A atual situação dos reservatórios de abastecimento do Distrito Federal tem, não apenas, preocupado autoridades, mas também instigado pesquisadores em busca de soluções para o problema. Com o intuito de fomentar a participação da Universidade nessas discussões e auxiliar nas tomadas de rumos pelo poder público nos próximos anos, a UnB recebe, até esta sexta-feira (1º), o I Seminário Temático do Instituto de Ciências Humanas (IH), com o tema Crise hídrica: apurando responsabilidades socioambientais do passado, presente e futuro.
O horizonte das políticas de desenvolvimento para os recursos hídricos, os desastres em águas brasileiras, o zoneamento ecológico e econômico do Distrito Federal e a privatização dos serviços de saneamento estão entre as principais pautas das mesas-redondas e conferências que integram a programação. Nesta quinta-feira (31), representantes da UnB, de fóruns e de entidades deram as boas-vindas aos participantes, no anfiteatro 10 do ICC Sul.
Segundo o diretor do IH, Mário Diniz, a proposta do seminário é “colher diversas opiniões e percepções sobre o problema da crise hídrica que agora aflige o Centro-Oeste, mas que já ocorreu em outras regiões do país”. A partir daí, a ideia é apresentar contribuições da Universidade para o avanço em políticas públicas que revertam a situação e evitem novos episódios.
CENÁRIO – No último mês, o reservatório do Rio Descoberto, um dos principais para o abastecimento da população do Distrito Federal, atingiu níveis preocupantes, operando com volume abaixo dos 30%. O quadro, no entanto, tem se mostrado alarmante desde meados de 2016. “Problemas desta categoria requerem ações integradas, plurais, com dimensões técnicas, políticas e sociais”, completou Diniz, durante a abertura.
Para o chefe de gabinete da reitoria, Paulo César Marques, integrar as diversas áreas do conhecimento na produção de intervenções que auxiliem a sociedade é uma missão que a UnB tem procurado assumir ao realizar eventos como esse. “Nossa visão é de retomada de aspectos históricos da Universidade, como ser universal no tratamento das problemáticas e debater os grandes temas nacionais e internacionais”, declarou.
As reflexões levantadas no evento devem resultar em documento a ser apresentado no 8º Fórum Mundial da Água, em 2018, que será realizado em Brasília e contará com a participação da UnB em suas atividades. Horácio Figueiredo, representante da edição do fórum no Brasil, avaliou que será um importante momento para “elevar o tema da água na agenda política do país”. Apesar de o evento não ter caráter deliberativo, Horácio apontou que as discussões realizadas podem resultar no indicativo de políticas relacionadas ao tema da água, o que torna essencial a mobilização da Universidade.
Edson Aparecido da Silva, membro da coordenação do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), do qual a UnB também fará parte, parabenizou a instituição pelo apoio aos eventos internacionais, e comentou que assim ela “resgata um papel histórico na luta pela democracia, soberania nacional e diretos humanos".
CONTINUIDADE – Outras duas conferências fizeram parte das atividades desta manhã. O perito criminal Rodrigo Mayrink apresentou os caminhos das investigações do desastre ocorrido em 2015 na Barragem do Fundão, em Minas Gerais. O rompimento da barragem, administrada pela empresa Samarco, provocou o vazamento de rejeitos de mineração ao longo do Rio Doce. Por sua vez, o professor Edson Farias Melo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) liderou discussão sobre a mineração nos planos diretores municipais e a licença social para operação das mineradoras. Além das mesas e conferências, haverá durante o seminário um espaço para que alunos de graduação e pós-graduação possam apresentar trabalhados relacionados ao tema.
ORGANIZAÇÃO – O seminário é uma iniciativa do Instituto de Ciências Humanas, da Comissão da Reitoria envolvida nos preparativos do 8º Fórum Mundial da Água e do Comitê Local e Nacional do FAMA. Além de garantir a presença da Universidade nos dois eventos internacionais, a instituição se propõe, a partir de atividades como este seminário, a engajar a comunidade acadêmica no debate sobre a água e articular contribuições que possam ser levadas a esses espaços.