O sistema imune é um dos processos biológicos mais complexos do corpo humano. Um dos desafios da imunologia é entender essa complexidade, em especial quando se considera a emergência de doenças como câncer e patologias autoimunes. No Brasil, o campo surgiu com o estudo de doenças parasitárias. Mesmo com o esforço da ciência para tentar reverter esses problemas de saúde, ainda hoje convivemos com enfermidades sem vacina, como a malária e o zika vírus.
“As respostas a essas doenças passarão por pesquisa na imunologia”, afirma o professor do Instituto de Ciências Biológicas (IB) e integrante do comitê organizador do II Simpósio de Imunologia do Centro-Oeste Marcelo Brígido. Entre os dias 3 e 5 de setembro, o IB reunirá membros da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) do Centro-Oeste, oriundos de instituições públicas federais (UnB, UFG, UFMT e UFMS) e privadas. As inscrições estão abertas e podem ser feitas até dia 26 de agosto.
Segundo o professor, Brasília e Goiânia são as principais cidades nos estudos sobre imunologia na região. A proposta do evento é promover parcerias para fortalecer as iniciativas de pesquisa. “É uma tentativa de homogeneizar, erguer os grupos emergentes e articular formas de obter recursos e financiamento para as investigações”, informa Brígido.
A expectativa também é estabelecer diálogo entre os programas de pós-graduação (PPGs) em busca de formas de cooperação e crescimento dos estudos. De acordo com a programação, as atividades de integração dos PPGs ocorrerão na manhã do dia 4 de setembro. “Há carência de pesquisa nessa área. Queremos crescer para estabelecer uma comunidade que permita discussão interna e pesquisas com identidade própria”, projeta.
Ponto alto da programação, a conferência de encerramento intitulada Imunologia, microbiota e amor será proferida pelo professor emérito Eduardo Torta. “Estabelecerá correlação entre a microbiota, tema recente na ciência e que se refere aos micro-organismos que convivem com a gente, e como isso se relaciona com o amor”, comenta Brígido.
PIONEIRISMO — No Centro-Oeste, a UnB é pioneira no campo de estudo, com pesquisas sobre doenças tropicais e parasitárias. A tradição em Brasília começou na década de 1970, com atuação do professor Eduardo Torta, entre outros docentes. Pela sua contribuição à pesquisa da área, Torta será homenageado ao final do evento.
“Hoje existem vários campos que atraem pesquisadores, como a biotecnologia e a imunoterapia (produção de anticorpos para tratamento de doenças autoimunes)”, afirma. Brígido destaca que o curso de Patologia Molecular da UnB é o único de pós-graduação de Imunologia do Centro-Oeste com nota 6 pela avaliação da Capes.