EXTENSÃO

Estudantes, docentes e técnicos da UnB viajam neste sábado (30) para a região, com o intuito de trocar experiências e saberes com a população local e conhecer seus atuais desafios

Participantes têm oportunidade de conviver com a diversidade de povos da Amazônia e experimentar na prática os conhecimentos aprendidos na Universidade. Foto: Acervo Neaz

 

“A experiência foi única. Conheci algo que não conseguia imaginar, e esse algo é o Brasil, meu país. É uma realidade que não tem como você ler em livro ou ver em vídeo. Você tem que ir lá para sentir.” O relato do estudante de Engenharia Ambiental da Universidade de Brasília Igor Gonçalves ilustra um pouco do que experimentam os participantes da Vivência Amazônica. O projeto de extensão, vinculado ao Núcleo de Estudos Amazônicos (Neaz) da UnB, aproxima a comunidade acadêmica dos conhecimentos sobre a Amazônia e suas populações, em uma viagem pelos territórios que compõem o bioma.

 

Os participantes da vivência de 2019 embarcam neste sábado (30) e percorrem, durante 21 dias, 13 cidades dos estados de Tocantins, Maranhão, Pará e Mato Grosso. Cerca de 40 estudantes de 21 cursos de graduação, três técnicos administrativos e três docentes integram a comitiva desta edição. UnBTV, Secretaria de Comunicação (Secom) e Assessoria de Assuntos Internacionais (INT) acompanham a atividade.

 

Ampliar o conhecimento sobre a realidade dos povos que ali habitam, aprofundar a discussão sobre questões sensíveis à Amazônia, trocar experiências e saberes e impulsionar pesquisas, ações e debates sobre a região são algumas das oportunidades proporcionadas pelo projeto.

 

“O centro da formação da Vivência Amazônica é tentar apresentar aos estudantes e fazer com que eles sejam apresentados a comunidades que são pouco visibilizadas, como as populações extrativistas e tradicionais”, explica o coordenador do Neaz, Manoel de Andrade. Até o dia 20 de dezembro, eles visitam povos indígenas, quilombolas, camponeses, agricultores e representantes de movimentos sociais que trabalham e vivem na Amazônia. 

Chegada da comitiva da Vivência Amazônica de 2018 à aldeia indígena Arara, em Rondônia. Foto: Acervo Neaz

 

Será momento para observar os modos de vida dessas populações, entrar em contato com suas práticas e saberes na utilização dos recursos naturais, estabelecer diálogos e rodas de conversa e promover ações pedagógicas. O intercâmbio científico e cultural com instituições de ensino superior da região também é foco da vivência e se concretiza em seminários itinerantes.

 

No roteiro, incluem-se localidades como os municípios paraenses de Belém, Breves, que compõe o arquipélago de ilhas do Marajó, e Marabá, região marcada por conflitos agrários. A cidade de Alcântara, no Maranhão, onde está situada a principal base espacial brasileira, é também um dos destinos da viagem. No local, os integrantes do projeto passarão por duas comunidades quilombolas afetadas pela construção do centro de lançamentos. 

 

O estudante Igor Gonçalves participa pela segunda vez da vivência e relata como a experiência foi transformadora. O jovem, que está no décimo período de Engenharia Ambiental, conta que se sentiu mais motivado a concluir seu curso. Agora, ele deseja aplicar os conhecimentos adquiridos em pesquisas e ações voltadas para as populações amazônicas. “É importante interagir com essas comunidades e voltar para dar uma resposta a elas de várias formas, até mesmo pensando em como a Engenharia Ambiental consegue abarcar as demandas desses povos.”

 

Lila Shalamar, estudante de Ciências Ambientais, também guarda boas perspectivas para sua primeira experiência com povos da região. “Minha grande expectativa é ser muito impactada e voltar conhecendo melhor o que é o Brasil. Ter contato com outros modos de vida será uma experiência muito enriquecedora, tanto na minha formação profissional como pessoal”, anseia a aluna. 

Estudantes reúnem-se semanalmente para discutir os preparativos da vivência. Foto: Acervo Neaz

 

ALÉM DA UNIVERSIDADE – A Vivência Amazônica é realizada anualmente, desde 2016, como parte das atividades da disciplina Tópicos especiais sobre a Amazônia. A proposta é que estudantes de diferentes formações vinculados à matéria possam se aproximar das causas amazônicas e das especificidades da região, a partir de conhecimentos construídos dentro e fora da sala de aula.

 

Enaile do Espírito Santo é uma das docentes responsáveis pela disciplina e explica como surgiu a ideia da vivência. “Ao perguntar aos estudantes quantos conheciam a Amazônia, começamos a perceber que um ou dois levantavam a mão e eles conheciam mais as capitais. Então pensamos: ‘por que não tentar fazer uma vivência amazônica para apresentar-lhes a região?’.”

 

A cada edição, os estudantes atuam em todo o processo de construção da atividade, desde a elaboração do roteiro, até questões como transporte, alimentação e levantamento de informações sobre as localidades a serem percorridas. Toda a preparação é feita durante seis meses, desde o início da disciplina. Na próxima edição da revista Darcy, publicação de jornalismo científico e cultural produzida pela Secretaria de Comunicação da UnB, todos poderão saber mais sobre os bastidores da Vivência Amazônica.

 

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