Quarenta e nove pessoas foram assassinadas na madrugada de sábado para domingo, em tiroteio ocorrido em boate gay em Orlando, nos Estados Unidos. Outras 53 ficaram feridas. O ataque, com possível motivação homofóbica, reacendeu o debate sobre LGBTfobia. Face ao ocorrido, o Centro Acadêmico (CA) do curso de Direito da Universidade de Brasília criou uma instalação na faculdade para registrar que a violência contra homossexuais, transexuais e travestis também mata no Brasil. Rosas brancas foram usadas, representando cada uma das 80 vítimas mortas no país em 2016.
“Temos necessidade muito grande de falar o que ocorre no Brasil. Não é uma realidade distante da gente. A LGBTfobia é muito presente. Usamos flores brancas para representar o luto e, cada flor, recebeu o nome de uma das pessoas mortas este ano. Por mais que percebamos o debate na Faculdade de Direito, ainda é muito pouco”, comenta Nathalya Ananias, coordenadora-geral da atual gestão do CA, denominada Caliandra.
A estudante comenta que ainda há grande necessidade de debater o tema na Faculdade de Direito. "Presenciamos piadas homofóbicas e constantes tentativas de diminuir o tema dizendo que é 'mimimi'. É uma questão muito séria”, reforça.
Os nomes das pessoas LGBT assassinadas este ano foram retirados de blog que registra homicídios causados pelo preconceito. A coleta de dados foi feita por Marcelo Vieira, membro do CA de Direito.
A intervenção, montada na terça-feira (14), deve ficar exposta por mais duas semanas. A ideia é que o painel também sirva para impactar os participantes do II Encontro Nacional de Educação (ENE), que ocorrerá na UnB até o próximo sábado (19).
"Precisamos trazer o debate para dentro da Universidade. No Brasil, o tema é mascarado pela mídia e pelas autoridades e isso precisa parar", encerra Victor Ferreira, estudante do 3º semestre de Direito.
Leia o manifesto do CA, afixado ao lado do mural:
"'LGBTfobia MATA' é uma intervenção promovida pelo Centro Acadêmico de Direito da Universidade de Brasília - Gestão Caliandra - com o fim de chamar atenção para o ódio contra a população LGBT brasileira.
Na parede foram dispostas 80 rosas com nomes de 80 membros da comunidade LGBT brasileira, mortos por serem quem eram, dentre os meses de fevereiro e junho de 2016.
Precisamos refletir, precisamos discutir, precisamos mudar nossas atitudes. Enquanto continuarmos negligenciando a pauta, outros 80 morrerão nos próximos 5 meses."