primeira parte do documentário Journeys of Women in Mathematics e a abertura de exposição em homenagem à iraniana Maryam Mirzhakani, única mulher a conquistar a Medalha Fields – o Nobel da Matemática –, marcaram a programação.

O encontro reuniu cerca de 400 participantes de mais de 50 países. Ao longo do dia, o público assistiu a apresentações de mulheres destaques na área e discutiu os principais obstáculos para o acesso feminino às ciências exatas ao redor do mundo.

A professora Aline Pinto, do Departamento de Matemática da UnB, foi uma das participantes. “Essa troca de experiências é importante pra vermos mais claramente como é a participação da mulher na Matemática em outros países e culturas. Vemos países em que a participação da mulher é bem menor do que a brasileira e outros em que as mulheres são maioria”, observou.

Professora Zamurat Ayobani (à esquerda), da Nigéria, falou sobre os desafios culturais que se impõem ao avanço da ciência. Foto: Marcos Arcoverde/WM2

 

REALIDADES Divididos em mesas temáticas, os debates trataram de discrepância de gênero, diversidade, pesquisa na maternidade e outros assuntos. De acordo com a professora nigeriana Zamurat Ayobani, da Universidade de Gusau o maior obstáculo para o acesso de mulheres à carreira em Zamfara State é o casamento precoce.

Para ela, conversas com as garotas ainda no ensino médio e oferecimento de bolsas para o segundo grau poderiam fazer com que essa realidade fosse transformada. “Isso ajudaria os pais a perceberem que as filhas não precisam necessariamente de um marido para se manterem”, disse, para, em seguida, compartilhar seu relato de vida.

“Eu tive acesso a uma bolsa de estudos na faculdade, o que me fez perseguir a carreira. Hoje sou a única mulher no meu departamento. Me casei com 30 anos, quando já tinha investido muito na minha trajetória. Quero ser um exemplo”, disse.

Já a matemática francesa Marie Françoise Roy, professora da Universidade de Rennes e conhecida por seu trabalho em geometria algébrica, considera o estereótipo da mulher inteligente como um dos desafios para as garotas em seu país. “Muitas pensam que não serão amadas se forem muito inteligentes. Precisamos mudar isso”, defende.

Crianças podem participar do congresso internacional ao lado dos responsáveis. Foto: Alexandre Campbell/WM2

 

CUIDADO Como forma de amparar as participantes do ICM que são mães, o evento oferece estrutura de creche. O local recebe até 25 crianças de 2 a 12 anos e conta com monitores bilíngues e programação pedagógica especial.

"Fazemos sessões de relaxamento e ioga, porque algumas crianças se estressam longe dos pais. Em muitos casos, isso é agravado por estarem fora de seu país”, conta Daiana Alves, uma das coordenadoras.

ABERTURA Nesta quarta-feira (1º), ocorreu a cerimônia de entrega da Medalha Fields, mais importante prêmio da Matemática, que reconhece os mais notáveis e promissores profissionais com até quarenta anos de idade. O prêmio tem como objetivo estimular novas realizações e reconhecer trabalhos.

Quatro pesquisadores foram condecorados em 2018. O único brasileiro entre todos os 56 já agraciados com a medalha é o pesquisador Arthur Ávila, do IMPA, laureado em 2014, na Coreia do Sul.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.