HISTÓRIA

Inaugurado em setembro de 1971, CO faz parte da memória afetiva da comunidade. Pistas de atletismo devem ser revitalizadas em 2020

Emblema do Centro Olímpico é uma das provas documentais resgatadas pelo projeto História e Memória da FEF. Arte: Ana Rita Grilo/Secom UnB

 

Símbolo histórico e patrimônio da Universidade de Brasília, o Centro Olímpico (CO) completa 48 anos neste mês de setembro. Em uma área de 114 hectares, o CO abriga instalações diversas voltadas para a prática desportiva: ginásio poliesportivo, parque aquático, pistas de atletismo, campos de futebol, academia, quadras multiuso e de tênis.

 

Além de atender as atividades de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Educação Física (FEF), este grande complexo esportivo também é utilizado para outras finalidades, como treinamento de equipes e ações de saúde e de lazer para a comunidade em geral.

 

“O Centro Olímpico tem uma grande contribuição para a Universidade. Desde a sua inauguração, tem mobilizado nossa juventude e nossos estudantes em torno do esporte, inicialmente com uma presença muito forte na organização do esporte de representação, mais voltado às competições locais, regionais, nacionais e até internacionais”, informa o diretor da FEF, Fernando Mascarenhas.

Vista aérea do Centro Olímpico em construção. À direita, estão as quadras de basquete; no centro, as piscinas; e na parte superior, o vestiário. Foto: AtoM/Arquivo Central UnB 

 

Gerido pela FEF, o CO conta com o apoio da Diretoria de Esporte e Atividades Comunitárias (Deac), vinculada ao Decanato de Assuntos Comunitários (DAC). A Coordenação de Esportes e Lazer (CEL) é responsável pelas reservas de espaços no local para treinos das equipes e dos atletas de representação da Universidade. Segundo dados do Sistema de Extensão (Siex), em 2018 foram realizados no espaço 60 projetos de ação contínua e 44 eventos.

 

O diretor Fernando Mascarenhas observa que, nos últimos anos, o papel do CO está sendo ampliado, a partir da oferta de atividades e práticas corporais relacionadas à qualidade de vida. “Há um maior envolvimento da comunidade externa, com participação de diversas populações: cardiopatas, terceira idade, pessoas com deficiência, entre outras.”

 

HISTÓRIA – Inaugurado quase uma década depois da Universidade de Brasília, o Centro Olímpico foi planejado antes mesmo da fundação de Brasília, integrando o plano educacional de Anísio Teixeira implantado no Distrito Federal.

 

“Estavam previstas construções escolares que iam desde o jardim de infância, passando pelo ensino básico, médio e técnico, à educação superior. Um dos elementos inovadores foi a inserção da Educação Física em todos os níveis de ensino”, contextualiza a professora Ingrid Wiggers, coordenadora do projeto História e Memória da Faculdade de Educação Física.

Desfile de atletas na pista de atletismo durante a inauguração do Centro Olímpico e da abertura dos Jebs. Foto: AtoM/Arquivo Central UnB 

 

Segundo a pesquisadora, a UnB foi pensada a partir de um modelo inovador de educação, que previa não apenas as disciplinas clássicas, mas também a formação cultural, recreativa e educativa. “O CO veio fechar esse projeto de educação integral, para oferecer atividades esportivas em três níveis: iniciação, aperfeiçoamento desportivo e treinamento de equipes representativas”, relata.

 

A expectativa era inaugurá-lo em 1970 para sediar os Jogos Universitários Brasileiros (Jubs), mas a sua construção só foi finalizada em 1971. “Ainda incompleto, mas já tinha pista de atletismo, campo de futebol, piscina e quadras esportivas”, enumera Wiggers. A inauguração ocorreu junto com a abertura dos Jogos Estudantis Brasileiros (Jebs).

 

Criado em 2018, o projeto História e Memória da Faculdade de Educação Física é uma ação de pesquisa e extensão que visa preservar a memória da instituição. “Conhecer a história institucional significa saber de onde a gente vem e ter o sentimento de pertencimento. Há uma relação intrínseca entre memória, história e identidade”, analisa a docente.

Para professora Ingrid Wiggers, o projeto surgiu de uma necessidade, uma vez que a FEF não tem um acervo sobre sua história e memória. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB 

 

A iniciativa de instalar um centro de memória da FEF partiu da própria direção da Faculdade e começou com o projeto da pós-doutoranda Alessandra Coimbra, sob supervisão da professora Ingrid Wiggers, com o apoio do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/Capes). Também conta com a colaboração da professora de Educação Física Carolina Jubé, bem como de técnicos de audiovisual.

 

“A formação da identidade depende desse conhecimento histórico para instituir uma cultura de memória e patrimônio cultural. No Brasil, existem apenas dez centros de memória em Educação Física de nível superior. O primeiro deles foi feito na UFRGS, com o qual temos parceria, assim como com o da UFMG”, informa Ingrid. Outra proposta é a de criar uma linha de pesquisa em História dentro do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF).

