A trajetória do docente Augusto Cesar Bittencourt Pires é bem mais extensa que o caminho entre os corredores do Instituto de Geociências (IG) e as escadas do auditório da Reitoria, lugar onde ele recebeu, nesta terça-feira (19), o título de professor emérito da Universidade de Brasília. Afinal, são quase quarenta anos dedicados à instituição.
Augusto Bittencourt se formou em Geologia na Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ) em 1968. Três anos mais tarde, especializou-se em Geologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 1975, concluiu o doutorado em Geofísica na Escola de Minas do Colorado, nos Estados Unidos. A outorga do título de emérito foi aprovada por aclamação na 449ª reunião do Consuni, em março de 2018.
Diante de uma plateia repleta de colegas de profissão, professores, familiares e amigos, Bittencourt lembrou o início de sua jornada na Universidade, que começou ainda tímida, com um contrato parcial de 12 horas semanais, no início dos anos 1980. A oportunidade de retomar a vida acadêmica surgiu de convite feito pelo também emérito Estevão Martins. “Embora pequeno, o grupo de Geologia na UnB era muito atuante e extremamente competente”, contou.
Concomitante às atividades de docente, Augusto Cesar também teve experiências em outros órgãos, destacando-se sua atuação no Senado Federal, no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), bem como em diversos órgãos de fomento: Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Foi somente em 2002 que o emérito passou a se dedicar integralmente à docência e à carreira científica. “Nunca me interessaram posições administrativas, mas sempre estive muito envolvido no ensino e na pesquisa”, confessou, assumindo a vocação.
Além de ter orientado diversos trabalhos de conclusão de curso na graduação, o docente também contribuiu com a formação de mais de 30 mestres e uma dezena de doutores. Aposentado desde 2012, ele continua atuando e colaborando com projetos de pesquisa no IG e confidenciou que tem conciliado a paixão pela pesquisa com o interesse por motocicletas e bicicletas.
O homenageado também compartilhou com o público presente na cerimônia o sonho de juventude: tornar-se piloto de avião. Seus planos mudaram quando, já estudante da Força Aérea Brasileira (FAB), ele não pôde seguir na carreira por problemas na visão. Segundo ele, o curso de Geologia estava na moda e lhe foi apresentado por um primo.
“O que me encantou foram as perspectivas de trabalho no campo”, enfatizou. Sua atuação na área foi tão significativa que ele ajudou a fundar a Sociedade Brasileira de Geofísica (SBGf), tendo sido o segundo presidente da entidade.
HOMENAGENS – “A generosidade e dedicação de quem soube escutar, elaborar, transferir e indicar novos trajetos para estudantes. Um profissional indiscutivelmente exemplar e mentor na vida profissional e também na pessoal”, sintetizou o professor e vice-diretor do IG, Weliton Borges, que proferiu o discurso de apresentação do agraciado.
Durante sua fala, ele expressou a importância de Augusto Bittencourt no estabelecimento do laboratório de Geofísica Aplicada, nos anos 1990. O estímulo para que os alunos empreendessem levou ainda à criação das três primeiras empresas de Geociência incubadas na UnB.
Além de apresentar o currículo do professor emérito, Weliton Borges integrou a comitiva especial formada para receber o novo homenageado da UnB. Também participaram os seguintes docentes: Adalene Moreira, decana de Pós-Graduação; Adriana Carmelo, coordenadora do curso de Geofísica; Roberta Vidotti, professora do IG; e Onildo João Marini e Roberto Moraes, aposentados.
Uma das ex-alunas de Augusto Bittencourt, a reitora Márcia Abrahão destacou que a entrega do título ao docente reforça a renovação da Universidade de Brasília desde a década de 1970. “Todo esse legado deixado pelo professor expressa sua contribuição para a qualidade do Instituto de Geociências”, salientou.
A reitora também lembrou o envolvimento do emérito na criação do curso de Geofísica, quando ela era vice-diretora do IG. “Implantamos mais uma graduação de excelência e ele fez questão de ser o primeiro coordenador e só se aposentar quando o curso estivesse definitivamente funcionando.”