A professora Maria Lúcia Leal, do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília, teve seu trabalho pioneiro na área dos direitos da criança e do adolescente reconhecido pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República.
Em cerimônia no Salão Nobre do Congresso Nacional, Maria Lúcia recebeu o Prêmio Neide Castanha, do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. A premiação ocorreu no dia 20 de maio.
O prêmio Neide Castanha foi criado para dar reconhecimento à produção de conhecimento, boas práticas e à importância da construção dos direitos humanos e da cidadania no Brasil em relação a crianças e adolescentes, destinado a instituições ou pessoas físicas.
A cerimônia acontece todos os anos em alusão ao Dia Nacional do Combate à Exploração Infantil, 18 de maio.
A entrega do prêmio contemplou cinco categorias: Boas Práticas, Cidadania, Conhecimento, Protagonismo de Crianças e Adolescentes e Responsabilidade Social. Maria Lúcia foi premiada na categoria Cidadania, que reconhece o trabalho de pessoas com destaque especial por ações, projetos ou atividades no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.
A docente recebeu o prêmio Cidadania pelo pioneirismo no trabalho de defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes em situação de violência sexual no Brasil. Maria Lúcia foi fundadora e coordenadora do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes, o CECRIA. Fundada em 1993, foi a primeira ONG do país importante na mobilização da rede nacional do combate à violência sexual.
Em 2002, a professora, junto a um grupo de pesquisadores e estudantes, criou o VIOLES, Grupo de Pesquisa sobre Tráfico de Pessoas, Violência e Exploração Sexual de Mulheres, Crianças e Adolescentes.
A iniciativa, coordenada pela docente, atua de forma multidisciplinar contemplando professores de várias áreas do conhecimento, discentes da graduação e pós-graduação da área do Serviço Social e de áreas afins.
“Desde 2002 temos desenvolvido pesquisas muito importantes para subsidiar normativas nacionais da infância e da área do tráfico de seres humanos e também subsidiar políticas públicas na área da exploração sexual no Brasil, em especial de crianças e adolescentes”, explica.
Maria Lúcia Leal também é coordenadora do Núcleo de Estudos da Infância e Juventude (Neji) do Ceam/UnB, desde 2009. Participa da Coordenação Colegiada da Rede Ibero-Americana (RIMA) de Prevenção e Cidadania de Pessoas (especialmente de mulheres e jovens) em Situação de Violação de Direitos, no contexto do Tráfico e da Exploração Sexual-RIMA, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal. É membro da comissão do Programa de Pós-Graduação em Política Social da UnB.
Para a docente, o prêmio significa muito para sua trajetória pelo reconhecimento do seu trabalho na construção dos direitos humanos de crianças e adolescentes. “Embora tenhamos ainda um grande caminho pela frente, estamos fazendo nossa parte no enfrentamento dessa questão social”, afirma.
“Nossos estudos, pesquisas e engajamento nessa luta colaboraram para implementar o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual e mesmo com todas as dificuldades, esbarrando no machismo, racismo, desigualdade sociais e na fragilidade das políticas sociais, mostramos que o Brasil avançou nesse combate”, completa.