Uma aula sobre como empoderar mulheres para a ciência. Assim foi a conversa de professoras e estudantes com a astrônoma Duilia de Mello na manhã desta segunda-feira (19). No encontro, foram apresentados projetos da Universidade que estimulam meninas a ingressarem em cursos de Exatas. Duilia, que fez a palestra inaugural noturna do #InspiraUnB na semana passada, conheceu as iniciativas e trocou experiências sobre estratégias que possam alcançar mais jovens.
"É preciso incentivar atividades com as garotas antes da adolescência, principalmente na faixa dos 9 aos 12 anos", defendeu ela, que é fundadora da Associação Mulheres nas Estrelas (AME), com foco na popularização da ciência entre meninas. Uma das ideias trazidas por Duilia foi a sistematização de um livro, com histórias capazes de inspirar as jovens estudantes.
Ela também recomendou que professoras e estudantes da UnB trabalhem sua própria imagem. "Não sejam modestas. O trabalho de vocês é incrível. Sejam as mulheres nas quais as meninas querem se inspirar", disse. Outro conselho foi a adoção de redes sociais para a divulgação científica, ainda mais em um momento em que todo o papel da ciência vem sendo questionado. "Não adianta ficarmos falando só para convertidos. É preciso usar as redes, nos aliar a pessoas que já são populares nos canais", pontuou.
EMPODERAMENTO – Coordenadora do projeto Meninas na Computação (ou Meninas.comp), a professora Aletéia de Araújo falou sobre a relevância da iniciativa, tanto para as estudantes de ensino fundamental e médio quanto para as graduandas, que atuam como monitoras. "Elas chegam aqui (na Universidade) e passam a viver em um ambiente predominantemente masculino: a maioria dos colegas são homens, assim como os professores. Essas jovens precisam se fortalecer", ressaltou.
O Meninas.comp busca apresentar a área da computação de maneira lúdica e criativa. São realizadas aulas com professores parceiros (atualmente, em 11 escolas do DF), que repassam as informações para as estudantes interessadas. Depois, as meninas montam projetos com base no que aprenderam.
ENGENHARIAS – Outro projeto apresentado foi o Meninas Velozes, cujo objetivo é popularizar as engenharias, também junto a alunas de escolas públicas. "Percebemos, ao longo do tempo, que era preciso manter turmas só de garotas mesmo, porque, quando há grupos mistos, os meninos acabam assumindo o controle e elas ficam sem o aprendizado", contou a coordenadora da iniciativa, professora Dianne Magalhães Viana. No Meninas Velozes, são realizadas oficinas, palestras e ações para o fortalecimento da autoimagem.
As duas iniciativas estão institucionalizadas como projetos de extensão, mas os resultados também são perceptíveis na interface do ensino e da pesquisa, inclusive, com a publicação de artigos científicos sobre as ações.
O grupo que esteve reunido na segunda-feira planeja manter relações de cooperação, com a perspectiva de estabelecer uma rede nacional de promoção de ingresso de mulheres nas carreiras de ciências.