SAÚDE DOS BICHOS

Bolsas coletadas podem salvar a vida de animais de diferentes portes e raças. Saiba como tornar seu cão ou gato um doador

Professores e estudantes da UnB atuam junto ao banco de sangue do Hospital Veterinário, que busca doadores caninos e felinos sob requisitos específicos. Foto: Divulgação

 

Seu cão e gato podem salvar vidas! Isso é possível graças ao projeto de extensão da UnB Uma pata salva a outra, que estrutura e divulga o Banco de Sangue Animal do Hospital Veterinário (HVet), vinculado à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV).

 

Criado em 2012, o projeto surgiu da necessidade de suprir a demanda do hospital por bolsas de sangue para transfusões que cães e gatos necessitam. Ele busca garantir o fornecimento de hemocomponentes de qualidade para o atendimento clínico, ambulatorial e cirúrgico dos animais e envolve os estudantes de graduação e pós-graduação nas rotinas da hematologia e hemoterapia.

 

As bolsas coletadas podem salvar a vida de animais de diferentes portes e raças. Mesmo assim, o Banco de Sangue enfrenta períodos de baixa no estoque, principalmente porque muitas pessoas ainda desconhecem esse tipo de doação, o que reduz a adesão. Por isso, a busca ativa de doadores caninos e felinos e a divulgação do projeto é tão importante.

 

“Um dos maiores desafios do Banco de Sangue é a captação de doadores, hoje nós temos um arquivo com mais de 150 inscritos, mas a maioria não é regular”, afirma o coordenador do projeto, professor Jair Costa. Ele lembra que, a partir de uma doação, diferentes animais são contemplados, além disso, a rotatividade é menor que outros bancos de sangue, pois o fornecimento é somente para pacientes do HVet. 

Com eventos públicos, o projeto de extensão Uma pata salva a outra leva a atuação de docentes e futuros médicos veterinários para além do hospital, das salas de aula e dos laboratórios. Foto: Divulgação

 

Para divulgar e trazer novos doadores, a equipe promove eventos públicos, dentro e fora da Universidade, para aproximar tutores, profissionais e a comunidade dessa causa. Além de ajudar animais, o projeto permite que os estudantes acompanhem de perto a rotina do hospital.

 

“Nós desenvolvemos habilidades técnicas e profissionais, como coleta e processamento de hemocomponentes, interpretação de exames laboratoriais, avaliação clínica de doadores e conhecimentos sobre tipagem sanguínea e compatibilidade transfusional”, afirma Isabel Bertucci, estudante de Veterinária e integrante do projeto.

 

Ela frisa que também são trabalhadas competências de comunicação com tutores, manejo humanizado de animais e trabalho em equipe. Assim, a ação promove educação de qualidade, enquanto trabalha a conscientização sobre a doação de sangue entre pets.

 

DOAÇÃO – Camilla Canelada, também estudante de Veterinária, é tutora de uma cadela e de onze gatos. Quatro dos felinos – Arizona, Atena, Pamela e Yeti –, que se encaixam nos pré-requisitos, hoje são doadores do projeto. 

A estudante Isabel Bertucci conta que as bolsas coletadas podem salvar a vida de cães e gatos de diferentes portes e raças. Foto: Divulgação

 

“Já vi animais precisando de uma transfusão de sangue e a angústia da família e da equipe veterinária atrás de uma bolsa”, conta Camilla. Ela também já esteve do outro lado, quando sua gata Afrodite passou por cirurgia e precisou de doação.

 

“Ela tinha só dois meses e a veterinária disse que ela não teria sobrevivido sem a transfusão. Hoje, a irmã dela Atena é uma das doadoras, para ajudar a salvar gatinhos, como um dia nos ajudaram”, diz.

 

Cerca de oito transfusões são realizadas por semana no Hospital Veterinário. O procedimento é indicado em casos de hemorragias, cirurgias ou doenças que reduzem componentes do sangue, como anemia, insuficiência renal e alterações na medula óssea.

 

Para as doações de sangue canino, são usados os mesmos insumos necessários para humanos adultos, uma bolsa com cerca de 400ml. Já para os felinos são utilizadas as bolsas pediátricas. Em ambos os casos, a doação pode ser feita a cada três meses.

 

PARTICIPE – Os tutores interessados em inscrever seus animais preenchem um formulário on-line. Após a análise dos dados e confirmação dos pré-requisitos, é agendada a coleta. No dia da doação, o animal passa por exames de sangue e testes rápidos para doenças transmissíveis por sangue.

 

Com os resultados dentro da normalidade, é feita a coleta da bolsa de sangue. Ela segue para o processamento, onde é realizada a separação dos hemocomponentes – hemácias, plasma, plaquetas – e outros testes. Cada um deles é conservado de um modo diferente. O concentrado de hemácias é refrigerado por até 21 dias, o plasma fresco por um até ano e as plaquetas por até 5 dias.

 

Somente após todas as etapas, o hemocomponente é liberado para uso. “Para o doador não existe nenhum risco e o animal não sente nada após a doação. Os parâmetros hematológicos retornam à normalidade 12 dias após a doação", afirma o professor Jair. A estudante Isabel ressalta que “antes da transfusão, são realizadas tipagem sanguínea do doador e receptor e teste de compatibilidade, reduzindo o risco de reações transfusionais”. 

 

Os pré-requisitos para doação são: cães com no mínimo 25 kg e gatos com no mínimo 4 kg; idade entre 1 e 8 anos; o animal estar saudável e com vacinação e vermifugação atualizadas. Além disso, deve haver ausência de obesidade; nunca ter recebido transfusão; estar livre de pulgas e carrapatos; temperamento calmo e dócil; e, no caso de fêmeas, não pode estar gestante, lactante ou no cio.

 

O hospital funciona de segunda a sexta-feira das 8h às 18h. Em caso de dúvidas, os tutores podem entrar em contato por e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., por telefone (61) 3107-2801 ou pelo Instagram.

 

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