Benim, um pequeno país do continente africano, foi o primeiro a reconhecer o Brasil como república, quase uma década antes da proclamação oficial, em 1889. Quem conta essa história é o beninense Yann Amoussou, estudante de Relações Internacionais da UnB e um dos participantes mais ativos da Semana da África 2019.
O empresário, que apresentou ao público que passou pelo ICC Sul um desfile de trajes africanos, uma oficina de tranças, e contou curiosidades sobre a cultura do outro lado do Atlântico, representa bem como a Universidade de Brasília de hoje e a África, ancestral e moderna, têm tudo a ver.
A relação entre Brasil e Benim, que já foi parte do reino de Daomé, foi marcada pelo comércio de escravos no período colonial, mas perdurou ao longo da história. Hoje, há em Salvador a Casa do Benin, e naquele país há uma instalação cultural brasileira correspondente.
À vontade na Universidade, Amoussou reconhece que a imersão na cultura natal ao longo de uma semana inspira saudade de seu país. “Sinto muita falta da minha mãe, minha relação com ela é muito forte. Também sinto falta do Agoun, uma comida típica do Benim, feita com inhame.”
Comidas, danças e roupas típicas foram mostradas ao público ao longo da programação, que se encerrou no último sábado (25). O estudante de Engenharia Mecatrônica Alexandre Ferreira soube do evento pelas atividades que promovidas no Restaurante Universitário. Ele e a aluna de Educação Física Ranna Maia aprovaram o uso de espaços abertos para envolver a comunidade.
Além dos momentos festivos, muito conhecimento a respeito do continente foi compartilhado. Nascida em Gana, a estudante Janet Sallis também cursa Relações Internacionais na UnB. Ela ministrou palestras para informar melhor a comunidade a respeito da África.
“Com a programação da Semana, temos oportunidade de exibir as vivências, de apresentar quem são os colegas estrangeiros que estudam aqui, assim como expor um outro lado do continente, pois não há só fome e guerra na África. Temos tecnologia, ciência e cultura para mostrar”, afirma.
As atividades foram propostas por alunos africanos do Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G) e pela Associação de Alunos Africanos da UnB, em parceria com a Assessoria de Assuntos Internacionais (INT). De acordo com o coordenador do PEC-G na INT, Rogério Almeida, a autonomia gerou nos discentes sensação de pertencimento – cumprindo um dos objetivos da semana temática.
O coordenador faz um balanço positivo da semana e considera que os estudantes estrangeiros podem dar muito retorno à instituição quando encontram espaço para compartilhar seus conhecimentos.
“Eles transformam a visão que a maioria tem sobre a África. Após a graduação se tornarão professores, empresários ou representantes de suas nações, e levarão esse contato com o Brasil em suas relações profissionais”, diz. “Deixar abertas as portas da Universidade ao estrangeiro só tem a contribuir, tanto com nossas expectativas de internacionalização como com setores sociais, econômicos e culturais do Brasil e dos países envolvidos”, completa.
Para os próximos anos, Rogério Almeida espera contar com o apoio de professores que ministram disciplinas relacionadas à África na Universidade. “Se eles convidarem seus estudantes a acompanharem o evento, teremos um impacto muito maior”, projeta.
*estagiário de Jornalismo na Secom/UnB.