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Jaqueline Mesquita, do Departamento de Matemática, é uma das sete agraciadas. Ela pesquisa como as equações são capazes de descrever fenômenos naturais não instantâneos

Jaqueline Mesquista tem planos de incentivar o aumento da representatividade feminina nas ciências. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

A professora do Departamento de Matemática (MAT) da UnB Jaqueline Mesquita é uma das sete vencedoras do programa Para Mulheres na Ciência, promovido pela L’Oréal, em parceria com a Unesco no Brasil e com a Academia Brasileira de Ciências. A iniciativa valoriza jovens pesquisadoras de diversas áreas de atuação. A cerimônia de premiação ocorrerá em 10 de outubro, no Rio de Janeiro.

 

“Na área da matemática, é o único prêmio nacional voltado exclusivamente para mulheres. Ele traz reconhecimento e visibilidade da minha pesquisa para a comunidade acadêmica, representando forte incentivo para que eu continue a desenvolvê-la”, comemora Mesquita.

 

Sendo a matemática um campo com presença majoritariamente masculina, a docente acredita que o programa estimule a diversidade e equidade de gênero, que considera estar ainda longe do ideal. É uma forma de influenciar positivamente as jovens que querem ser cientistas, uma vez que “aumenta a representatividade, permitindo trazer essa realidade para próximo delas”.

 

As contempladas ganham uma bolsa-auxílio de 50 mil reais para a continuidade de seu trabalho. “Esse auxílio vem em um momento crucial e de forma determinante para que eu possa desenvolver minha pesquisa com excelência, dado o cenário atual de vários cortes à ciência do país”, contextualiza. 

As sete ganhadoras representam diferentes instituições e regiões do país. Foto: L’Oréal Brasil/Divulgação

 

Neste prêmio, Jaqueline é a única representante de todo o Centro-Oeste, mas não é a primeira vez que ela conquista reconhecimento pelo trabalho feito na Universidade de Brasília. Em 2018, ela passou a integrar o grupo de pesquisadores da Academia Mundial de Ciências. E em 2017, foi a única brasileira matemática escolhida entre candidatos do mundo inteiro para o Heidelberg Laureate Forum, na Alemanha.

 

CIÊNCIA BÁSICA – Com o foco nas equações diferenciais funcionais, a pesquisa de Jaqueline pode ser de difícil entendimento para quem não é da matemática, mas os estudos que desenvolve são importantes para várias áreas do conhecimento.

 

Essas fórmulas ajudam a descrever fenômenos que não ocorrem instantaneamente, mas que possuem um retardamento, ou seja, um lapso de tempo entre a causa e o efeito. “Um caso típico é quando um paciente ingere um medicamento e o efeito esperado não ocorre instantaneamente, mas somente após um certo tempo de sua ingestão”, esclarece.

 

Outras possibilidades de aplicação são a investigação do comportamento populacional de células cancerígenas ou ainda a construção de ferramentas para descrever modelos que envolvem flutuações cambiais no mercado. “Podemos ver no meio ambiente e em nosso cotidiano muitos exemplos. Essa área é relativamente nova na matemática e tem mostrado um grande potencial, com problemas em aberto.”

 

EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL – Contemplada com a bolsa Alexander von-Humboldt, Jaqueline Mesquita está na Alemanha, desenvolvendo pesquisa de pós-doutorado na Universidade Justus-Liebig, em Giessen. “Estou tendo a oportunidade de trabalhar com um dos maiores expoentes do mundo de equações diferenciais funcionais com retardamento, o professor Hans-Otto Walther”, revela.

Uma das preocupações de Jaqueline Mesquita é a crise orçamentária das principais agências de fomento à pesquisa e das universidades públicas brasileiras. Foto: L’Oréal Brasil/Divulgação

 

Com relação aos planos para quando voltar à UnB, a professora espera que a bagagem adquirida possa contribuir de forma mais eficaz à formação dos alunos, bem como ao aumento da internacionalização do Programa de Pós-Graduação em Matemática.

 

“Sinto-me extremamente estimulada e motivada com esse prêmio. Por isso, quero promover iniciativas que aumentem a representatividade feminina na matemática”, aponta.

 

Em sua opinião, os desafios são muito grandes e exigem um trabalho permanente para “desconstruir estereótipos impostos social e culturalmente e estimular o interesse pela área desde cedo, sobretudo nas meninas”.

 

Confira o vídeo de divulgação do prêmio (o depoimento da professora da UnB tem início aos 45 segundos):

 

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