Há pouco mais de dois séculos, a Suécia criou a primeira faculdade de educação física do mundo. O feito simboliza a vasta tradição do país em estudar, pesquisar e investir na área. Dois pesquisadores desta pioneira instituição, hoje conhecida como Escola Superior de Ginástica e Esportes de Estocolmo (Gymnastik- och idrottshögskolan), participaram do I Seminário Internacional de Educação Física: diálogos entre Brasil e Suécia. O encontro aconteceu nas últimas quarta e quinta-feira (27 e 28), na Faculdade de Educação Física (FEF) da UnB.
“Ter diálogos de colaboração internacional é uma estratégia para que ambos os países possam obter novos aprendizados. Essa troca cultural nos dá novas perspectivas para pensar a área e desenvolver as pesquisas”, afirmou a pesquisadora sueca Karin Redelius, participante da mesa-redonda sobre Currículo e Didática da Educação Física.
O seminário foi coordenado pela docente da FEF Ingrid Dittrich Wiggers. “A Suécia detém um conhecimento muito tradicional sobre a Educação Física. Eles continuam inventivos e valorizando a área e os esportes. É preciso reforçar isso no Brasil”, comentou.
Segundo ela, o encontro tinha o objetivo de aprofundar o conhecimento científico sobre a área a partir da perspectiva comparada entre Suécia e Brasil. Os temas em destaque nas mesas-redondas foram Gênero e Educação Física; Currículo e Didática da Educação Física; e Entrelaçamentos Históricos entre a Educação Física Brasileira e Sueca.
A abertura do evento ocorreu na quarta-feira (27), com a presença do secretário Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, general Marco Aurélio Vieira, do embaixador da Suécia, Per-Arne Hjelmborn, e da reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão.
“Os jogos eletrônicos podem ser empecilhos para a prática de esportes e a alimentação industrial pode levar nossos jovens à obesidade. O professor do século XXI tem que pensar tudo isso. Podemos aproveitar a experiência sueca para pensar os esportes de forma mais atrativa", comentou o secretário Marco Aurélio Vieira.
O embaixador Per-Arne Hjelmborn ressaltou que a Educação Física não trata apenas da prática de exercícios, mas também da educação, autoestima, confiança e valores importantes para a sociedade atual, como liderança e trabalho em equipe. “A Suécia estimula a prática de atividade física por meio da lei que determina a obrigatoriedade de aulas de educação física nas escolas e da política de recreação ao ar livre que promove o acesso público aos espaços naturais”, mencionou.
Para a reitora Márcia Abrahão, “o diálogo com a Suécia certamente atrai mais parceiros de pesquisa e resulta em boas propostas de estudo e de publicações científicas nacionais e internacionais”. Ela enfatizou a forte parceria da Faculdade de Educação Física com a população de Brasília por meio dos serviços prestados e sinalizou o interesse da Universidade em estreitar as relações com a Secretaria de Esportes para realização de projetos de interesse comum.
Márcia Abrahão lembrou que a UnB ocupa o primeiro lugar entre instituições públicas no ranking desporto universitário do país.
SOBRE – O Seminário Internacional de Educação Física é fruto de parceria entre a UnB, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Escola Superior de Ginástica e Esportes de Estocolmo. “Essa parceria começou no ano passado, quando fizemos uma visita à instituição sueca e os professores de lá também demonstraram interesse em vir ao Brasil”, conta a docente Ingrid Wiggers.
Ela conta que a cooperação entre as instituições segue por, pelo menos, mais um ano e terá resultados concretos como a publicação de um livro e de artigos científicos. Na segunda metade de 2019, um estudante da UnB será recebido pela instituição sueca para realização de doutorado sanduíche, com permanência de um ano. O objetivo é que alunos suecos também sejam recebidos na Faculdade de Educação Física da UnB.
“A partir da interação com professores de outros países e também de outras regiões do Brasil, compartilhamos dificuldades e aprendemos soluções. O diálogo sempre repercute numa aprendizagem diferenciada”, acrescenta a professora. O diretor da FEF, Fernando Mascarenhas, participou da abertura do encontro e reforçou que o diálogo com a Suécia fortalece a internacionalização da unidade. “Aprendemos muito com este país e também temos muito a ensinar”, avalia.
Gratuito e aberto ao público, o seminário reuniu acadêmicos da UnB e de outras instituições. Foi o caso de Gabriela Rodrigues, estudante de Educação Física de uma faculdade particular. “Participo de um grupo de estudos em Educação Física e a professora sugeriu nossa vinda ao seminário. O que mais me interessou na programação foi a palestra sobre gênero, porque leio muitos artigos que mostram que nem todos os grupos têm o mesmo acesso a educação. Espero aprender bastante”, contou a jovem.
O evento teve fomento da Embaixada da Suécia e da Escola Superior de Ginástica e Esportes de Estocolmo, e contou com atividades no auditório da Faculdade de Educação Física. Palestraram no encontro dois convidados suecos, pesquisadores da UnB e de outras cinco instituições do país, além de uma representante da Secretaria de Educação do Distrito Federal.