
A Universidade de Brasília deve receber, em breve, peças arqueológicas que foram encontradas no Distrito Federal. Um projeto em parceria com Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) transforma o Museu de Geociências da UnB em instituição endossante para o recebimento de qualquer material arqueológico coletado no DF – em escavações para pesquisas ou durante grandes obras. Atualmente, nenhuma outra organização faz isso, e as peças acabam indo para outras cidades.
“Um dos legados que precisamos deixar é o fortalecimento dos nossos museus”, defendeu a reitora, Márcia Abrahão, durante reunião com o superintendente do Iphan no DF, Carlos Madson, na manhã desta terça-feira (28). Além de se tornar instituição endossante, o Museu de Geociências deve receber cerca de 50 peças de duas coleções particulares que estão, atualmente, sob a guarda da Polícia Federal. O acervo inclui crânios e peças líticas coletadas em sambaquis.
“Precisamos apenas fazer pequenas adaptações para atender a normas técnicas do Iphan”, explicou o diretor do Instituto de Geociências (IG), José Eloi Guimarães Campos. A vinda das peças deve se dar no âmbito de termo de cooperação técnica entre as duas instituições. O documento está em fase de finalização no IG e deve seguir para assinatura da reitora nas próximas semanas.

TOMBAMENTO – Durante a reunião na Reitoria, a coordenadora técnica do Iphan no DF, Sandra Bernardes, contou que Superintendência local enviou à sede do órgão um estudo sobre o tombamento de prédios projetados pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, no campus Darcy Ribeiro. A análise contemplou o Beijódromo, o galpão SG-12 e quatro blocos da Colina. “Penso que estamos devendo isso ao Lelé”, disse Sandra.
A administração da UnB também sinalizou a vontade de pedir, junto ao Iphan, o tombamento de um conjunto de prédios e espaços históricos no campus da Asa Norte: os blocos da Faculdade de Educação (FE), unidade que abrigou a primeira Reitoria da Universidade, a praça em frente à FE, o pavilhão Oca II e a quadra de esportes, local simbólico da invasão dos militares à instituição em 1968.
A parceria entre Iphan e UnB deve se fortalecer ao longo do próximo ano. O instituto vai realizar, em agosto, uma grande exposição sobre o patrimônio cultural de Brasília e pediu o apoio da Universidade. “Somos instituições irmãs. Queremos fazer uma grande reflexão sobre a nossa cidade, sobre o que aconteceu desde a inauguração”, disse Carlos Madson. “Podemos colaborar muito. Temos acervo, temos os nossos estudantes de Museologia, contem conosco”, finalizou a reitora.