RECEPÇÃO

Aula Magna faz parte da recepção aos estudantes. Semestre letivo iniciou nesta semana

Foto: Emília Silberstein/UnB Agência

 

Dentro do espírito de internacionalização que marca os eventos de recepção aos alunos neste ano, o convidado de honra escolhido para dar as boas-vindas foi o reitor emérito da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, que também é professor visitante na UnB.

 

O ilustre educador falou sobre o que faz da universidade uma instituição universal que atravessa séculos. Mas antes agradeceu a oportunidade de abrir o semestre letivo com uma citação de Tomás de Aquino. "Obrigado é uma palavra que só existe na língua portuguesa e representa o nível mais profundo de gratidão que é a retribuição", disse.

 

DISCURSO – Para Nóvoa, o elemento fundamental de uma universidade são os estudantes. O educador ressalta que só o que tem capacidade de renovação sobrevive. "Prédios podem continuar sendo os mesmos, mas, todos os anos, alunos ingressam com sonhos e vontade de inovar. Por isso, o dia inaugural é o mais importante. É quando chegam novas ideias e novos projetos", acredita.

 

Segundo ele, numa cultura com excesso de controle, burocracia e relatórios de produtividade, é preciso olhar novamente para o ato de ensinar. "O que faz uma universidade grande é a energia em torno do estudo e do trabalho, seja ele individual, em grupo, presencial ou à distância", destaca. "Para isso é preciso liberdade de expressão, de criação e de participação", observa.

 

Sobre a função dela no mundo, Nóvoa diz que a universidade deve servir à sociedade. A máxima "Penso, logo existo" deveria ser, neste caso, "Penso nos outros, logo existo", brinca. O professor diz que liberdade acadêmica deve estar associada à responsabilidade social. Afinal, há muito conhecimento e laboratórios que podem ajudar a melhorar a vida das pessoas.

 

Finalmente, sobre o processo de internacionalização, o professor lembra que universidades surgiram antes mesmo da ideia de Estado e nação. "Não existe universidade isolada", diz. "Grandes universidades, como Harvard e Cambridge, abrem-se para o mundo e, assim, geram respostas para problemas locais, não o contrário", afirma. Para ele, o desafio é valorizar a troca na diversidade "pela abertura, mas com enraizamento na língua e na cultura"./p>

 

LÍNGUA PORTUGUESA – Questionado sobre o inglês ser a língua hegemônica no meio acadêmico internacional, Nóvoa diz que a afirmação do português como língua científica levará muito tempo. Ele ainda alerta para o fato de que, mais que quantidade de artigos publicados em revistas científicas, são necessárias novas formas de avaliação da produção docente com base na dedicação ao ensino.

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