No mês de setembro, o Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade de Brasília, vinculado à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV), foi incluído no rol de unidades referenciadas pelo Ministério da Saúde para o diagnóstico da febre amarela em primatas não humanos. Com isso, a unidade fica responsável por atender a região que engloba Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Tocantins, fortalecendo a capacidade operacional do país no assunto.
O credenciamento coloca a UnB na posição de primeira – e, até o momento, única – instituição de ensino superior do Brasil apta para a diagnose da patologia. “Isso nos traz muito orgulho, porque há mais de sete anos manifestamos nossa intenção em atuar com esse diagnóstico. Desde então participamos dos treinamentos realizados pelo Ministério da Saúde e, já há alguns anos, estamos aptos para o trabalho”, diz o especialista em patologia animal e professor da FAV Márcio Botelho, responsável pelas atividades do laboratório.
A deliberação do Ministério da Saúde foi publicada por meio de nota técnica disponibilizada no Sistema Eletrônico de Informações (SEI). O documento esclarece que a recente epidemia de febre amarela no país ocasionou aumento da demanda laboratorial relacionada à doença, superando a capacidade operacional da rede de laboratórios credenciada. Frente a isso, o ministério interveio para descentralizar o serviço e referenciar novos laboratórios ao diagnóstico da doença.
Botelho ressalta a importância da inclusão da unidade no rol referenciado do Centro-Oeste. “Já se sabe que Brasília está no corredor da febre amarela. Existe uma rota que começa no norte do país, desce por Tocantins e Goiás, chega até Brasília e segue por Minas Gerais. Também por isso nossa atuação é tão importante, acelerando o diagnóstico em nossa região." Antes, havia apenas três grandes laboratórios credenciados para a tarefa no Brasil.
O docente acrescenta que a evolução da moléstia é muito rápida e que o diagnóstico célere é fundamental para ações de prevenção e imunização. “Nosso laudo fica pronto em um prazo médio de sete dias. É um período razoável para que a vigilância de saúde atue, evitando que a doença se alastre."
CONHEÇA – O Laboratório de Patologia Veterinária faz parte do hospital-escola para animais de pequeno porte, unidade do Hospital Veterinário da UnB localizada no campus Darcy Ribeiro. O local já contribui com a saúde pública do Distrito Federal realizando diagnóstico de diversas patologias em animais, como raiva, leishmaniose e toxoplasmose.
Além do especialista Márcio Botelho, atuam no laboratório um técnico e alunos do programa de residência em anatomia e patologia veterinária da UnB. Na unidade, são feitas necropsia de animais, coleta de amostra para análise de patologias e processamento de resultados.
O professor da UnB conta que, neste ano, o laboratório já recebeu mais de cem macacos de Brasília mortos. “Nenhum deles teve diagnóstico positivo para febre amarela. De fato, o último episódio ocorrido na cidade foi em 2015”, tranquiliza Botelho. Ele esclarece, ainda, que choque elétrico, traumatismo craniano e doenças transmitidas por humanos estão entre as causas mais frequentes desses óbitos, o que evidencia a relação das mortes com a entrada desses animais nas cidades.
De acordo com o docente, os atendimentos prestados têm gerado dados que já estão sendo estudados pelos alunos de Medicina Veterinária. “É importante tanto para questões de saúde pública quanto para questões ambientais. Poderemos, por exemplo, contribuir para minimizar ou evitar a perda de animais”, avalia o professor.
SERVIÇO – Quem encontrar um macaco morto na cidade deve acionar a Diretoria de Vigilância Ambiental do DF, pelo telefone 3343 8527.