SUSTENTABILIDADE

Produção de rainha-margarida faz parte de pesquisa coordenada pelo Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia e Agricultura Orgânica da UnB

Foto: Júlia Seabra/UnB Agência

 

O Instituto Central de Ciências da Universidade de Brasília ficou florido na manhã desta quinta-feira (12). Estudantes, professores e técnicos que passavam em frente à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) foram presenteados com pequenos arranjos feitos com as primeiras flores orgânicas colhidas na Fazenda Água Limpa da UnB.

 

A plantação da espécie rainha-margarida, cultivada com adubação orgânica e sem o uso de defensivos, integra pesquisa coordenada pelo Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia e Agricultura Orgânica da Universidade de Brasília (CVT-AAO/UnB).

 

“Optamos por conduzir esse experimento inédito na FAL porque as flores podem ser uma alternativa complementar a cultivos mais difundidos, como de hortaliças e frutíferas”, afirma a coordenadora do CVT, professora Ana Maria Junqueira.

 

Foram 90 dias de acompanhamento, do plantio à colheita, para que as 4,5 mil sementes de rainha-margarida florescessem sem nenhuma interferência química externa. “Não houve necessidade de manejo de pragas. Realizamos a plantação em duas estufas teladas, o que ajudou na proteção”, conta o docente da FAV Fábio Padilha Viana.

 

Para verificar as condições ideais de produtividade, os pesquisadores utilizaram diferentes tipos de adubos naturais, como esterco de aves e bovinos, em quantidades distintas. “Observamos aspectos como o diâmetro e a quantidade de flores abertas, comprimento e espessura da haste, insetos e micro-organismos no solo”, exemplifica Viana. “Ainda faremos as análises estatísticas, mas visivelmente os resultados estão muito bons”.

Professor Fábio Viana pretende repassar conhecimento a produtores. Foto: Júlia Seabra/UnB Agência

 

O estudo também contempla a etapa de pós-colheita, cujo desafio é encontrar soluções sustentáveis e eficientes para armazenagem e conservação.

 

De acordo com o professor, o cultivo de flores envolve intensa mão de obra e tecnologias que os produtores do DF e Entorno não comportam. Hoje, cerca de cem agricultores desenvolvem esforços nessa área. “Esse projeto pode ajudá-los a qualificar a produção. Além de não utilizar agrotóxicos, há diminuição de custos”, aponta.

 

APROVEITAMENTO TOTAL – Parte da primeira leva de flores orgânicas da FAL será usada para a produção de papel artesanal e carvão para desenho pelo Laboratório de Materiais Expressivos, do Instituto de Artes.

 

O material já está em processamento. “É um trabalho que integra várias unidades acadêmicas. Analisamos as fibras na Botânica e extraímos a cor das pétalas na Química”, afirma a coordenadora do Laboratório e decana de Extensão da UnB, professora Thérèse Hofmann.

 

PARCERIAS – Criado no ano passado com financiamento do CNPq, o Centro Vocacional Tecnológico desenvolve pesquisas e projetos de extensão, com foco em produção orgânica e formação de recursos humanos. As atividades são realizadas em parceria com Emater-DF, Embrapa e Instituto Federal de Brasília.

Na FAL, uma das plantações integra café e eucalipto. Foto: Júlia Seabra/UnB Agência

 

“Para fazer as capacitações, precisamos conhecer profundamente cada área. Em 2014, realizamos diversos estudos, envolvendo flores, hortaliças e sistemas agroflorestais”, diz a professora Ana Maria Junqueira.

 

Um das principais iniciativas é a implantação de vitrines agroecológicas na Fazenda Água Limpa e em pequenas propriedades em Planaltina, Brazlândia e São Sebastião. “Essas unidades servem para pesquisa e ensino. Montamos cursos de extensão e oficinas para treinamento de estudantes, produtores e técnicos da extensão rural”, explica a docente.

 

Em uma das plantações da FAL há café, cultivado de forma intercalada com árvores frutíferas, plantas nativas e exóticas, como eucalipto.

 

“Um ambiente diversificado é mais seguro para o agricultor, pois evita riscos de produção, e mais saudável para o consumidor, pois há menor incidência de pragas, eliminando o uso de agrotóxicos”, defende Ana Maria.

 

O Centro também atua no resgate e na divulgação de hortaliças tradicionais como a taioba e a bertalha.

Ilustração: Ana Rita Grilo/UnB Agência
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