O Conselho Universitário aprovou, nesta sexta-feira (16), a transformação do Parque Científico e Tecnológico (PCTec) da UnB em órgão complementar da instituição. A mudança de status traz como efeitos práticos a possibilidade de concorrência e adesão a editais de fomento e financiamento nas áreas de inovação.
Criado em 2007 por resolução do Conselho Diretor da FUB, o PCTec tem como objetivos ampliar a interação da Universidade com governo e empresas, promover o fortalecimento econômico e social do Distrito Federal e apoiar iniciativas de inovação, ciência e tecnologia, a partir da geração de conhecimentos, produtos e serviços para o mercado.
Até então, Biblioteca Central (BCE), Centro de Informática (CPD), Editora Universidade de Brasília (EDU), Fazenda Água Limpa (FAL), Hospital Universitário (HUB) e Rádio e Televisão Universitárias eram os órgãos complementares da UnB, de acordo com o Estatuto.
HOMENAGENS – Por aclamação, os conselheiros reunidos aprovaram a outorga do título de professor emérito a Augusto Bittencourt, professor aposentado do Instituto de Geociências (IG), e a Rita Segato, professora aposentada pela Faculdade de Saúde(FS). O servidor aposentado da Faculdade de Tecnologia (FT) Antônio Marrocos teve sua indicação ao título de mérito universitário aprovada por unanimidade.
Augusto Bittencourt foi professor do IG entre 1982 e 2013 e buscou manter contatos contínuos com instituições de fomento, para impulsionar a pesquisa na Universidade. “Augusto me deu aulas na graduação. Apesar da matéria que ele ensinava [Geofísica] ser muito difícil, era um excelente professor”, lembrou a reitora Márcia Abrahão.
Ao longo de sua trajetória, Rita Segato notabilizou-se como militante pelos direitos humanos. Em 2017, a pesquisadora ganhou o prêmio Mujer Iberoamericana. Ela participou como especialista no Tribunal de Direitos das Mulheres Viena +20 e como perita para o Ministério Público da Guatemala no julgamento de crimes sexuais cometidos contra mulheres de uma etnia local durante guerra civil. Por mais de 25 anos atuou no Departamento de Antropologia (DAN). Com a criação do Programa de Pós-graduação Em Direitoss Humanos (PPGDH) do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM), foi convidada para lecionar e atuou como pesquisadora orientadora e docente.
Rita aposentou-se como professora titular da Faculdade de saúde e onde foi convidada a atuar em 2010 no programa de Pós-Graduação em Bioética (PPGBioética), responsável por sua indicação ao título de professor emérito em reconhecimento à sua atuação acadêmica e militância pelos direitos humanos.
"Rita é uma pesquisadora de nível internacional que orgulha a UnB com sua produção científica", expressa o coordenador do PPGBioética, Volnei Garrafa, programa responsável pela indicação do título à docente. “Rita tem sido baluarte para que as questões de direitos humanos sejam discutidas no Brasil e no mundo. É uma referência que nós temos a honra de elogiar”, afirmou a professora Nair Bicalho, docente do PPGDH.
Responsável pelo parecer da indicação da docente ao título de emérita, a professora da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) Simone Perecmanis se emocionou.
"Causa consternação redigir este documento no contexto de assassinato de ativistas de direitos humanos, como o que aconteceu nesta semana”, disse, ao recordar a morte da vereadora da cidade do Rio de Janeiro Marielle Franco. Quem também fez referência ao caso foi o diretor da Faculdade de Tecnologia (FT), Antônio César Brasil.
O professor exaltou a importância do técnico administrativo aposentado Antônio Marrocos para a formação dos alunos da FT. “Trata-se de um daqueles servidores de carreira que se engajou na construção da Universidade de Brasília, transformando-se em modelo de referência na instituição e no fazer público”, registrou.
OUTROS TEMAS – Durante as discussões, a questão das demissões de trabalhadores na Universidade foi abordada. “Nossa situação orçamentária é gravíssima. Essa foi a solução encontrada para continuarmos funcionando”, esclareceu a reitora, informando sobre o risco da atribuição de improbidade administrativa à gestão, caso não haja responsabilidade com os gastos.
Márcia Abrahão explicou que R$ 600 milhões dos mais de R$ 2 bilhões prometidos pelo Governo Federal às prefeituras foram retirados dos orçamentos das universidades. Só a UnB teve um corte superior a R$ 14 milhões. “Nossas contas e dados estão abertos a quem se interessar. Convido aqueles que tiverem sugestões a apontá-las”, completou.
O Consuni aprovou ainda a substituição de três nomes do conselho editorial da Editora Universidade de Brasília (EDU) e o regimento interno da Ouvidoria. “As demandas do setor têm se tornado mais complexas, precisamos desse subsídio para tocá-las”, manifestou a ouvidora da UnB, Ivoneide Brito.
PROTESTO – Trabalhadores do Hospital Universitário (HUB) em mobilização estiveram presentes à reunião e pediram uma mesa de negociação sobre a flexibilização de jornada dos plantonistas do órgão. Eles entregaram um abaixo assinado à reitora, que afirmou acreditar que o caminho administrativo é a melhor solução, e que a Universidade está aberta à continuidade do diálogo.
A comissão de flexibilização da Universidade já havia apreciado a demanda de 30 horas para os servidores lotados no Hospital Universitário, no entanto, a medida não afetou os plantonistas, de acordo com os manifestantes. O chefe de gabinete da reitora, professor Paulo César Marques, foi destacado para mediar as conversas em busca do melhor encaminhamento às demandas dos trabalhadores.