Dezenas de pessoas reuniram-se no campus Darcy Ribeiro, na tarde desta quarta-feira (10), em um ato de repúdio à depredação de livros com a temática de direitos humanos. As ações de vandalismo registradas na Biblioteca Central (BCE) da UnB foram divulgadas na quinta-feira da semana passada (4).
O clima entre estudantes, professores e demais participantes da manifestação era de indignação. “Rasgar livros é um ataque contra os direitos humanos e os conceitos democráticos, além de ferir profundamente os princípios de liberdade que norteiam nossa Universidade”, indignou-se a professora Tatiana Lionço, coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Diversidade Sexual e de Gênero (Nedig/Ceam).
A passeata concentrou-se na entrada norte do Instituto Central de Ciências (ICC) e desceu rumo à entrada da BCE. No local, professores e estudantes fizeram pronunciamentos a favor da democracia e contra o cerceamento da liberdade de pensamento e opinião. Houve menções ao período conturbado vivido no cenário político, relacionado às eleições presidenciais.
“Quem fez isso tinha intenções definidas. Não rasgaram livros de matemática ou física, apenas aqueles com pautas voltadas à defesa dos direitos humanos”, observou o mestrando em Direitos Humanos Jack Araújo. “Não podemos ficar calados quando a nossa liberdade é ameaçada”, completou.
A defesa e a promoção dos direitos humanos é tema da campanha institucional da Universidade de Brasília em 2018. O Conselho de Direitos Humanos da UnB (CDHUnB) publicou nota de repúdio à ação de vandalismo registrada na última semana. Leia a íntegra abaixo:
Nota do Conselho de Direitos Humanos da UnB
O Conselho de Direitos Humanos (CDH) da Universidade de Brasília (UnB) vem a público manifestar o seu repúdio à mutilação criminosa de livros do acervo da Biblioteca Central (BCE) da Universidade, que versam sobre os Direitos Humanos e teorias científicas referentes ao surgimento da espécie humana.
A depredação desses livros atenta não só contra o patrimônio público, mas constitui uma violência contra a democracia e a sociedade brasileira, na medida em que pretende cercear direitos à liberdade de expressão e pensamento, à memória, à verdade, à educação em direitos humanos e ao desenvolvimento científico, consolidados pela Constituição Federal de 1988 e por convenções internacionais das quais o Brasil é signatário.
Trata-se de ato de vandalismo que guarda correspondência com terríveis passagens da história brasileira e mundial, marcadas pela intolerância, a censura e a violência. Tais atos são inadmissíveis em uma universidade pública – espaço dedicado, por excelência, à formação crítica e cidadã, em prol da construção de uma sociedade mais justa, plural e democrática.
O CDH da UnB solidariza-se com a BCE e conclama a comunidade universitária a defendê-la, como parte importante do patrimônio material e imaterial da Universidade, necessário à salvaguarda da memória sobre direitos conquistados e o combate à intolerância e à opressão.