
Formada em Arquitetura e Urbanismo (FAU/UnB), Angélica Azevedo foi uma das seis premiadas na 6ª edição do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Nele, foram selecionados trabalhos na categoria Meninas na Ciência, em reconhecimento às jovens cientistas que demonstram criatividade e potencial para o futuro da ciência.
A premiação registrou 765 candidaturas, oriundas de todas as regiões do país, sendo 166 de alunas do ensino médio e 599 da graduação. A comissão julgadora foi responsável por selecionar as vencedoras, três do ensino médio e três da graduação, distribuídas entre três grandes áreas do conhecimento: Humanidades; Engenharias, Exatas e Ciências da Terra; e Biológicas e Saúde.
O trabalho Diagnóstico das dimensões da sustentabilidade urbana no município de Cavalcante-GO e Urbanismo Kalunga: sustentabilidade, ancestralidade e identidade, de Angélica, com orientação da professora Liza Andrade (FAU/UnB), foi vencedor da graduação na área de Humanidades.
PESQUISA – O trabalho premiado analisa os dados do município de Cavalcante, em Goiás, pelo olhar da sustentabilidade ambiental, social, econômica e cultural. O local está situado próximo ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, região conhecida pelo turismo, e que também abriga o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, o maior território remanescente de comunidades quilombolas do Brasil.
O objetivo da pesquisa é ajudar a equilibrar o crescimento urbano, a preservação ambiental e a sustentabilidade, por meio de soluções que vão desde infraestrutura verde e energia alternativa até o fortalecimento da economia local e do urbanismo participativo. O estudo segue as diretrizes da Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil elencados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em especial, o ODS 11, que incentiva cidades mais inclusivas e sustentáveis.

“Tive a oportunidade de dar continuidade à pesquisa no meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), intitulado Urbanismo Kalunga: sustentabilidade, ancestralidade e identidade", comenta a egressa. No texto, ela sugere diretrizes para a revisão do Plano Diretor do município, em três escalas de análise e com um projeto urbanístico de revitalização da Avenida da Vila Morro Encantado, bairro majoritariamente quilombola.
“Foi importante realizar esse trabalho para trazer diferentes temas para essa revisão do plano diretor, melhorar a infraestrutura da vila com drenagem ecológica e inserção de equipamentos, além de dar visibilidade à comunidade Kalunga”, explica. Angélica diz que o processo contou com oficinas participativas utilizando cartas dos padrões espaciais, que são ilustrações e códigos que facilitam a conversa com as pessoas.
Na conclusão do estudo, Angélica deixou o caderno impresso e as outras produções com as pessoas da Vila Morro Encantado, em devolutiva à comunidade. As investigações fazem parte do Grupo de Pesquisa e Extensão Periférico e compõem o Polo de Extensão Kalunga (DEX/UnB), cujos trabalhos iniciaram em 2016.
Angélica Azevedo segue atuante como pesquisadora júnior no Laboratório Periférico (FAU/UnB), onde contribui para inovações em tecnologia social e projetos premiados. Ainda integra o Programa Periferia Viva, do Ministério das Cidades, desenvolvendo um projeto de urbanismo sustentável para a regularização do Assentamento Dorothy Stang, localizado na região administrativa de Sobradinho (DF).
RECONHECIMENTO – “Desde o nosso primeiro contato, pude observar a vocação de Angélica como jovem talento para a ciência, com respeito pelos saberes tradicionais e compromisso em apresentar soluções de sustentabilidade que valorizam a ancestralidade e identidade quilombola”, comenta a professora. Ela afirma que a aluna tem criatividade, sensibilidade e dedicação, “fundamentais para propor soluções e para ter sucesso nos projetos”.
Liza também considera o reconhecimento importante, pois premia trabalhos que têm um caráter mais extensionista, como a pesquisa-ação. “Ele valoriza meninas da periferia, como a Angélica, que tiveram uma trajetória brilhante, mas com muita dificuldade de se manter financeiramente”, comenta, ressaltando a importância das bolsas de PIBIC e PIBEX (Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Científica e de Extensão, respectivamente).
“Ser pesquisadora de iniciação científica foi muito significativo para minha trajetória acadêmica. A forma como a professora Liza sempre traz a extensão junto à pesquisa, mostra a importância do nosso trabalho”, pontua Angélica.
PREMIAÇÃO – As vencedoras receberão um prêmio em dinheiro, R$ 7 mil para ensino médio e R$ 10 mil para graduação, em cerimônia a ser realizada em 11 de fevereiro, em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.
Também terão acesso a uma série de oportunidades para impulsionar as carreiras científicas, como: apresentar os projetos na 77ª Reunião Anual da SBPC, em julho de 2025, em Recife (PE), e participar de uma mentoria exclusiva com pesquisadores de destaque. Além das seis vencedoras, também foi concedida uma menção honrosa, que receberá certificado e troféu.
Veja a lista das premiadas da 6ª Edição do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher – Meninas na Ciência:
GRADUAÇÃO
Humanidades – Angélica Azevedo e Silva (UnB/DF)
Engenharias, Exatas e Ciências da Terra – Narayane Ribeiro Medeiros (ITA/SP)
Biológicas e Saúde – Beatriz Oliveira Santos (USP/SP)
ENSINO MÉDIO
Humanidades – Isadora Abreu Leite (IFMA/MA)
Engenharias, Exatas e Ciências da Terra – Millena Xavier Martins (Colégio de Aplicação da UFV/MG)
Biológicas e Saúde – Ana Elisa Brechane da Silva (Escola Estadual Prof.ª Maria das Dores Ferreira da Rocha/SP)
MENÇÃO HONROSA
Lucia Ferreira da Silva (IFAP/AP)