SAÚDE

UnB apoia campanha de combate à doença com atividades para esclarecer comunidade acadêmica e população sobre prevenção, diagnóstico e tratamento

 

Exposição no HUB retrata alegria de pacientes, mesmo diante das dificuldades no enfrentamento do câncer de mama. Foto: Ascom/HUB

 

Uma forte dor no seio esquerdo fez Solange Araújo Severino procurar um mastologista no Hospital Universitário de Brasília (HUB), em janeiro de 2016, quatro meses após ter realizado uma mamografia que não constatou qualquer problema. A nova avaliação trouxe o diagnóstico: a professora, psicóloga e atleta de MMA enfrentava, aos 46 anos, um câncer de mama com rápida evolução. Apesar da notícia, ela tentou se tranquilizar e enfrentar a doença de cabeça erguida. O apoio familiar foi decisivo para que Solange se sentisse segura em momento tão difícil.

 

Pouco tempo depois, veio outra descoberta nada fácil: estava com metástase no fígado. O problema ainda não foi o bastante para tirar sua motivação em continuar se dedicando ao esporte, uma de sua paixões. “Ouvi de um médico que eu viveria, no máximo, cinco meses. Respondi que ninguém determinava o meu tempo de vida”, lembra. Na prática de exercícios físicos, Solange encontrou estímulo para cuidar da autoestima e buscar seu bem-estar gradativamente, até se reerguer.

 

“Após a doença, tive a oportunidade de me transformar em uma pessoa melhor, que não sofre por antecedência. Não devemos ter dó de nós mesmas, mas ter vontade de viver, de ter sonhos. Vivo cada dia como se fosse o primeiro da minha vida”, afirma, ao incentivar outras mulheres que sofrem com o câncer. 

 

Histórias como a de Solange demonstram a importância da conscientização sobre o câncer de mama. No mês em que o tema é destaque das ações para promoção da saúde em todo o país, a Universidade de Brasília se mobiliza em apoio à campanha Outubro Rosa. Unidades acadêmicas e administrativas preparam atividades para levar informação às comunidades acadêmica e externa e sensibilizá-las sobre estigmas e a importância do diagnóstico precoce.

Solange Araújo aconselha as mulheres a se preocuparem com a saúde e bem-estar: "Ame-se, cuide-se e previna-se!". Foto: Arquivo pessoal

 

As coordenações de Saúde Ocupacional (CSO/DSQVT) e de Atenção à Saúde e Qualidade de Vida (CASQV/DSQVT), ambas ligadas ao Decanato de Gestão de Pessoas (DPG), têm atuado na sensibilização sobre o tema, por meio da divulgação de material educativo, pela rede de e-mails da UnB, sobre fatores de riscos, hábitos saudáveis e detecção da patologia.

 

As diretorias e serviços geridos pelo Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) também oferecem, neste mês, ações para contribuir com a causa. No Restaurante Universitário (RU), os monitores internos disseminarão informações sobre prevenção e cuidados com o câncer de mama. As colaboradoras do RU também receberão orientações sobre atenção à saúde da mulher em palestra prevista para o dia 25 de outubro.

 

Um posto de atendimento será montado pela Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS/DAC), na próxima quinta-feira (18), na Casa do Estudante (CEU), para esclarecimento às moradoras sobre exames e auxílio profissional na rede pública de saúde voltados à prevenção e aos cuidados com o câncer de mama. Realizada ao longo dia, a atividade se encerra com roda de conversa da qual participam coletivos de mulheres da UnB. Na sexta-feira seguinte (26), um sarau, no mesmo local, será dedicado à conscientização.

 

A Diretoria de Diversidade (DIV/DAC) arrecadará cabelos para confecção de perucas para mulheres em tratamento da doença. A iniciativa inclui a oferta de corte de cabelo gratuito nesta quarta-feira (17), das 14h às 17h, em frente à sala da unidade. Todo o material recolhido será doado à rede feminina de combate ao câncer.

 

Para o decano de Assuntos Comunitários, André Reis, a mobilização da Universidade demonstra seu compromisso com a promoção da saúde. "Contribuir com campanhas de informação em questões de saúde é responsabilidade da UnB, no sentido de promover a saúde e a qualidade de vida à nossa comunidade", afirma.