 

O trabalho teve início com o levantamento dos professores pioneiros. Até o momento, as pesquisadoras realizaram entrevistas com seis de 22 docentes que atuaram no início do curso. Por meio destes encontros, foi possível recolher fotografias, documentos e montar uma linha do tempo da Faculdade, na qual “o Centro Olímpico toma um lugar de destaque, podendo ser considerado uma pedra fundamental”.

Confira as principais datas que marcam a linha do tempo desde a inauguração da UnB. Arte: Ana Rita Grilo/Secom UnB

 

VALOR AFETIVO – Ex-aluna da UnB, da graduação ao doutorado, a reitora Márcia Abrahão treinava vôlei no ginásio para os jogos universitários do DF e do Brasil. “Tenho muito carinho pelo CO e pelo que ele representa na minha vida pessoal e também para toda a cidade, devido aos inúmeros projetos de extensão que são realizados por lá”, diz. A reitora conta que, antes do treino, que acontecia na hora do almoço, os atletas tinham que dar uma volta inteira na pista de corrida: “era cansativo, mas divertido”.

Participantes de atividade de extensão realizam hidroginástica na piscina do CO. Foto: AtoM/Arquivo Central UnB

 

Professor desde o início do curso de Educação Física, o emérito Iran Junqueira já atua há mais de 45 anos na Universidade de Brasília. Ele revela que o CO, na década de 1970, era muito frequentado e atendia toda a comunidade, especialmente estudantes e funcionários.

 

“Era um grande centro de lazer e, aos finais de semana, funcionava como um clube. Nas décadas seguintes, a partir de 1980 e 1990, o complexo voltou-se mais para o desenvolvimento acadêmico da graduação e da pós, assim como das atividades desportivas.”

 

Um fato que lhe marcou foi quando os professores da época cumpriram o desejo da professora Laura Maria Joviano que, ao morrer, queria que suas cinzas fossem jogadas naquele local. “Até hoje me recordo da cena: as cinzas que caíam do avião eram arremessadas pelo vento para a mata que fica ao lado da pista de atletismo. Foi um momento muito emocionante”, lembra.

Atividades de ginástica olímpica com crianças na quadra de esportes, na década de 1990. Foto: AtoM/Arquivo Central UnB

 

Ex-decano do DAC, o professor André Reis também guarda uma relação muito próxima com o Centro Olímpico, já tendo sido chefe do CO e também vice-diretor da FEF. “Sua importância transcende os limites da Faculdade. É um espaço muito requisitado pelas atléticas e centros acadêmicos para a realização de gincanas e competições.”

 

Em sua visão, o CO é sinônimo de saúde e qualidade de vida. “Fala-se muito, em rodas de conversa, encontros e bate-papo, sobre a saúde mental. No CO, isso é feito na prática. É onde são ofertadas atividades diversas que contribuem para a saúde do corpo e da mente”, destaca.

 

DESAFIOS E PROJETOS – Com quase cinco décadas, a principal dificuldade que o Centro Olímpico enfrenta atualmente diz respeito à manutenção. “É um equipamento esportivo de grande porte e que precisa passar por constantes reformas. Mas a administração superior está ciente e entende o potencial de democratização do esporte do local atende a toda Universidade”, considera o diretor da FEF.

 

Chefe do CO, o professor Alexandre Vianna afirma que há um duplo desafio: “Ao mesmo tempo, é preciso reformar as instalações e também construir modelos de manutenção sustentáveis”. Ele diz que algumas ações estão sendo feitas nesse sentido, como as reformas dos pisos do ginásio e de algumas quadras externas.

“Preservar a memória da instituição é fundamental, pois a experiência do passado ajuda a avaliar a situação atual e planejar ações futuras”, pontua o diretor da FEF, Fernando Mascarenhas. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Além disso, está prevista a revitalização das duas pistas de atletismo. A partir de convênio com o Ministério do Esporte, a obra terá grande importância para todo o DF, pois será o segundo espaço do país apto a receber competições de nível internacional, por contar com duas pistas, uma de provas e outra de aquecimento. 

 

De acordo com Fernando Mascarenhas, hoje apenas o Centro de Alto Treinamento da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, tem essa homologação. Vale citar que o CO acolhe treinamentos da seleção brasileira de saltos ornamentais e possui projeto de esporte paralímpico com atleta medalhista no Parapan-americano de Lima 2019, o brasiliense Wendell Belarmino Pereira.

 

Uma novidade que deve ter início em 2020 é o UnB Esportes. Realizado por meio de uma parceria com a Fundação de Apoio para Pesquisa, Ensino, Extensão e Desenvolvimento Institucional (Finatec), a ideia é implantar novo modelo de gestão para ampliar ainda mais a oferta de prática esportiva, nos moldes do UnB Idiomas. A proposta já foi aprovada na Câmara de Projetos do Conselho de Administração (CAD).

 

“Esperamos que nos próximos anos o CO seja uma referência na região para a prática esportiva, com instalações em melhores condições para que comunidade interna e externa se apropriem desse bem como forma de integração, valorização da vida, saúde e qualidade de vida, bem como de sociabilidade e confraternização”, idealiza Alexandre Vianna.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.