DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Museu Virtual da UnB abrigará mostra que contará história do descobrimento do polo sul e da presença brasileira no continente

Foto: Ronaldo Iunes

 

Em janeiro de 1982 a marinha brasileira chegou ao polo sul pela primeira vez e foi criado o Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Um mês após a presença brasileira no continente completar três décadas, um incêndio substituiu a comemoração pelas notícias sobre a tragédia que matou dois militares. O Museu Virtual da Universidade de Brasília, que prepara há um ano uma exposição sobre a Antártica, reúne agora esforços para ampliar o alcance do material e transformá-lo em uma espécie de manifesto pela reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz.

 

O material foi coletado em expedição realizada em março de 2011, pelo professor da Faculdade de Educação Gilberto Lacerda, coordenador do Museu Virtual, e Ronaldo Iunes, assistente de pesquisas no Laboratório Ábaco, na mesma unidade acadêmica. Ao longo de 12 dias eles registraram, em mais de 1,8 mil fotos, a vida dos brasileiros na estação, além de paisagens, animais e até o esqueleto de baleia montado pela equipe do oficial da marinha francesa Jacques Cousteau.

Esqueleto de baleia montado pela equipe de Jacques Cousteau, próximo à estação brasileira na Antártica. Foto: Ronaldo Iunes

 

O Museu Virtual conta com seis exposições. A da Antártica será a maior de todas e reunirá pesquisas científicas realizadas na Universidade de Brasília – uma dela foi divulgada esta semana no UnB Ciência – e em outras instituições. Trará ainda maquetes virtuais da estação e dos navios brasileiros, além de fotos, vídeos e depoimentos. A ideia é centralizar conteúdos sobre o continente com o objetivo de informar estudantes das escolas públicas e a população em geral. O material estará disponível em julho. A data ainda não foi definida.

Sala do gerador da Estação Antártica Comandante Ferraz, que pegou fogo. Foto: Ronaldo Iunes

 

ESFORÇO – Devido ao incêndio, os pesquisadores somarão à divulgação científica – função do Museu Virtual – a divulgação da importância da estação e da atuação brasileira na Antártica como estímulo à reconstrução das instalações. "Queremos que a exposição seja um instrumento de mobilização da opinião púbica em prol da reconstrução", explica. "É uma forma de dar voz aos pesquisadores que atuam lá"."Além das vidas que se foram, a perda material é incalculável. São anos de trabalho ali dentro", explica Ronaldo. "Será necessário um esforço gigantesco, com navios e mão de obra especializados, para instalar tudo outra vez", acredita.

Gilberto Lacerda e Ronaldo Iunes registraram mais de 1,8 mil fotos. Foto: Divulgação

 

O reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, afirma que a universidade compartilha o sentimento de perda que o incêndio causou. "Estamos solidários na linha de buscarmos atuar na superação desse problema e na recuperação, o mais breve possível, desse espaço de presença institucional no continente antártico", comenta. "Estamos atentos ao papel que a estação brasileira cumpre, não só do ponto de vista da presença do país onde é importante uma participação multinacional, mas sobretudo porque é um espaço valioso para o desenvolvimento de pesquisa em vários campos. A própria UnB tem sido protagonista nessa pesquisa com a presença ativa de pesquisadores".

A estação Antártica Comandante Ferraz surgiu em 1982. Foto: Ronaldo Iunes

 

MULTIMÍDIA – Junto com a inauguração da exposição virtual será montada uma mostra na Biblioteca Central da UnB com fotografias de Ronaldo Iunes, João Paulo Barbosa e Weimer Carvalho intitulada 30 anos em 30 fotos. A mostra será lançada junto com a do Museu Virtual.

 

O coordenador do Museu Virtual também trará para a Universidade reportagens impressas e de televisão produzidas por veículos que estiveram presentes na mesma expedição que a equipe da UnB.

Vista do oceano de dentro da estação brasileira. Foto: Ronaldo Iunes

 

Um livro infanto-juvenil baseado em relatos do Comandante da Marinha Sérgio Segóvia, escrito pelo fotógrafo João Paulo Barbosa, será lançado na ocasião. A história, escrita sob orientação do professor Gilberto Lacerda, narra o encontro do comandante com o navio polar Almirante Maximiano, o H41, chamado de Tio Max. "O incêndio da estação e a mobilização para reconstruí-la fecharão o livro", conta Gilberto. "A viagem única à Antártica do Tio Max, de natureza ficcional, resumirá todas as viagens feitas e terá o objetivo de buscar três objetos misteriosos, de natureza duvidosa e de grande interesse científico".

 

A ideia é distribuir o livro gratuitamente para os estudantes da rede pública, mas a equipe ainda depende de apoio para a publicação do material. Para entrar em contato com o professor Gilberto Lacerda, basta enviar e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

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