TECNOLOGIA

Marco Marinho é estudante do mestrado em Engenharia Elétrica e dará continuidade à pesquisa como contratado da DLR

Foto: Emília Silberstein/UnB Agência

 

Daqui a três semanas Marco Marinho, estudante de mestrado no Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) da Universidade de Brasília, trocará o inverno brasileiro pela primavera europeia. Ele foi convidado a realizar sua pesquisa em Munique como contratado da Agência Espacial Alemã (DLR) “Eu nunca ouvi nada parecido, um aluno ser convidado a trabalhar na NASA ou na DLR ainda durante o curso”, conta o professor João Paulo Lustosa da Costa, orientador de Marco. Segundo Lustosa, “a Agência Espacial Alemã é a única das agências espaciais europeias que produz pesquisa científica e boa parte delas é patrocinada por empresas aeroespaciais”.

 

O trabalho do jovem estudante de 25 anos trata de melhorias no Sistema Global de Posicionamento (GPS), que visam garantir maior precisão na localização. “Quando o sistema de GPS atual recebe o sinal do satélite, esse sinal reflete no ambiente e realiza percursos múltiplos, o que faz com que a localização seja mais complicada”, explica o professor Lustosa. Marco percebeu que era possível aperfeiçoar o sistema separando os sinais do satélite por direção de chegada. “É uma técnica não muito recente, mas existe um conjunto amplo de aplicações que ainda não foi explorado”, diz Marco. “Criando um sistema que resolve esse tipo de problema, é possível aproveitar essa informação para ter uma precisão maior na localização”, completa o professor Lustosa.

 

Além desse trabalho, outro estudo assinado pelo estudante chamou a atenção de pesquisadores internacionais. Em outubro do ano passado, em parceria com outros estudiosos brasileiros e estrangeiros, Marco publicou o artigo Improved Landing Radio Altimeter for Unmanned Aerial Vehicles based on an Antenna Array. O texto ganhou o prêmio de melhor artigo no IV International Congress on Ultra Modern Telecommunications (ICUMT), realizado na Rússia (veja matéria aqui). “Esse trabalho falava sobre um sistema de localização para veículos aéreos não tripulados que não depende do sistema GPS. Essa era o diferencial, já que o sistema GPS pertence aos EUA. Se eles desligarem, as pessoas não podem utilizar”, conta Marco.

 

O estudo traz significativas mudanças em um cenário estratégico, segundo o professor Rafael Timóteo de Sousa Junior, do Departamento de Engenharia Elétrica. “O veículo não depende mais de um elemento externo sob o qual não se tem controle. É uma estação básica que vai controlar e ajudar o veículo a ser controlado, o que permite certa autonomia”, explica. Outra vantagem abordada pelo trabalho seria o menor custo do veículo aéreo não tripulado (VANT). “Seriam necessários apenas um sistema de comunicação e um software”, diz o professor João Paulo Lustosa. “Todos os sensores georeferenciais, giroscópio, acelerômetro, poderiam ser eliminados também”, completa Marco.

O professor João Paulo Lustosa da Costa juntamente com o aluno Marco Marinho e o professor Rafael Timóteo de Sousa Júnior. Foto: Emília Silberstein/UnB Agência

 

Marco Marinho formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília e realizou diversos trabalhos nos laboratórios de Automação e Robótica (LARA) e de Tecnologias da Tomada de Decisão (LATITUDE) da UnB. A dedicação rendeu a confiança de seus professores, abrindo espaço para oportunidades como a que vivenciará em breve: trabalhar em uma das mais importantes agências espaciais da Europa, a DLR. “O professor Lustosa passou um tempo na Alemanha como pesquisador e entrou em contato com um dos estudiosos de lá. A partir de então, começamos a desenvolver um trabalho com eles, até para mostrar que éramos capazes”, lembra Marco.

 

Prestes a embarcar para outro continente, o mestrando da UnB prefere não fazer muitos planos. O estudante fica na Alemanha até fevereiro de 2014, quando retorna ao Brasil. “Espero amadurecer muito com a experiência de estar lá fora. Pretendo continuar pesquisando, me tornar doutor, se tudo der certo. Mas ainda tem muita pesquisa pela frente”, diz.

 

O professor Rafael Timóteo afirma que a ida de Marco para o exterior revela a qualidade dos alunos formados pela UnB. “O que fazemos aqui é de nível internacional. Produzimos resultados que são comparáveis a qualquer outro que poderia ser obtido no mundo, ainda que não funcionemos em condições tão boas”, avalia. “Não adianta querermos ser uma pequena universidade do centro do Brasil, temos que ser uma universidade internacional, capaz de produzir ‘Marcos’ em grande escala”, completou, com bom humor.

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