O professor José Salomão David de Amorim recebeu, nesta terça-feira (26) das mãos da reitora Márcia Abrahão, a homenagem concedida àqueles docentes que atingem alto grau de projeção. A cerimônia, que aconteceu no auditório da reitoria, estava lotada de admiradores, familiares e colegas de profissão. “Abraçar o magistério como missão estaria no chamado vocacional desse jornalista. Não por coincidência, Amorim significa ‘aquele que ensina’”, destacou o jornalista e professor aposentado da UnB Luiz Martins, apresentando o homenageado da tarde.
O tom do discurso de Amorim foi firme, contextualizado com referências às ameaças aos direitos humanos e à educação. “Valores democráticos como o ensino público e os direitos humanos são valores dos quais não podemos abrir mão”, disse. Com professores e servidores compondo sua comitiva de honra, ele tinha os olhos cheios de água, em contida emoção.
A esposa de José Salomão, Sônia Naves Amorim, revelou porque admira a postura do marido: “Ele sempre demonstrou coerência com suas ideias ao longo da vida. Tem comprometimento com a justiça e a sociedade. Tenho muito orgulho”.
O comprometimento com a justiça está imbricado na vida do laureado, graduado em Direito e com posições de destaque no jornalismo. A criação da revista Veja e a atuação no Jornal da Tarde, de São Paulo, são dois destaques da carreira de José Salomão. Acreditando no projeto pedagógico vanguardista, ao vir para a Universidade de Brasília, abriu mão de ganhos salariais. No entanto, seu comprometimento com o pensamento comunicacional e a reestruturação do curso de Comunicação está marcado na memória de muita gente.
Ivoneide Brito, assistente de direção da Faculdade de Comunicação (FAC), foi uma das integrantes da comitiva de honra. Lotada na FAC desde 1990, ela afirma que “ele é uma pessoa muito agradável" e que se sentiu feliz por ter sido lembrada como referência da Faculdade de Comunicação, e honrada com o convite.
VIDA – Nascido no interior de Minas, Salomão conheceu a esposa na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); estão casados há mais de 50 anos. Atleticano, é apaixonado por futebol e não franze a testa nem para discussões sobre o esporte.
Não por acaso. Entre os colegas, é conhecido por ser uma pessoa tranquila, que prefere conviver em paz. “Teria sido um destacado diplomata não o tivesse convocado desde sempre o jornalismo”, acrescentou Martins, que foi o orador da cerimônia.
Com as melhores notas ao longo da vida, o percurso escolar lhe rendeu a alcunha de ser “o inteligente” de uma família com tradições libanesas e mineiras. Quando jovem, dava aulas particulares de várias matérias para quem precisava de reforço.
Militante de grupos católicos no passado, lecionou na UnB entre 1970 e 1993. Atuou na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), na Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa de Comunicação (Abpec) e foi fundador de uma das mais importantes entidades de pesquisa em Comunicação no continente, a Associação Latino-Americana de Investigadores em Comunicação (Alaic).
Um dos articuladores para o estabelecimento da Pós-Graduação em Comunicação na Universidade de Brasília, Amorim sempre defendeu a área como estratégica para o desenvolvimento humano, cultural e para a democratização política. Em seu discurso ressaltou “o escandaloso monopólio privado dos meios de comunicação” e alertou que, “se isso não mudar, a democracia não se concretizará.”