PESQUISA E INOVAÇÃO

Espaços com iniciativas vinculadas à Universidade ocupam mais de 150 m² do maior evento de divulgação científica do país

Estande da startup Einstein Jr. foi uma das atrações da UnB mais concorridas na 21ª SNCT. Foto: Fabrício Corrêa/PCTec UnB 

 

Produzir ciência requer compartilhar ciência. E, é isso que a Universidade de Brasília fez na 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), finalizada no domingo (10) na capital federal. O espaço principal da UnB no evento apresentou de forma interativa 22 projetos desenvolvidos nos quatro campi. Além disso, o Programa de Educação Tutorial Agronomia (Pet-Agro) e o Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia e Agricultura Orgânica (CVT) ocuparam área exclusiva para expor tecnologias relacionadas ao campo. Houve ainda estande destacado ao Museu Virtual de Ciência e Tecnologia, vinculado ao Laboratório Ábaco.

 

“Há dez anos, ocupávamos uns poucos estandes. Hoje temos mais de 110 m² na instalação principal”, comemora Bruno Goulart, coordenador da participação da Universidade no evento e analista de negócios do Parque Científico e Tecnológico (PCTec/UnB). Soma-se a isso a área do Pet-Agro, do CVT e do Museu Virtual, que ocuparam mais de 40 m². No total, a UnB estava em mais de 150 m² da mostra. 

 

Um dos projetos em destaque foi o da startup Einstein Jr., inserida no Programa Multincubadora do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT). A empresa levou experimentos práticos para despertar o interesse pela ciência desde a primeira infância. Foram apresentadas, entre outras, reações químicas entre misturas de substâncias coloridas e do chamativo nitrogênio líquido para captar a atenção dos pequenos.

Inovações em espécies cultivadas na Fazenda Água Limpa (FAL/UnB) foram apresentadas ao público. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB 

 

“Essa é uma mostra do que procuramos apresentar como experimentações científicas a crianças, professores e pais”, explica a idealizadora da empresa e professora do Instituto de Química (IQ), Sarah Brum. A empresa, que já treinou centenas de professores de escolas públicas e privadas para aplicação de atividades práticas, comercializa kits e livros de experiências e realiza oficinas-show para lá de concorridas. “Em evento que fizemos no CCBB [Centro Cultural do Banco do Brasil], os ingressos acabaram em um minuto”, afirma Sarah.

 

Outra iniciativa que busca simplificar o acesso à ciência é o projeto Nivelamento em Estatística Matemática. Em ação desde 2021, apoia universitários nas temidas disciplinas de Cálculo e Estatística, apresenta possibilidades de carreiras em Ciências Exatas e desmistifica a ideia de que a Universidade seria um lugar acessível a poucos.

 

“A ideia é ir às escolas e também levar as escolas à Universidade. Dizemos aos alunos do ensino médio que a UnB também é para eles”, explica Ana Luiza Rodrigues, estudante de Química e tutora do projeto. Nas interações na SNCT, ela destacou o apoio institucional disponível aos potenciais ingressantes, incluindo as políticas de assistência estudantil.

 

CAMPO – Os estandes do Pet-Agro e do CVT foram movimentados com explicações práticas sobre o cultivo de vegetais para a alimentação. O estudante de Agronomia Danilo Souza demonstrava entusiasmo ao detalhar a cultura de diferentes espécies de alface, mandioca e grão de bico. “Estão aqui variedades como a mandioca BRS429, que tem bifurcação a mais de 1,70 m e assim tem produtividade mais alta”, conta, sobre a espécie cultivada na Fazenda Água Limpa.

 

Insetos de importância agrícola também foram apresentados ao público. “A Entomologia [estudo de insetos] Agrícola é fundamental na agricultura. Uma espécie só é considerada praga quando causa danos econômicos”, explica Souza. Entre os fatos curiosos apresentados pelo estudante está a metamorfose dos besouros, que são tenébrios (pequenas larvas) em seus estágios mais jovens.

 

“Não sabia disso. Quando ouvia falar em metamorfose já pensava em borboletas”, diz o menino João Pedro Reis, aluno do sétimo ano do Centro Educacional 2, de Brazlândia. Ele e o irmão mais velho, Lucas Reis, frequentam aulas de altas habilidades na escola e estão também como jovens expositores na SNCT. “Pretendo cursar algo nas áreas de Ciências na UnB”, afirma Lucas, que está no primeiro ano do ensino médio.

Os irmão João Pedro e Lucas descobriram que besouros passam por metamorfose. Foto: Hugo Costa/Secom UnB

 

A UnB também passa a estar no radar de crianças de Santo Antônio do Descoberto (GO). A professora Suzane França acompanhou cerca de 50 jovens alunos que vieram de escola municipal da cidade do Entorno e visitaram as atrações da Universidade na SNCT. “É uma forma de se interessarem e despertarem a curiosidade. Hoje sabem muito pouco sobre o que é uma universidade”, diz.

 

MUSEU VIRTUAL – A preservação de biomas brasileiros foi o tema da esquina ocupada pelo Museu Virtual de Ciência e Tecnologia. Painéis com imagens de ambientes naturais ameaçados por ações humanas se destacavam no espaço, que contava com uma chamativa réplica de ipê amarelo. Sob a copa florida, uma poltrona era utilizada para observar as atrações e descansar.

 

O acesso ao estande destacava texto que classificava o Brasil como país de “maravilhas naturais” e alertava para os riscos da degradação que “colocam em risco a sobrevivência das espécies e aceleram o processo de mudança climática”.

 

O UnB Consulting Club, destinado ao desenvolvimento de carreiras em consultoria de gestão e estratégia, também esteve na mostra.

 

JUNTO À COMUNIDADE – A decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter, avalia como “muito importante” a presença da UnB no “maior evento de popularização da ciência no Brasil”. Ela diz que é uma oportunidade para mostrar que o papel da instituição vai além da formação de recursos humanos. “As pessoas se surpreendem. Boa parte não imagina tudo isso que a gente faz na Universidade”, afirma em referência às produções de ensino, pesquisa e extensão.

 

A gestora enxerga na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia mais uma oportunidade de aproximar a UnB da comunidade. “A gente vem aprimorando a participação da UnB de uma maneira geral. Já temos uma expertise e fazemos hoje uma exposição mais rica, que engloba todas as áreas de conhecimento”, conta.

 

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