SOCIEDADE

Plataforma digital desenvolvida pela UnB oferece cursos on-line gratuitos para a população, em parceria com Ministério do Trabalho

 

Escola do Trabalhador procura ser ferramenta de combate ao desemprego. Arte: Igor Outeiral/Secom UnB

 

Interessados em aprimorar a capacitação profissional podem recorrer a uma nova ferramenta: a Escola do Trabalhador – plataforma digital de ensino a distância fruto de parceria entre UnB e Ministério do Trabalho (MTB). A iniciativa está inserida no programa Emprega Brasil. A expectativa é alcançar 6 milhões de pessoas até o fim de 2018. Ao todo, serão oferecidos 50 cursos on-line gratuitos. Os primeiros 21 já estão disponíveis. Os cursos foram pensados tanto para auxiliar na reinserção ao mercado de trabalho quanto para aprimorar o desempenho laboral. 

 

Para participar, o usuário precisa apenas ter acesso à internet e ser alfabetizado, não há qualquer pré-requisito de formação. A pessoa pode se inscrever em quantos cursos desejar, informando somente CPF e e-mail. Desde o lançamento da plataforma, em novembro, houve mais de 2 milhões de acessos e 900 mil pessoas inscritas. O objetivo é ajudar principalmente trabalhadores desempregados que não têm conseguido ocupar novos postos.

 

As aulas têm audiodescrição e tradução em Libras. O material pode ser baixado e acompanhado off-line, em computador ou dispositivo móvel. Baseados no software livre Moodle, os cursos – produzidos por professores e técnicos administrativos da UnB – foram desenvolvidos a partir da análise de dados estatísticos sobre mercado de trabalho e necessidades de empregadores e trabalhadores. 

 

Eles estão agrupados em 12 áreas temáticas, de acordo com o Guia de Cursos de Formação Inicial e Continuada do Ministério da Educação (MEC): Ambiente e Saúde; Controle e Processos Industriais; Desenvolvimento Educacional e Social; Gestão e Negócios; Informação e Comunicação; Infraestrutura; Produção Alimentícia; Produção Cultural e Design; Produção Industrial; Recursos Naturais; Segurança; Turismo, Hospitalidade e Lazer.

 

Cada curso tem 40 horas-aula de duração. “Não são cursos profissionalizantes, mas de qualificação”, reforça a professora da UnB Thérèse Hofmann, coordenadora do projeto. A proposta é a de educação continuada, com oferta de cursos de extensão. Segundo Thérèse, um dos mais acessados é Introdução ao Excel. Há também grande interesse por Espanhol e inglês aplicados ao ambiente de trabalho. Ao fim, a pessoa inscrita recebe certificado eletrônico de conclusão de curso de extensão da Universidade de Brasília.

Professora Thérèse Hofmann (em pé) e estudantes da UnB que participam do projeto Escola do Trabalhador. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Pouco a pouco, o portal Escola do Trabalhador incluirá técnicas de gamificação – baseadas em jogos eletrônicos –, de modo a tornar os cursos mais interessantes e didáticos. Há, ainda, previsão de o portal divulgar vagas de emprego e de estágios.

 

DADOS E PESQUISAS  A iniciativa propõe não apenas a oferta de cursos, como também viabiliza coleta de dados para auxiliar o MTB a construir políticas públicas para o setor. 

 

Para tanto, serão analisadas as bases Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e Seguro Desemprego (SD). Já a base de dados da Escola do Trabalhador fornecerá informações sobre perfil dos inscritos, cursos realizados, duração, conjunto de cursos percorridos pela população usuária, certificados obtidos, profissões exercidas etc.

 

“O portal será também um sistema de suporte a decisões, permitindo orientar recursos para formações que gerem mais empregabilidade, considerando a diversidade regional existente no país”, afirma Rafael Timóteo de Sousa Junior, coordenador de núcleo da UnB ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Segurança Cibernética.

 

De acordo com o docente, a plataforma virtual fornecerá dados sobre a efetivação de estudantes no mercado de trabalho. À medida que são compiladas, as informações são disponibilizadas na página de Indicadores da Escola do Trabalhador.

 

Além de ser uma oportunidade para que a UnB contribua na formulação de políticas públicas, a iniciativa tem possibilitado a integração de várias linhas de pesquisa desenvolvidas na Universidade. A realização do projeto interdisciplinar, na avaliação de Timóteo, é relevante por oferecer a estudantes, professores e pesquisadores temas de interesse e atualidade para a investigação científica. Ademais, o que for desenvolvido para a Escola será aproveitado pela UnB, como, por exemplo, o aperfeiçoamento da plataforma Moodle, já adotada pela comunidade acadêmica.

 

TRANSPARÊNCIA – A parceria entre UnB e MTB foi firmada por Termo de Execução Descentralizada (TED) e tem duração de 30 meses. Por esse acordo, a Universidade receberá R$ 20 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A decana de Administração, Maria Lucilia dos Santos, explica que a UnB estabeleceu acordo com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) para executar o projeto.

 

Desta maneira, cerca de R$ 18 milhões serão repassados ao órgão de apoio para custear gastos como material de consumo, transporte, contratação de pessoal e equipamento. O valor restante, correspondente a 10% do montante original, equivale aos custos indiretos referentes à utilização da infraestrutura física e dos recursos humanos da Universidade, conforme determina a Resolução 45/2014 do Conselho de Administração (CAD) da Universidade.

 

"Essa verba de R$ 2 milhões será usada para manutenção, como gastos com energia elétrica e água, e desenvolvimento da Universidade", esclarece Maria Lucilia. Mas a quantia não impacta as contas. Para se ter uma ideia, a UnB gasta por ano, em média, R$ 15,5 milhões com energia elétrica e R$ 6,2 milhões com água.

 

A decana do DAF ressalta que, ainda de acordo com a resolução do CAD, 50% dos recursos obtidos a título de custos indiretos é destinado à unidade captadora, no caso o Instituto de Artes (IdA), e 50% à Fundação Universidade de Brasília (FUB). Entretanto, acordo entre a Diretoria de Apoio a Projetos Acadêmicos (DPA/DPI) e o Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DPO) prevê que a parcela arrecadada pelas unidades será utilizada pela FUB e ressarcida posteriormente às unidades.

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