Família completa para prestigiar "um momento ímpar” na vida da servidora Maria da Glória da Silva. Ao lado das três filhas, da mãe e do neto, é assim que a técnica de laboratório descreve o momento vivido na cerimônia que coroou seus 42 anos de dedicação à UnB.
“Um reconhecimento que mostra a grandiosidade desta Universidade e a capacidade que ela tem de deixar sua marca registrada por várias gerações”, orgulha-se a homenageada. Ela integra o grupo de 216 servidores que receberam, na última quarta-feira (12), os troféus da cerimônia que premia o trabalho de professores e técnicos que por tanto tempo contribuíram para a construção da UnB.
Neste ano, o evento trouxe novidades. Além da tradicional categoria Prata da Casa – concedida às pessoas com 25 anos de instituição – somou-se à premiação a distinção Ouro da Casa, oferecida a quem atua na Universidade há mais de 40 anos. “Quatro décadas de dedicação é uma contribuição muito significativa. Homenagear esse tempo é reconhecer esses servidores como parte vital da UnB”, comenta Rômulo Siqueira, diretor de Capacitação, Desenvolvimento e Educação (Dcade/DGP).
“Sinto-me honrada ao ver minha mãe receber essa placa. Sua dedicação, competência e profissionalismo sempre foram referência para mim e para minha família. Passam por minha cabeça vários momentos e histórias. Somos muito gratos à UnB”, sorri Jéssica Borges. A filha de Maria da Glória afirma quase ter vindo ao mundo no laboratório da Faculdade de Medicina no qual a mãe trabalha. “Na época, minha mãe saiu daqui e foi direto para o Hospital Universitário, onde nasci”, relembra.
O auditório do Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo, estava lotado. Homenageados encontravam velhos conhecidos, contavam histórias e estampavam descontração e risadas. “Gratidão resume. É algo singelo, mas significativo para aqueles que dedicam sua vida à UnB”, declara Janne Cury, bibliotecária que em discurso representou os servidores técnicos com 25 anos de Universidade. “É a valorização das pessoas que fazem essa instituição”, completa o professor Paulo César de Jesus, também prata da casa.
O decano de Gestão de Pessoas, Carlos Mota, deu as boas-vindas. “Vocês carregam a memória da nossa Universidade. São nossos titãs.” Depois, um a um, técnicos e professores foram chamados para receber a placa, na qual constava o nome do servidor e os dizeres Orgulho de ser UnB e Parabéns pelos anos de dedicação. Os troféus foram entregues pela reitora Márcia Abrahão.
“É comum as pessoas trabalharem na UnB por muito tempo. Um amor que fazemos questão de cultivar. Que as novas gerações se espelhem nessas que aqui são homenageadas”, mira a reitora. “É na junção mágica entre trabalho, amor e dedicação que se constrói e reproduz essa belíssima família que compõe nossa instituição”, reforça o vice-reitor Enrique Huelva.
Os homenageados com a novidade ouro da casa também se emocionaram. “Nossa Universidade sensível, ouro desde que nasceu, sabe olhar para seu ouro. Um metal precioso, caro, não encontrado na superfície. Para achá-lo, é preciso escavação profunda”, declama a professora Enilde Faulstich, aplaudida pelos presentes.
“Chego aqui com mérito, nunca neguei fogo em trabalho nenhum. Uma vida inteira lotado no Instituto de Geociências, com um prazer enorme. E vou prosseguir, para o que der e vier”, destaca o técnico Sérgio Paulo Ferreira de Brito.
Os servidores que não puderam comparecer à cerimônia podem retirar a placa de ouro ou prata da casa na Diretoria de Capacitação, Desenvolvimento e Educação (Dcade/DGP), localizada no 1º andar do prédio da Reitoria, no campus Darcy Ribeiro.
PERSONAGENS – Orgulho, suor e amor são palavras que se repetem nas histórias de cada um dos homenageados. Além dos anos de dedicação, elas são o elo comum de trajetórias tão singulares e distintas. Bosco Dantas, servidor atualmente lotado na Diretoria de Serviços da Prefeitura (Diser/PRC), representa essa união entre trabalho e paixão pela casa. Ele completou 45 anos de UnB em outubro.
Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, chegou a Brasília em busca de oportunidades. Prestou concurso para a UnB em 1973 e, desde então, “segue lutando”. “Estarei sempre disposto a dar o sol e o sangue por essa Universidade. Aqui criei família, conheci minha primeira esposa, cultivei muitos amigos. Quero trabalhar hoje, amanhã e depois”, resume Bosco.
Luta também é a marca característica da biografia do professor Volnei Garrafa, docente do quadro ativo que por mais tempo está na UnB. Também com 45 anos de trabalho na instituição, atua na graduação e pós-graduação do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde (FS), pioneiro na área de Bioética.
“Cheguei aqui na ditadura militar, época muito difícil, com repressão fortíssima. Alunos meus foram expulsos, peguei invasões militares. Tive a honra de ser um dos 114 fundadores da associação dos docentes desta Universidade. Também já fui decano de Extensão, quando criamos polos de atuação em Ceilândia, Novo Gama, Pedregal, Céu Azul e Paranoá”, recorda.
O professor comemora a homenagem, pelo reconhecimento prestado e pela oportunidade de reencontrar pessoas queridas. “É uma alegria muito grande, a minha vida acadêmica e pessoal está aqui, um lugar pelo qual tenho muito carinho.”
Outra docente que não esconde o orgulho de ser parte da Universidade de Brasília é Amaralina Miranda. Ao comentar sobre sua entrada na UnB, alega ter recebido um presente do destino. A prata da casa chegou à Faculdade de Educação (FE) na década de 1990, cedida pelo Governo do Distrito Federal.
“A vida acadêmica, na época, não estava no meu horizonte. Minha perspectiva era trabalhar com psicologia clínica, minha área de formação. Por experiências profissionais voltadas a crianças com deficiência, uma docente daqui me convidou para atuar na formação de professores, com foco em educação inclusiva”, conta.
A Universidade a seduziu e Amaralina mergulhou de vez neste mundo. Continuou dando aulas na instituição, fazendo pesquisa e, tempos depois, ingressou efetivamente para o quadro de docentes, por meio de concurso público para o Departamento de Teoria e Fundamentos da FE. “O universo acadêmico é maravilhoso porque te abre possibilidades, te dá asas. Você quer saber e fazer mais. Sempre.”