De baixa estatura, ele vive cercado por imensas pilhas de livros. Dono de uma voz doce e sempre disposto a ajudar, Chiquinho encontra brechas entre um exemplar e outro para revelar a grandeza por trás de cada página. Sua paixão pelos livros o trouxe do Piauí para a Universidade de Brasília, onde se tornou uma referência e, por que não, parte do legado da instituição.
A história do livreiro já estampou manchetes de jornais e agora é contada no documentário Chiquinho, o livreiro da UnB, do jornalista e professor aposentado da Faculdade de Comunicação Hélio Doyle.
O pré-lançamento exclusivo para a comunidade acadêmica está marcado para esta quarta-feira (29), às 18h, no anfiteatro 10 do ICC. O evento é aberto e gratuito, mas é importante chegar cedo, como recomenda o próprio Chiquinho. "Eu peço a quem puder que esteja lá às 17 horas. É um evento com importância sem precedentes para a minha vida. Vou ficar muito feliz e convido a todos e a todas para estarem presentes."
Hélio e Chiquinho se conheceram em 1985, quando o jornalista trabalhou como assessor de comunicação do então reitor Cristovam Buarque. A sugestão do livreiro como personagem de filme veio do filho de Hélio, Gabriel Colela.
"Quando tive a revista Meia Um, sempre fazíamos um perfil de alguém, uma pessoa importante, porém não muito conhecida, que tivesse algo de destaque na vida mas não fosse celebridade. No documentário queria fazer o mesmo. Conversando com meu filho, que é o assistente de direção, ele sugeriu o Chiquinho e eu achei a ideia ótima", conta.
Descrito no trailer do filme como "um sonhador" e "personagem indispensável e insubstituível", Chiquinho tem se mostrado entusiasmado – e ansioso – com a homenagem. "Vou beber muita água para dar conta desse momento. Essa produção tem um significado histórico, e também é uma forma de reconhecimento a essas minhas quatro décadas na UnB", diz.
O enfoque da produção é o próprio personagem, praticamente um autodidata que começou seu caminho vendendo jornal. "Alguém que conversa de igual para igual com professores e alunos e é respeitado por grandes escritores", comenta o diretor.
O valor da leitura também compõe a narrativa. "Tem duas questões, uma é o livreiro, que é uma figura em extinção, aquela pessoa que conhece os livros, que te orienta, que dá palpite. E tem o lado da importância do livro para as pessoas e para a cultura", explica Doyle.
Veja o trailer do documentário, que será lançado nesta quarta (29) para a comunidade acadêmica da UnB:
CENÁRIO – Apesar de a narrativa ser pautada na trajetória de Chiquinho, a Universidade e a comunidade acadêmica entram como pano de fundo na produção. Em um momento no qual as universidades federais passam por bloqueios no orçamento, o documentário, que não foi idealizado como uma manifestação, acaba contribuindo para o debate.
"São tristes coincidências, na minha opinião. A UnB está sofrendo esse ataque material e também um ataque teórico, de dizer que a universidade é desimportante, que é desimportante estudar filosofia, sociologia”, opina. Também por isso, o professor acredita que o documentário, contando a história de um personagem ligado à paixão pelo conhecimento e à própria Universidade, é uma forma de prestigiar a UnB.
Estrela do documentário, o livreiro também se diz preocupado com os dias atuais. "Uma coisa que venho pensando sempre é sobre três conceitos que estão sendo esquecidos pela sociedade: prudência, lealdade e cuidado com o outro." Ao mesmo tempo, ele faz coro com o amigo Doyle e lança flores à Universidade. "Tenho um amor profundo pela instituição, que me recebeu com amizade e que me completa. Sinto como se fosse uma segunda casa, ou até mesmo a primeira e principal."
SERVIÇO:
Pré-lançamento do documentário Chiquinho, o livreiro da UnB
Dia 29 de maio, às 18h
No anfiteatro 10 do ICC, campus Darcy Ribeiro
Entrada franca
*do GPS Lifetime.
** estagiário de Jornalismo na Secom/UnB.