 

DEBATES – A Liga de Combate ao Câncer promove neste mês um Ciclo de Reuniões Científicas, em parceria com o Decanato de Extensão (DEX) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Comunidade acadêmica, profissionais de saúde e pacientes são convidados a participar dos encontros, em que serão apresentadas pesquisas e discussões sobre temas relacionados à qualidade de vida dos pacientes, rastreamento e tratamento do câncer de mama.

 

As próximas reuniões acontecem nos dias 16, 23 e 30 de outubro, na Faculdade de Ciências da Saúde (FS), no campus Darcy Ribeiro. Confira a programação: 

Ciclo de Reuniões Científicas da Liga de Combate ao Câncer difunde conhecimento sobre a doença. Arte: Liga de Combate ao Câncer

 

Essa é uma das atividades realizadas anualmente pela Liga em apoio ao Outubro Rosa. A equipe também decorou os prédios da FS, da Faculdade de Medicina (FM) e do Hospital Universitário de Brasília (HUB) com adereços na cor rosa, em alusão à campanha.

 

Coordenadora docente do projeto, a professora Paula Diniz destaca que o envolvimento da Universidade nas discussões contribui para multiplicar o conhecimento sobre o tema entre a população. “A comunidade acadêmica, principalmente dos cursos da área da saúde, atua como disseminadora de informações. É fundamental chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce, pois ações dessa natureza podem salvar muitas vidas”, avalia.

 

No HUB, pacientes da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacom) tiveram um dia dedicado à valorização da autoestima, no último dia 8. Oficinas de amarração de lenço, maquiagem, sobrancelha, corte de cabelo, apresentações musicais e de dança, além campanha de arrecadação de lenços e cabelos para a confecção de perucas, marcaram o Dia da Beleza, organizado pela Liga de Combate ao Câncer.

 

A exposição fotográfica Quando você foi feliz pela primeira vez?, dedicada à temática, também está montada na Unacom até o dia 26 de outubro. As imagens registram histórias de superação de onze pacientes na luta contra a doença.

 

CUIDADOS – O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima a ocorrência de 59,7 mil novos casos de câncer de mama em 2018. O tumor é o segundo com maior prevalência entre as mulheres. Apesar de as taxas se manterem estáveis, se comparadas aos últimos anos, o número é ainda preocupante, principalmente se considerados os óbitos pela doença. “Infelizmente a taxa de mortalidade não tem se alterado – está entre 9 e 10 mil mortes –, o que é um número muito alto”, analisa a professora Fátima Voigt, da Faculdade de Medicina da UnB.

 

A docente observa um entrave para a redução da incidência e da mortalidade: a ausência de recursos públicos para garantir às mulheres o acesso a exames preventivos básicos. “Temos hoje na saúde pública grandes dificuldades de realizar a mamografia na população acima dos 50 anos, que deveria ser submetida anualmente ao exame”, alerta.

 

Carlos Marino, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e médico da especialidade no HUB, acredita que a conscientização da população é fundamental para que "ela passe a conhecer e exigir seus direitos, garantidos por lei, no que se refere à prevenção e ao rastreamento”.

 

O especialista adverte que, quando detectado precocemente, as chances de sucesso no tratamento do câncer de mama são maiores. “Quanto menor o tamanho do tumor, menos agressivo será o tratamento e com mais chances de cura, podendo alcançar até 95%. Atualmente, mais de 30% dos tumores são descobertos já em estágio avançado, o que diminui as chances da paciente na luta contra a doença”, alerta.

 

Por isso, ele recomenda a realização da mamografia em mulheres a partir dos 40 anos. Abaixo dessa faixa etária, o indicado é a avaliação regular com profissionais de saúde. Também é possível detectar sinais da doença por meio do autoexame da mama.

 

Alguns fatores de risco estão associados, como histórico familiar, gestação do primeiro filho após os 35 anos, ocorrência da primeira menstruação precoce – antes dos 12 anos – e da menopausa tardia – após os 50 anos –, incidência de mutações genéticas, além de gatilhos externos, como consumo excessivo de bebidas alcoólicas, sedentarismo e obesidade.

 

No entanto, algumas práticas saudáveis, como manter boa alimentação, realizar exercícios físicos com frequência e reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas, são medidas que auxiliam na prevenção. 

Sinais do câncer de mama devem ser monitorados. Diagnóstico precoce é grande aliado no processo de cura. Arte: Francisco George/Secom UnB

 

 

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